segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ser designado cardeal não significa uma promoção, diz Papa Francisco

Pontífice anunciou na véspera 19 cardeais a serem nomeados em fevereiro. Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, está entre eles.

Do G1, em São Paulo

O Papa Francisco durante encontro com os embaixadores da Santa Sé, nesta segunda-feira (13), no Vaticano (Foto: L'Osservatore Romano/AP) 
O Papa Francisco durante encontro com os embaixadores da Santa Sé, nesta segunda-feira (13), no Vaticano (Foto: L'Osservatore Romano/AP)
O Papa Francisco lembrou aos 19 futuros cardeais, que serão nomeados em 22 de fevereiro, que sua designação "não significa uma promoção, uma honra ou uma condecoração".
Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, é um dos 19 anunciados no domingo.
Em carta enviada aos novos purpurados e que foi divulgada nesta segunda-feira (13) pelo Vaticano, Francisco afirma que ser eleito cardeal "simplesmente é um serviço que exige ampliar a visão e engrandecer o coração".
Para "olhar mais longe, amar mais universalmente e com maior intensidade", sugeriu Francisco, o caminho é "prostrar-se, sendo humildes e se convertendo em servidores".
O Papa pediu aos novos cardeais que recebam a designação "com o coração simples e humilde" e que "se afastem de qualquer expressão mundana ou festejos que não sejam os do espírito evangélico, baseados na austeridade, na sobriedade e na pobreza".
O Papa conseguiu manter em segredo suas escolhas até o anúncio dos 19 novos cardeais, o que é um desafio para o Vaticano.
Ele privilegiou a igreja da América Latina com a designação no domingo de seis cardeais da região.
O sumo pontífice fez o anúncio ao término do Angelus dominical a partir da janela do Palácio Apostólico diante dos milhares de peregrinos presentes na Praça de São Pedro.
A maioria dos novos cardeais é proveniente da periferia do mundo e respeitam a vontade do primeiro papa latino-americano de privilegiar uma igreja "pobre para os pobres", humilde e próxima do povo.
Com estas designações, o Papa modifica, sem chegar a revolucionar, os equilíbrios internos do Colégio Cardinalício, órgão mais importante da Igreja, ao torná-lo menos eurocentrista.
Os arcebispos de Costa do Marfim, Burkina Faso, Filipinas, Haiti escolhidos, expressaram grande alegria e surpresa. Alguns disseram que nada sabiam antes do anúncio.
Pouco conhecidos, é o seu compromisso em um ambiente difícil que foi reconhecido, como no Haiti, onde o bispo Chibly Langlois, de 55 anos, tornou-se o primeiro cardeal do Haiti.
O vaticanista Marco Tosatti lamentou a ausência do arcebispo André Léonard, arcebispo de Bruxelas, personagem forte da Igreja belga, em um momento muito difícil para ela.
A divisão hemisférica no colégio eleitoral não sofreu profundas transformações.
Após o consistório de novembro de 2012, o último de Bento XVI, 62 cardeais eram europeus, mais da metade dos 120 eleitores. Ele também tinha 14 cardeais da América do Norte e 21 da América Latina, 11 africanos, 11 da Ásia e um da Oceania.
Após o consistório de 22 de fevereiro, dos 122 cardeais eleitores, 61 serão europeus. A América Latina terá 19 cardeais, a América do Norte 15 e a África 13. Treze outros cardeais virão da Ásia e um da Oceania.

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