Por Mathias von Gersdorff (*)
Os cardeais Kasper e Marx |
Roma, 23 de outubro de 2015 – Katholisch.de., o portal internet da Conferência Episcopal Alemã, noticia depois da publicação do terceiro relatório dos grupos linguísticos (circoli minori)
que o cardeal Kasper teria conseguido por fim impor sua vontade ao
grupo de língua alemã. Essa interpretação é bastante generosa em
relação ao cardeal Kasper. Pode-se apenas dizer que suas propostas não
pertencem definitivamente ao passado.
O portal internet da Conferência Episcopal Alemã (CEA) quase não
menciona o fato de que as propostas do cardeal alemão encontram pouca
simpatia. Com efeito, somente uma minoria dos grupos linguísticos
mencionou a problemática dos divorciados recasados em seus relatórios. E
o tema da homossexualidade praticamente não foi abordado.
A delegação da CEA, que pertence em bloco ao campo progressista e que
apoiou também em bloco as propostas do cardeal Walter Kasper, espera
que agora a comissão de redação do relatório final (relatio finale)
redija um texto que contenha, apesar de tudo, as extravagantes teses do
referido cardeal. Há fundamento para essa suposição, uma vez que a
comissão é composta majoritariamente por adeptos dele.
Entretanto, um texto bastante fora da pista teria um efeito muito
negativo. É mais provável que seja redigido um relatório esponjoso e
ambíguo em diversas passagens, que poderia ser interpretado a seu
bel-prazer pelos bispos locais.
Caso isso aconteça, coloca-se então a pergunta de como o cardeal Marx & Cia. vão reagir.
Uma possibilidade seria a escolha de uma via especial. Eles interpretariam o texto segundo sua concepção liberal-progressista e tentariam impô-lo.
E, pode-se supor, não ficariam apenas na questão dos divorciados
recasados, mas, com o passar do tempo, realizariam toda a agenda da
revolução sexual: admissão à comunhão de todas as formas possíveis
de “identidades sexuais”, bênção de todas as formas de parcerias,
aceitação dos meios de contracepção artificiais etc.
A delegação alemã ao Sínodo da Família deixou várias vezes claro que está agindo no sentido da revolução sexual.
Um modo de levar a cabo essa revolução de caráter teológico-moral
poderia ser inicialmente a publicação de um documento concedendo larga
autonomia à consciência individual. No fundo seria uma espécie de
ampliação da Declaração de Königstein para todos os pontos da agenda da revolução sexual segundo as máximas do movimento da Sorbonne de 1968.
Em um segundo documento seria argumentado que a Igreja deveria ver
o que há de positivo em todas as parcerias existentes, para
acompanhá-las “pastoralmente”, sem criticá-las.
A questão decisiva é saber até quando o Papa e o Vaticano participariam deste jogo.
Roma agiu nas últimas décadas segundo o princípio de que é preciso
ser paciente e compreensivo, intervindo apenas em situações extremas.
O heresiarca Lutero queima a bula em 1520 |
Mas semelhante estratégia não é infalível. Também no século XVI se pensava que as coisas não ficariam tão ruins assim. Contudo, chegou-se a um ponto onde não houve mais volta atrás: com a queima por Lutero da Bula de Excomunhão, iniciou-se um processo que conduziu à separação final.
Naturalmente esperamos que não se chegue a esse ponto. Mas não podemos fechar os olhos para o fato de que muitos de nossos bispos estão brincando com o fogo.
Tradução do original alemão por Renato Murta de Vasconcelos
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jbpsverdade: O que nos ensina o Catecismo da Igreja? Vejamos: 769. «A Igreja [...] só na glória
celeste alcançará a sua realização acabada»
(185), quando do regresso glorioso de Cristo. Até esse dia, «a Igreja avança
na sua
peregrinação por entre as perseguições do mundo e das consolações de
Deus» (186). Vivendo na terra, ela tem consciência de viver no exílio,
longe do Senhor (187) e suspira pelo advento do Reino em plenitude, pela
hora em que «espera e
deseja juntar-se ao seu Rei na glória» (188). A consumação da Igreja – e
através
dela, do mundo – na glória, não se fará sem grandes provações. Só então é
que
«todos os justos, desde Adão, "desde o justo Abel até ao último eleito",
se
encontrarão reunidos na Igreja universal junto do Pai» (186)
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