HÁ MAIS DE TRÊS anos, publicamos um alerta (veja aqui) quanto a uma heresia contida no best seller
do jornalista Rodrigo Alvarez, intitulado “Aparecida – a biografia da
Santa que perdeu a cabeça, ficou negra, foi roubada, cobiçada pelos
políticos e conquistou o Brasil” (Globo, 2014). À época do lançamento,
este livro foi amplamente divulgado na grande mídia, e promovido também
em ambientes católicos.O problema maior, de fato, não estava no erro doutrinal fundamental
contido no livro, já que não se trata de uma obra catequética ou
teológica, mas sim no fato de o autor apresentar este erro –, esta grave
heresia –, como se fosse um "dogma católico", aprovado e reconhecido
pelo Vaticano.
Em meados do ano passado (2017), houve um relançamento do mesmo livro
"em edição revista e ampliada", e eu pude constatar que o mesmo e
gritante absurdo continuava constando, à sua página 81, capítulo 10
('Maria da Conceição'). Reproduzo abaixo o trecho em questão:
“...um dogma que o Vaticano só reconheceria em definitivo mais de duzentos anos depois: a Imaculada Conceição de Maria, a suposição de que a mãe de Jesus teria sido concebida por um desejo divino, sem que sua mãe tivesse relações sexuais com seu pai.”
Sim, um tremendo absurdo teológico; uma informação completamente falsa
e, insisto, para os católicos, herética. Se o jornalista não tinha
conhecimento a respeito do dogma, deveria silenciar ou, melhor, procurar
informar-se corretamente. O dogma da Imaculada Conceição diz algo bem
diferente, que já vimos por aqui:
“A Santíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, foi, por singular Graça e Privilégio de Deus Onipotente, em previsão dos Méritos de Cristo Jesus, Salvador do gênero humano, preservada imune de toda mancha de culpa original (...)” (veja o texto integral).
Antes de publicar o artigo, eu havia já tentado contato com o autor e
enviado mensagens para a editora Globo, via e-mail, Facebook e chat,
sem obter resposta alguma. Depois de insistir por duas vezes e aguardar
algumas semanas por um retorno, resolvi tornar público o erro contido
na obra e também mandei alertas a autoridades da Igreja no Rio e em São
Paulo, pedindo que fossem tomadas providências, como a publicação de
uma nota pública de esclarecimento ao povo católico, já que o livro
alcançou grande sucesso e certamente desinformou muita gente a respeito
da verdadeira fé da Igreja.
Como esse tipo de coisa costuma demorar muito a acontecer, aguardávamos ainda uma resposta, quando tomei conhecimento de que foi lançada uma terceira edição do mesmo livro, desta vez pela Leya. Nesta nova versão, finalmente (Deo gratias!), o disparate foi corrigido. No lugar da afirmação herética, o que se lê agora é:
Como esse tipo de coisa costuma demorar muito a acontecer, aguardávamos ainda uma resposta, quando tomei conhecimento de que foi lançada uma terceira edição do mesmo livro, desta vez pela Leya. Nesta nova versão, finalmente (Deo gratias!), o disparate foi corrigido. No lugar da afirmação herética, o que se lê agora é:
“...um dogma que o Vaticano só reconheceria em definitivo mais de duzentos anos depois: a Imaculada Conceição de Maria, a suposição de que desde o primeiro instante de sua existência, a filha de Ana e Joaquim foi preservada de qualquer pecado, porque já estaria tomada pela graça divina.”
Muito bem. A heresia foi removida. Eu e membros de nossa fraternidade
pesquisamos muito, e nada encontramos a respeito deste assunto em
nenhuma outra fonte. Tudo leva a crer, portanto, que foi por meio de
nossa ação que a correção finalmente aconteceu. Ficamos felizes em saber
que, mais uma vez, recebemos a imerecida graça de colaborar para que
venha a existir um bem (a disseminação da autêntica Sã Doutrina cristã e
católica) onde antes havia uma informação falsa.
Nossa satisfação, todavia, não é completa, já que não há, nesta nova
edição, a necessária, justa e honesta errata pelas impressões
anteriores; não há nenhuma nota, nenhum esclarecimento quanto ao erro –,
insisto, gravíssimo –, contido nas edições anteriores, que tiveram tão
grande alcance. O autor se limita a dizer, numa introdução, que os
comentários que recebeu após a publicação do livro fizeram com que ele
notasse "algum detalhe(sic) novo, ou uma visão diferente da que eu
tinha, e me fazendo conhecer Aparecida ainda mais profundamente". Diz
ainda que "essa troca me fez ir aos poucos incorporando detalhes, fatos e
percepções a esta biografia (...)".
O que diz, basicamente, é que novos "detalhes", que ele conheceu somente
após a primeira edição, o levaram a "conhecer Aparecida ainda mais
profundamente"...
Perdoe-me, Rodrigo, mas preciso dizer, com todo o respeito, que na
realidade os seus conhecimentos sobre Nossa Senhora eram bastante
superficiais, para ter publicado tão grande bobagem em forma de livro e,
ainda pior, afirmando que tal era dogma da Igreja. Além disso, ignorar
solenemente os avisos de quem queria simplesmente alertá-lo não me
parece a atitude de um humilde buscador da verdade, que é como você
costuma se apresentar. Em todo caso, parabéns por ter corrigido o erro,
ainda que tardia e insuficientemente.
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