Redação (Sexta-feira, 10-01-2014, Gaudium Press)
- Alguém que uma vez lavou as mãos diante de Nosso Senhor Jesus Cristo,
perguntou o que era a verdade. A mentalidade que este personagem
expressa com este questionamento sugere que ele faria também a mesma
pergunta do título do artigo opinativo do Diácono José Victorino de
Andrade, EP. Vejamos a opinião do Diácono no artigo que publicamos hoje:
O homem hodierno julgar-se-ia menos
moderno se não criticasse os antigos. Para ele, as verdades passaram a
possuir uma validade. As descobertas do passado foram ultrapassadas pelo
presente, e sofrerão reparos no futuro. Tudo é transitório. Apenas a
opinião alheia se enche de brios, pouco disposta a dialogar, ou pelo
menos, a reconhecer uma verdade exterior.
Consequentemente, muitos autores
contemporâneos, ao pretenderem apoderar-se da verdade, sentam-se em sua
cátedra embevecida de pretensões infalíveis, cujos escritos destilam os
seus próprios dogmas, muito distantes, por vezes, do mundo real. E
quanto mais escandalosos, provavelmente, mais publicitados e comentados.
As fátuas inverdades emanadas vão ao
encontro de homens ávidos de mudanças que transformem a sua existência,
consequência do vazio deixado pelo rechaço à metafísica e aos seus
interlocutores. Ao enveredarem por novas vias que criam uma ruptura com
as antigas, aderem facilmente a novos projetos que lhes tragam uma
libertação dos velhos preconceitos éticos.
Numa cultura hedonista, na qual a igreja
foi substituída pelo shopping, a beleza da virtude pela estética
corporal, o jejum e a penitência pela dieta e o suor no ginásio, uma
religião de dogmas e prescrições morais só poderia surgir ao pensamento
contemporâneo como algo ultrapassado, impositivo, que asfixia a própria
pretensão de verdade.
Assim, nega-se a verdade na sua
transcendência absoluta, da qual dimanam todas as demais, e corre-se o
sério risco de "panteistizá-la". Todos com a verdade, e a verdade com
todos. Se tudo é verdade, terá sentido o próprio termo? Como convidar o
homem a sair de si, e dos seus preconceitos recentemente criados, a
esmo, conforme o cardápio apresentado por verdades relativizadas,
engolidas sem mastigar, que o empanturram de critérios pouco judiciosos,
assimilados com a mesma rapidez com que muda o canal da TV?
A resposta não é uma verdade abstrata,
mas uma pessoa concreta: Jesus Cristo, a "Palavra eterna que se exprime
na criação e comunica na história da salvação" (Verbum Domini n. 11).
Para o cristão, a Verdade absoluta, Deus, encarnou e fez-se homem (Cf.
Jo 1, 14), possui um rosto - "Quem me vê, vê o Pai" (Jo 14, 9) - e um
nome, não havendo debaixo do céu salvação em nenhum outro (Cf. At. 4,
12). Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Cf. Jo 14, 6). Esta é a grande
novidade do cristianismo, um Deus pessoal, não distante, que entra na
História.
Como renunciar Àquele que possui palavras de vida eterna (cf. Jo 6, 68), e trocá-las por palavras humanas, levadas e esquecidas pelo tempo, ou superadas por uma nova erudição ou pensamento falível? Em Jesus, "a Palavra não se exprime primariamente num discurso, em conceitos ou regras; mas vemo-nos colocados diante da própria pessoa de Jesus. A sua história, única e singular, é a palavra definitiva que Deus diz à humanidade" (VD n.11). Esta, excede toda e qualquer capacidade intelectual humana que "com as suas próprias capacidades racionais e imaginação, jamais teria podido conceber" (Loc. Cit.).
Como renunciar Àquele que possui palavras de vida eterna (cf. Jo 6, 68), e trocá-las por palavras humanas, levadas e esquecidas pelo tempo, ou superadas por uma nova erudição ou pensamento falível? Em Jesus, "a Palavra não se exprime primariamente num discurso, em conceitos ou regras; mas vemo-nos colocados diante da própria pessoa de Jesus. A sua história, única e singular, é a palavra definitiva que Deus diz à humanidade" (VD n.11). Esta, excede toda e qualquer capacidade intelectual humana que "com as suas próprias capacidades racionais e imaginação, jamais teria podido conceber" (Loc. Cit.).
Como chegarmos à conclusão de que não
nos enganamos? São João é nossa testemunha: "‘Nós vimos a sua glória,
glória que Lhe vem do Pai, como Filho único cheio de graça e de verdade'
(Jo 1, 14b). A fé apostólica testemunha que a Palavra eterna Se fez Um
de nós" (VD n. 11). Apenas a Revelação poderia trazer uma verdade plena
que orientasse os homens em sua peregrinação terrena e os levasse a um
seguro conhecimento, tanto quanto possível à sua natureza limitada.
Descobrimos assim que a verdade não é
abstracta, variável, limitada, mas que é o próprio Deus encarnado, que
entrando na história concreta dos homens, com Palavras de vida eterna,
orienta-os na sua peregrinação terrena, convidando-os a conformar a sua
vida à luz da Revelação.
Por Diácono José Victorino de Andrade, EP
Nenhum comentário:
Postar um comentário