Mariam Bawardi e Maria Alfonsina são primeiras santas palestinas modernas.
Cerimônia envia sinal de apoio a comunidades cristãs no Oriente Médio.
Papa Francisco abençoa cristãos na praça São Pedro, no Vaticano, durante cerimônia de beatificação de palestinas (Foto: Alessandra Tarantino/AP)
O papa Francisco canonizou neste domingo (17) no Vaticano as duas primeiras santas palestinas da época moderna. A cerimônia serviu como mensagem de esperança para o Oriente Médio.
"Inspirando-se no exemplo de misericórdia, da caridade e da
reconciliação (do Senhor), que os cristãos olhem com esperança em
direção ao futuro, seguindo o caminho da solidariedade e da convivência
fraterna", afirmou o pontífice.
O pontífice pronunciou a reza na Praça de São Pedro do Vaticano, e não
da janela do Palácio Apostólico, como costuma fazer aos domingos, porque
foram levadas ao altar as primeiras santas palestinas da época moderna.
As canonizadas foram a irmã carmelita Santa Maria de Jesus Crucificado,
cujo nome original era Mariam Bawardi (1846-1878), e Santa Maria
Alfonsina (1843-1927), Maria Alfonsina Ghattas, que ajudou a fundar a
Congregação das Irmãs do Rosário de Jerusalém.
Essas duas palestinas fizeram parte do grupo de quatro beatas que a
partir deste domingo são santas. As outras duas eram Jeanne Emilie de
Villeneuve, da França, e Maria Cristina Brando da Imaculada Conceição,
da Itália.
A cerimônia começou às 10h locais (5h em Brasília) na praça vaticana, onde se reuniram mais de duas mil pessoas que saíram de Palestina, Jordânia e Israel.
O ato também contou com a presença do presidente da Autoridade Nacional
Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e do patriarca latino de Jerusalém,
Fouad Twal, além de muitos fiéis de outros lugares do mundo.
No início da manhã, centenas de pessoas começaram a chegar à Praça de
São Pedro para ficar o mais perto possível do altar de onde o papa
celebrou a cerimônia.
As bandeiras palestinas tremularam ininterruptamente e encheram de cor a
praça junto com o amarelo e o branco, cores da bandeira do Vaticano.
Quase 24 minutos depois do início do ato os nomes das quatro santas
foram pronunciados. As religiosas, já canonizadas, foram elogiadas pelo
papa Francisco.
O pontífice ressaltou de Mariam Bawardi que "a docilidade ao Espírito
Santo a fez instrumento de encontro e comunhão com o mundo muçulmano".
Em relação a Maria Alfonsina, afirmou que foi "exemplo de quão
importante nos responsabilizarmos pelos outros, viver ao serviço uns dos
outros", enquanto destacou de De Villeneuve e Brando o amor e a entrega
a Deus.
A cerimônia deste domingo foi um ato que serviu como mensagem de
esperança e amor para o Oriente Médio, e também uma tentativa de ajudar a
estimular a paz entre Israel e Palestina.
Com esta cerimônia, a Igreja Católica enviou um sinal de apoio também
às comunidades cristãs no Oriente Médio que viram muitos parentes,
amigos ou conhecidos cristãos emigrarem nos últimos tempos para outras
regiões do mundo.
"Muitos emigraram, a presença cristã na Palestina na atualidade pode
ser de 2%, mas também há cristãos árabes em Israel", afirmou
recentemente o diretor do Centro Católico Estudos e Meios de Comunicação
de Amã, Rifaat Bared.
A canonização marcou o fim da visita de três dias de Abbas à Itália,
onde se reuniu com o primeiro-ministro, Matteo Renzi; com o presidente,
Sergio Mattarella; e com o papa Francisco.
Abbas se reuniu com o pontífice no sábado (16) no Vaticano, onde
compartilharam o interesse de chegar à paz com Israel e também
conversaram sobre o acordo anunciado pelo Vaticano com "o Estado da
Palestina", que apoia a solução de "dois Estados" e que poderia ajudar
no reconhecimento de uma Palestina "independente".
Neste encontro no Vaticano, o papa presenteou Abbas com uma medalha que simboliza o "anjo da paz".
Ao término da cerimônia de canonização neste domingo, ambos os líderes
voltaram a se cumprimentar e conversaram por breves instantes.
Papa
Francisco abençoa cristãos na praça São Pedro, no Vaticano, durante
cerimônia de beatificação de palestinas (Foto: Alessandra Tarantino/AP)
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