ihu - O Dia de São Patrício
está tão associado com o catolicismo romano quanto o é com os
americanos descendentes de irlandeses, mas neste ano alguns dos fiéis
não ficaram felizes com a inclusão de gays e lésbicas que marcharam,
pela primeira vez com um banner próprio deles, nos desfiles de Boston e de Nova York.
A reportagem é de David Gibson, publicada pelo Religion News Service, 16-03-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Pela primeira vez no domingo, 15 de março, membros do OutVets, grupo de ex-combatentes militares gays, marcharam no desfilo do Dia de São Patrício, no sul de Boston. A eles se juntou o deputado republicano Seth Moulton, ao centro. (AP Foto/Steven Senne)
Os Cavaleiros de Colombo, de Massachusetts, e uma escola católica local não aceitaram participar no desfile em Boston nesse domingo (15 de março) depois que dois grupos LGBTs – o OutVets e o Boston Pride – marcharam após décadas de lobby e batalhas judiciais.
“O venerável nome deste santo não deveria ser apropriado desta forma
tão barata por políticos teoricamente católicos e organizações
anticatólicas”, disse C.J. Doyle, presidente da Catholic Action League e líder da oposição.
O desfilo de Nova York acontece na 5ª Avenida, nesta terça-feira (17 de março), dia em que se comemora a festa de São Patrício, e o Cardeal Timothy Dolan está recebendo pedidos por parte de católicos conservadores para não participar como Mestre de Cerimônias porque um grupo LGBT estará desfilando no evento.
Quando a NBC (rede de tevê que transmite o evento) primeiramente anunciou, em setembro passado, que uma organização de LGBTs estaria marchando, Dolan manifestou apoio aos organizadores do desfile e rezou para que “o evento continue a ser uma fonte de unidade para todos nós”.
Os críticos não pouparam Dolan por sua postura, e têm intensificado os seus esforços na medida em que o dia se aproxima.
“Agora não pode haver dúvida: Timothy Dolan foi feito de otário pelos organizadores do desfile comemorativo ao Dia de São Patrício, aqui em Nova York. Ele deve renunciar o papel de Grão-Mestre de Cerimônias”, escreveu Matthew Hennessey no website da revista conservadora católica Crisis.
“Ao liderar a procissão, ele abençoa inteiramente este caso vergonhoso”, concluiu.
Por outro lado, alguns defensores dos direitos dos gays e lésbicas,
bem como alguns simpatizantes, estão intensificando os protestos para
este dia, dizendo que mais e mais grupos gays deveriam se fazer
presentes no evento em Manhattan.
“É claro que a decisão do ano passado foi apenas para aplacar os patrocinadores do desfile”, disse Rosie Mendez, que é membro do Conselho Municipal da Cidade de Nova York. “Até que os meus irmãos e irmãs gays irlandeses possam participar deste desfile, eu não estarei marchando”.
O prefeito Bill de Blasio disse, no começo deste mês, que iria boicotar o desfile se não fossem incluídos mais grupos LGBTs; em protesto, de Blasio não marchou no ano passado.
“Precisamos de algo mais para que realmente tenhamos certeza de que
viramos esta página. Muitas pessoas acham – e com razão – que isto que
conseguimos é uma mudança muito pequena para merecer a nossa
participação”, acrescentou de Blasio.
Enquanto isso no estado da Virginia, o pastor de uma paróquia católica em Norfolk rompeu os laços com o conselho local dos Cavaleiros de Colombo depois que o grupo escolheu o governador Terry McAuliffe para ser o Grão-Mestre de Cerimônias do desfile. McAuliffe é católico e apoia o direito ao aborto e a casamento homoafetivo.
O Rev. Dan Beeman, da comunidade Holy Trinity, em Norfolk,
disse aos paroquianos, em 8 de março, que “ficou perplexo quando soube
que os Cavaleiros (...) decidiram homenagear o governador”.
Os dois bispos católicos da Virginia, Dom Francis DiLorenzo (da Diocese de Richmond) e Dom Paul Loverde (da Diocese de Arlington), publicaram uma declaração conjunta apoiando a postura do Rev. Beeman.
Nenhum comentário:
Postar um comentário