terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A Tentação de Santo Antão no Deserto - Questão de Fé

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Mas o que odeia o bem, o Inimigo assombrado de que depois de todos os golpes ainda tivesse valor para voltar, chamou seus cães e arrebatado de raiva disse: “Vejam vocês que não pudemos deter esse tipo nem com o espírito de fornicação nem com os golpes; ao contrário, chega até a desafiar-nos. Vamos proceder contra ele de outro modo”.
A função de malfeitor não é difícil para o demônio. Essa noite, por isso, fizeram tal estrépito que o lugar parecia sacudido por um terremoto. 
Era como se os demônios abrissem passagens pelas quatro paredes do recinto, invadindo impetuosamente através delas em forma de bestas ferozes e répteis.
De repente todo o lugar se encheu de imagens fantasmagóricas de leões, ursos, leopardos, touros, serpentes, víboras, escorpiões e lobos; cada qual se movia segundo o exemplar que havia assumido.
O leão rugia, pronto a saltar sobre ele; o touro, quase a atravessá-lo com os chifres; a serpente retorcia-se sem o alcançar completamente; o lobo acometia-o de frente. E a gritaria armada simultaneamente por todas essas aparições era espantosa, e a fúria que mostravam, feroz.
Antão, atormentado e pungido por eles, sentia aumentar a dor em seu corpo; no entanto, permanecia sem medo e com o espírito vigilante.
Gemia, é verdade, pela dor que atormentava seu corpo, mas a mente era senhora da situação e, como por debique, dizia-lhes:
“Se tivessem poder sobre mim, teria bastado que viesse um só de vocês; mas o Senhor lhes tirou a força e por isso se esforçam em fazer-me perder o juízo com seu número; é sinal de fraqueza terem de imitar animais ferozes”.
De novo teve a valentia de dizer-lhes:
“Se é que podem, se é que receberam poder sobre mim, não se demorem, venham ao ataque! E se nada podem, para que esforçar-se tanto sem nenhum fim? Porque a fé em Nosso Senhor é selo para nós e muro de salvação”.
Assim, depois de haver intentado muitas argúcias, rangeram os dentes contra ele, porque eram eles próprios que estavam ficando loucos e não ele.
De novo o Senhor não se esqueceu de Antão em sua luta, mas veio ajudá-lo. Pois quando olhou para cima, viu como se o teto se abrisse e um raio de luz baixasse até ele. Foram-se os demônios de repente, cessou-lhe a dor do corpo, e o edifício estava restaurado como antes.
Notando que a ajuda chegara, Antão respirou livremente e sentiu-se aliviado de suas dores. E perguntou à visão: “onde estavas tu? Por que não aparecestes no começo para deter minhas dores?”
E uma voz lhe falou: “Antão, eu estava aqui, mas esperava ver-te enquanto agias. E agora, porque agüentaste sem te renderes, serei sempre teu auxílio e te tornarei famoso em toda parte”.
Ouvindo isto, levantou-se e orou: e ficou tão fortalecido que sentiu seu corpo mais vigoroso que antes.

Retirado de:  ”Vida de Santo Antão” – Santo Atanásio,  pagina 22.
Fonte: cordasursu.blogspot - aascj.org.br

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