quarta-feira, 7 de agosto de 2019

As aparições de Kibeho: o aviso e o castigo. Levaremos a sério?

[aparicaodelasalette]
Por Luis Dufaur

Nossa Senhora de Kibeho, imagem em Ruanda

São 12:35 h do dia 28 de novembro de 1981, na localidade de Kibeho, em Ruanda, pequeno Estado localizado bem no coração da África.
No refeitório da escola religiosa que frequenta, Alphonsine Mumureke, de 17 anos, ouve uma voz: “Minha filha!”.

Julgando estranho esse chamado, a adolescente dirige-se ao corredor do edifício e encontra uma linda Senhora.

Esta aparece toda vestida de branco, com um véu em torno do pescoço, as mãos juntas sobre o peito como em oração.

Alphonsine pergunta-lhe: “Quem é a Senhora?”.
— “Sou a Mãe do Verbo”.

E continua: “Vim para te acalmar, porque tenho escutado tuas orações. Quisera que tuas amigas tivessem muita fé, porque elas não creem com fé suficiente

Inicia-se a extraordinária história de uma das poucas aparições do século XX reconhecidas até agora pela Igreja.

Com efeito, das cerca de 400 aparições marianas registradas no século XX, cerca de 12 têm reconhecimento do Vaticano ou dos bispos com jurisdição no local da aparição.

Este reconhecimento deu-se em 29 de junho de 2001 pelo bispo Augustine Misago, numa missa na catedral de Gikongoro, na qual estavam presentes os outros bispos do país e o núncio apostólico em Kigali, Mons. Salvatore Pennacchio.

No mesmo dia o Vaticano publicou a notícia da aprovação, dando assim respaldo à declaração episcopal (Cfr. “Radio Vaticana”, 30-6-01).
A vidente Irmã Alphonsine Mumureke

Em Kibeho, após ter aparecido a Alphonsine, Nossa Senhora ainda manifestou-se a outras duas moças, Nathalie Mukamazimpaka (entre janeiro de 1982 e 3 de dezembro de 1983) e Maria Clara Mukangango (que viu Nossa Senhora várias vezes entre 2 de março e 15 de setembro de 1982).
A própria Alphonsine teve várias aparições até 1989. Estas, e as aparições às outras duas videntes, foram confirmadas pela autoridade eclesiástica.

Essencialmente Nossa Senhora pediu orações, a renúncia ao pecado, o arrependimento e confissão destes. E, mostrou as consequências do pecado.

Hoje em dia, a maioria das pessoas considera que ser católico consiste em assistir à missa aos domingos e, quando muito, praticar em particular ou em pequenos grupos alguma ação religiosa ou social.

A ideia de que Deus deve ser reconhecido e cultuado pelos homens não só individualmente, mas pelo conjunto da sociedade enquanto tal, e de forma pública, está infelizmente desaparecendo.

E a par disso vai se extinguindo em nossos contemporâneos a noção da gravidade do pecado coletivo.

É por isso que numerosos católicos manifestam-se indiferentes quanto ao combate aos pecados coletivos, como a adoção legal do aborto, do homossexualismo, do laicismo, do ateísmo etc.

Pensam eles que, não cometendo tais pecados particularmente, não têm outras obrigações, e com isso estariam isentos de qualquer castigo divino.
Atual santuário das aparições em Kibeho, Ruanda

Entretanto, Nossa Senhora nessas aparições revelou as graves consequências dos numerosos pecados coletivos que se cometiam em Ruanda.
Por exemplo, pouco antes das aparições, houve no país uma onda de destruições de imagens religiosas.


Por isso, têm especial importância as aparições ocorridas no dia 19 de agosto de 1982, em que as videntes viram Nossa Senhora chorando. Elas também acompanharam o pranto da Mãe de Deus.
Mais de uma vez, alguma delas chegou a desmaiar. No total, foram oito horas seguidas de visões.

Segundo as jovens, Nossa Senhora apareceu triste, contrariada, verdadeiramente “encolerizada”.
Alphonsine Mumureke contou que a Santíssima Virgem chorava. E as três jovens foram vistas tremendo, batendo os dentes e caindo por terra como mortas.

Disseram elas ter visto “um rio de sangue, pessoas que se matavam umas às outras, cadáveres abandonados sem alguém que os enterrasse, uma árvore toda em fogo, um abismo escancarado, um monstro, cabeças decapitadas”.
E contaram ter ouvido dos lábios da belíssima Senhora, envolta num traje esplendoroso, frases do tipo:

“Os pecados são mais numerosos que as gotas do mar. O mundo corre em direção à ruína. O mundo está cada vez pior” (“Avvenire”, Milão, 30-6-01, Sim, Maria realmente apareceu em Ruanda).
Nesse dia, milhares de pessoas estiveram presentes no local das aparições. Todas saíram sob uma forte impressão de medo e tristeza.
A última aparição de Kibeho, em 28 de novembro de 1989, ocorreu exatamente oito anos após a primeira. 
O 'memorial do genocídio' lembra a satânica explosão de ódio étnico
que levou centenas de milhares de vidas.
Nossa Senhora tinha advertido mas não foi levada bem a sério

O bispo local nomeou uma comissão médica e outra teológica para investigar os fatos. Um santuário foi construído no local das aparições, tornando-se ponto de peregrinações.
Mas não se operou a conversão dos pecadores como Nossa Senhora pedira e, menos de cinco anos após a última aparição, caiu o tremendo castigo sobre aquela infeliz nação africana.
Entre abril e junho de 1994, ocorreu uma onda de massacres cuidadosamente planejada.

Em Ruanda, onde quase metade da população se declarava católica, foi sendo cultivado, sob diversos pretextos, o ódio entre as duas raças principais que compõem o país: a dos hutus e a dos tutsis.

Invocando a morte do presidente do país em um atentado, 30.000 facínoras, aglutinados em torno de um partido, lançaram-se numa cruel caçada aos adversários.

Aldeias inteiras foram massacradas, sendo a maioria das vítimas mortas a machadadas.

Tantos corpos foram lançados no rio Kagera, que este ficou conhecido como Rio do sangue.
Pior. Numa terra já devastada por numerosas matanças, as igrejas haviam sido refúgios respeitados, onde as pessoas podiam se proteger para escapar às carnificinas. Mas desta vez isto não aconteceu. 
Milhões fugiram sem rumo do genocidio
O próprio santuário edificado em Kibeho, repleto de refugiados — aproximadamente 4.000 pessoas — foi cercado pelos milicianos hutus. Estes lançaram granadas dentro do templo, mataram os sobreviventes a machadadas e queimaram os restos do edifício sagrado.
Uma das videntes, Maria Clara Mukangango, foi morta com o marido no povoado de Byumba.
Em três meses, milhares de pessoas foram massacradas. Até hoje o número exato é controvertido.

Alguns falam em 250.000, outros chegam a calcular um milhão. A cifra mais provável gira em torno de 800.000 mortos. Verdadeiro massacre, classificado como “o maior genocídio africano dos tempos modernos” (“BBC” on line, Londres, 7-6-01, Rwanda, how the genocide happened).

Numa das aparições, Nossa Senhora comunicou a Maria Clara: “Quando falo contigo, não estou me dirigindo só a ti. Mas estou fazendo um apelo a todo o mundo”.
A vidente narrou que a Virgem descrevia o mundo como estando “em revolta” contra Deus.

Dificilmente alguém pode negar tal afirmação.

Os pecados dos quais Nossa Senhora se queixou em Ruanda são cometidos — e quantos até mais graves — em todo o mundo.

Basta pensar na proliferação das legislações abortistas, e as do chamado “casamento” homossexual.
Hoje multidões vão ao santuário de Kibeho a implorar proteção
diante do que pode vir num mundo “em revolta” contra Deus

Se em Ruanda os pecados descritos por Nossa Senhora foram punidos com tanta severidade, os pecados coletivos que se cometem em nosso País não devem também atrair, no rigor da lógica, tremendos castigos divinos?
Seriam então tais considerações motivo para desânimo?

Pelo contrário!

Devem ser elas motivo para animar-nos a atuar com mais empenho em prol da restauração de uma sociedade plenamente católica.

Se o castigo divino nos surpreender em meio a essa benemérita atuação, a misericórdia de Deus tomará isso em consideração, em nosso favor.


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