A fé é uma virtude sobrenatural pela qual acreditamos firmemente,
por autoridade da palavra de Deus, todas as verdades que ele nos revelou
ou que a Igreja nos ensina por parte dele.
A Fé é chamada virtude por ser, com efeito, uma inclinação, um hábito
da alma, que leva ao bem; sobrenatural porque não se pode adquirir nem
praticar com as únicas forças humanas, senão que é formada em nós pela
graça e tende para um bem não terrestre e natural, e sim espiritual e
eterno.
Esta disposição, – como a da Esperança e da Caridade, – se nos
comunica no batismo. Pela Fé, cremos firmemente, isto é, sem dúvida
alguma, todas as verdades reveladas por Deus e ensinadas pela Igreja e
se as cremos, é pela autoridade da palavra de Deus, isto é, nós nos
firmamos na verdade de Deus que não pode iludir-se nem enganar-nos. O
testemunho que dá o homem pode falhar, o de Deus é infalível, e nisto
funda-se a certidão absoluta da fé dos cristãos.
–– Será a Fé necessária à salvação, e quais são as verdades que
devemos mais circunstancialmente conhecer e acreditar para sermos
salvos?
I. Sim, a Fé é absolutamente necessária à salvação. “Sem ele, diz são
Paulo, é impossível agradarmos a Deus” (Heb XI, 6) e portanto
alcançarmos o Céu.
Segundo reza o Concílio de Trento, ela é o fundamento e a raiz da
justificação. Sem a Fé, não se pode obter o perdão e chegar à glória.
II. O objeto da Fé, é o conjunto das verdades reveladas. Porém, não
há necessidade de acreditar da mesma maneira todas as verdades da Fé.
Umas, devemos crer explicitamente, isto é, em particular e nos
pormenores; outras, basta crê-las implicitamente, isto é, em geral. Se
eu disser por exemplo: “ Eu creio tudo quanto crê e ensina a Santa
Igreja”, faço um ato de Fé implícita em todos os dogmas revelados por
Deus.
Esta Fé geral, porém, não é suficiente. Há verdades que o cristão
deve crer de modo explícito e particular, as quais, portanto ele tem de
conhecer detalhadamente. Neste número incluem-se:
1º A existência de um único Deus que tudo criou e tudo governa por sua Providência;
2º A existência da alma imortal e de uma vida futura, onde Deus
recompensa os bons e castiga os maus: portanto, certeza do Céu e do
Inferno;
3º É necessário também conhecer e crer os três principais mistérios
de nossa Santa Religião: a Trindade, a Encarnação e a Redenção.
Para o cristão é também dever, ainda que não tão rigoroso talvez,
contudo grave: 1º conhecer e crer os artigos do Símbolo (Credo); 2º
Saber , ao menos quanto às idéias, a Oração dominical, os Mandamentos da
lei de Deus e da Igreja; 3º saber e crer o que ensina a Igreja a
respeito dos Sacramentos já recebidos ou por receber, e enfim conhecer
as disposições requeridas para a sua conveniente e digna recepção.
Acrescentemos ainda, que não basta ter a fé interior, isto é, a que
reside no coração; mas é necessário às vezes professa-la exteriormente
por nossas palavras e por nossos atos. Nosso Senhor declara que há de
renegar perante o seu Pai os que o tiverem renegado perante os homens(Mt
X, 32). Ora, esta obrigação de professar exteriormente a fé existe
sempre que o silêncio ou a abstenção havia de ser uma injúria a Deus ou à
religião, ou dar ao próximo escândalo grave.
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