segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O salmo dos carecas

Por Dom José Maria Maimone*

Agradeço a Deus que me ama muito e me dá a alegria de crer no seu amor e perdão.

 

Por maiores que sejam nossos pecados, devemos adquirir a certeza de que o amor de Deus é maior do que eles.


Salmo 39 (40)

Creio que esse título deixará muita gente curiosa. Decidi dar esse título ao salmo 39 por causa do versículo 13 que diz: “Meus pecados são mais numerosos do que os cabelos de minha cabeça e acabam me roubando a paz e a coragem”.
E eu fico imaginando a alegria dos carecas quando rezam estas palavras. Em contraposição, imagino o desespero dos que têm cabelos muito abundantes.
Sei que essa minha imaginação não tem nada de teológico, mas isso não impede a alegria de uns e sofrimento de outros.
Olhando de um modo mais sério este salmo exalta o amor infinito de Deus. Amor que se traduz em perdão. Por maiores que sejam nossos pecados, devemos adquirir a certeza de que o amor de Deus é muito maior do que eles.
O amor de Deus é maior que o amor de mãe, tão decantado. Já dizia outro salmo: “Ainda que meu pai e minha mãe me desamparem, sei que o Senhor sempre me acolherá” (Sl 26, 10).
De maneira semelhante este salmo repete a mesma verdade: “Sei que o Senhor nunca me abandonará. Ele me ama e sempre é bom para comigo” (39, 12).
Há outra coisa que chama muito a minha atenção. Sabemos que no Antigo Testamento é dado um enorme valor aos sacrifícios de animais para a remissão dos pecados. Os animais sacrificados, especialmente os cordeiros, são figuras de Jesus sacrificado pelos nossos pecados.
Este salmo (que também é AT) traz uma luz que só se torna clara no Novo Testamento: “O Senhor me fez entender que não lhe agradam os sacrifícios de animais e a oferta de cereais; jamais me pediu que queimasse animais em seu altar, para a remissão dos meus pecados” (39, 7).
Nesse trecho do NT, o autor sagrado nos ajuda a entender o versículo citado acima: “Pois o sangue de touros e carneiros não tem poder algum para tirar os pecados de alguém. É por isso que Cristo ao entrar no mundo diz ao Pai: ‘Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me deste assumir um corpo. Não te foram agradáveis os holocaustos de animais queimados inteiros no altar, pelos pecados! E acrescentou estas palavras o livro sagrado: ‘Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’. (Sl 39, 7-9)” (Hb 10, 4-7).
Concluo esta reflexão agradecendo a Deus que me ama muito e me dá a alegria de crer no seu amor e perdão.
Cito apenas o último versículo do salmo que coroa estes pensamentos: “Eu sou pobre e miserável, mas o Senhor pensa em mim com carinho. Por isso lhe digo: Vós sois o meu protetor e libertador. Ó Senhor, vinde logo em meu auxílio!” (39, 18).


CNBB 17-11-2015

*Dom José Maria Maimone é bispo de Umuarama (PR).

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