segunda-feira, 2 de março de 2015

Papa Francisco ataca 'cultura do descartável' da globalização em discurso

Ao falar para a Associação de Movimentos Cooperativos Italianos, ele ressaltou "crescimento vertiginoso do desemprego."


por oglobo
Papa discursa para a associação de movimentos cooperativos italianos - Riccardo De Luca / AP


ROMA - O Papa Francisco fez um novo ataque à injustiça econômica neste sábado, condenando a "cultura do descartável" da globalização e pedindo novas maneiras de se pensar sobre pobreza, assistência social, emprego e sociedade.

Em um discurso para a Associação de Movimentos Cooperativos Italianos, ele ressaltou o "crescimento vertiginoso do desemprego" e os problemas que os sistemas de assistência social existentes tiveram para atender às necessidades da saúde pública.
Para aqueles que vivem "nas margens existenciais" o sistema atual político e social "parece estar fatalmente destinado a sufocar a esperança e aumentar os riscos e ameaças", afirmou.
O Papa, de origem argentina, que tem frequentemente criticado a economia de mercado ortodoxa de estimular a injustiça e desigualdade, disse que as pessoas são forçadas a trabalhar longas horas, às vezes na economia paralela, por algumas centenas de euros por mês, porque elas são vistas como facilmente substituíveis.
- 'Você não está gostando disso? Então vá para casa'. O que se pode fazer em um mundo que funciona assim? Porque há uma fila de pessoas procurando trabalho. Se você não gostar disso, outra pessoa gostará - disse, em uma mudança espontânea no texto do seu discurso. - É a fome, a fome que nos faz aceitar o que eles nos dão - acrescentou.
O papa Francisco disse ao seu público que eles podem ajudar a buscar novos modelos e métodos que poderiam ser um modelo alternativo para a "cultura do descartável, criada pelas potências que controlam as políticas econômicas e financeiras do mundo globalizado".
Talvez atento a um escândalo de corrupção abrangente ligado a algumas cooperativas em Roma, no ano passado, ele atacou aqueles que "prostituem o nome cooperativa".
Mas sua mensagem geral foi de que a lógica econômica tinha que ser secundária às maiores necessidades da sociedade humana.
- Quando o dinheiro se torna um ídolo, ele comanda as escolhas do homem. E assim ele arruína o homem e o condena. Faz dele um escravo - disse o papa.
- O dinheiro a serviço da vida pode ser administrado de maneira certa por cooperativas, com a condição que se trate de uma cooperativa real, onde o capital não tem comando sobre os homens, mas sim os homens sobre o capital - reforçou.

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