quarta-feira, 15 de julho de 2020

Pra quê ir na missa, se posso assistir pela TV?



Assista esta maravilhosa formação do Padre José Augusto, em seguida leia o texto.



Católicos: eles não voltarão… ao menos que…


Por Mons. Eric Barr, Patheos

Eles não vão voltar à missa. Deixe-me repetir. Os católicos não voltarão à missa quando a pandemia terminar. Sei que as paróquias dirão que suas listas de espera estão cheias e estão na capacidade máxima para a missa dominical no momento. Mas isso é agora, quando só podemos ter cem pessoas, ou uma congregação de 25 a 35% da capacidade de uma igreja. Todos nós, padres, ouvimos o desejo de nossos paroquianos católicos de voltar aos sacramentos. E ficamos satisfeitos quando conseguimos que os voluntários esterilizem o santuário e limpem os bancos após cada celebração.

Mas isso não importa. Eles não vão voltar. Para as centenas, talvez até milhares que desejam voltar, existem milhões de católicos que se sentiram bem à vontade na fé livre da Eucaristia. E eles vão continuar assim. A maioria silenciosa dos católicos absolutamente não sentem falta da missa. Em minha diocese, antes da praga, costumávamos ter 100.000 católicos na missa todos os domingos. As pessoas querem voltar, mas é uma fração desse número. Não deixe que listas completas de reservas nos iludam ao pensar que a maioria silenciosa sente falta da Eucaristia. Há razões para isso.

Razões para não ir à missa

Antes de mais nada, antes da pandemia, a maioria silenciosa dos católicos não vai à missa. Então, deixe-me alterar minha declaração. A maioria silenciosa dos fiéis se afastou silenciosamente da fé eucarística. Eles ainda se consideram católicos, mas a Igreja nos Estados Unidos está prestes a descobrir o pequeno e despojado remanescente de uma Igreja Eucarística que o Papa Bento XVI sempre falou. Por que isso aconteceu? Existem razões, mas também existem soluções. Primeiro, as razões pelas quais a maioria dos católicos que freqüentam a missa não retornará à Igreja.

Um conflito de valores

 Existe um conflito de valores. Por um lado, fomos informados que, pela saúde da sociedade, deveríamos renunciar a grandes reuniões. Ouvimos dizer que é o melhor e, pelo bem de muitos, desistimos da Comunidade Eucarística. Por outro lado, sabemos que a vida de nossa fé depende da Eucaristia; ansiamos por isso também. Agora aparecem os bispos, que se unem às autoridades seculares, e nos mandam desistir de ir à Eucaristia em prol da saúde pública.

Isso cria uma crise de valores dentro de nós, e a maioria – que costuma ver a Missa como contracultural, fica facilmente convencida de que a melhor parte do valor é não ir à Igreja. Eles não podiam, se quisessem, porque as regras atuais proíbem a maioria dos católicos de ir, a menos que reservem seu lugar no altar eucarístico, como se você reservasse um assento de jantar em um restaurante requintado. Por mais desconfortáveis ​​que possam ficar, eles apostam e seguem a opção da saúde pública.

Uma crise de autoridade

Os bispos produziram uma crise de autoridade. Eles não pretendiam, mas o fizeram, de qualquer maneira. Alguns podem se lembrar nos anos 1960, quando os bispos nos libertaram da lei do jejum e da abstinência de carne na sexta-feira. Foi o levantamento da abstinência de carne que causou aquela crise de autoridade, da qual nunca nos recuperamos. Lembra? Em uma semana, você poderia ir para o inferno por deliberadamente comer bife na sexta-feira e, na semana seguinte, isso era visto como uma virtude. Os bispos, naquela época, eram tidos com maior reverência, mas as pessoas não eram enganadas. Autoridade ou não, você não pode ir para o inferno em uma semana por fazer algo que a próxima semana considera ok. O falecido Rev. Andrew Greeley costumava dizer que foi essa decisão, e não o controle de natalidade, que convenceu os católicos a se voltarem para suas próprias consciências pessoais e a se absolver de ações pelas quais normalmente a Igreja os julgaria.

Agora, os bispos removeram o grave atributo de pecado de perder a missa no domingo. É claro que eles tinham que fazer isso se não quisessem realizar missas. Simplesmente não se pode impor um fardo impossível às pessoas. Mas pense sobre isso. Para o católico comum, que nunca estudou teologia moral, um enigma é causado. Assim que as igrejas estiverem totalmente abertas, os bispos restaurarão a exigência legal de que os católicos devam ir à missa no domingo. Que católico normal ficará impressionado com isso, principalmente porque eles não pecam nos últimos meses por não irem à missa?

Poderia ter ajudado se os bispos fossem santos, orientados para a liderança e pastores, mas não são. Isso não significa que eles são ruins. Quase todos eles são bons homens e pessoas piedosas. Mas eles não são líderes fortes ou pastores. São gerentes que estão se esforçando ao máximo para moderar uma crise. Mas seus pronunciamentos não têm força moral; suas reputações estão em frangalhos por razões óbvias. A maioria dos católicos que freqüentam a missa não prestará atenção quando lhes disserem que agora devem ir à missa novamente e que perdê-la novamente colocará suas almas em perigo.

O grave erro da Missa televisionada

A missa televisionada é um complemento útil para a missa assistida, não um substituto. A história mostrará que uma das piores coisas que fizemos foi proliferar missas televisionadas durante o período de pandemia. Isso aliviou a mente de uma minoria de nossos católicos e não atraiu milhões de católicos privados de Missa. Missas televisionadas foram desenvolvidas para idosos e doentes, mas nunca houve uma teologia sobre ela. Elas eram boas principalmente para compartilhar a Palavra de Deus, mas não contribuiram nada quanto ao compartilhar seu Corpo e Sangue. Como nenhuma catequese foi dada durante a pandemia sobre essas Missas, muitos as consideraram uma substituta adequada. E continuarão a achá-la assim quando a pandemia terminar.

A missa de televisão destruiu a natureza sacramental de nossa fé e da Eucaristia. Os católicos privados de dogmas já tinham um entendimento pobre da natureza da Eucaristia, mas, agora, por uma simples ação de tentar preencher uma lacuna, eles foram ensinados, passivamente, admito, que a missa na TV é tão boa quanto a missa assistida presencialmente. Nós não pretendíamos fazer isso. Nós pensávamos que estávamos fazendo a coisa certa. No entanto, não poderíamos ter matado melhor o verdadeiro entendimento da Eucaristia se tivéssemos contratado os hereges eucarísticos das eras passadas para voltar e pregar para nós. Na verdade, perdi um padre amigo porque não o deixava postar sua missa de TV de sua paróquia na minha página do Facebook. Eu tinha sérias razões para não fazer uma missa na TV para quem quisesse, e não iria contribuir para diminuir a nossa compreensão da Eucaristia.

Restrições à assistência de Missa levam a encargos impossíveis

Como dissemos, tornamos mais difícil assistir à missa – se conseguirmos uma reserva. Antes de tudo, a pessoa precisa de uma reservar seu lugar na igreja. Segundo, eles têm que usar uma máscara. Terceiro, eles precisam ficar separados das pessoas. Quarto, seus lugares são esterilizados depois que vão embora, como se fossem um germe em uma placa de Petri eclesial. Quinto, porque temos que formar voluntários para manter a presença, adotar medidas, levar as pessoas a seus assentos e fazê-las sair da igreja, é tão fácil para os voluntários se tornarem pequenos ditadores de acesso aos sacramentos (podendo eles serem frustrados monitores de salas de aula). É demais para a comunidade. Estou brincando um pouco aqui, mas isso é desconfortável para os leigos.

Sem retorno … A menos que …

Agora, esta é uma avaliação sombria, mas garanto que a maioria dos católicos que frequentam a missa não voltará, a menos que façamos alguma coisa. E cabe aos bispos fazerem isso. Eu sei que entro na esfera deles. Como disse, eles são bons homens, mas que eu saiba, muito poucos, se houver, desenvolveram a catequese necessária para trazer os fiéis de volta à Missa. Eles apenas presumem que a multidão retornará. Sem chance. Vivemos em uma sociedade que diz que a atividade que gritar mais alto será aquela a ser respondida. As pessoas descobriram que muitas coisas disputam seu tempo. Ficamos notavelmente silenciosos, muitas vezes rolando como um cachorro açoitado para a autoridade secular, permitindo que ele nos dissesse o que fazer.

Pode parecer simplista, mais uma vez, explicar aos católicos por que uma missa real e presencial é necessária para sua saúde espiritual, mas é exatamente isso que precisamos fazer. Para algumas pessoas, a pandemia fortaleceu sua fé, mas dê uma olhada na última grande praga que assolou a Terra – a Peste Negra. ela enfraqueceu seriamente a Igreja e não gerou uma boa resposta para incentivar e direcionar espiritualmente os católicos a uma fé mais firme. Em vez disso, movemos um movimento pendular de mediocridade em direção à Reforma [protestante].

Época de enfatizar músicas melhores, pregar e evangelizar leigos

Uma diocese que conheço está começando seu próprio Ano Santo Eucarístico. Brilhante da parte daquele bispo! Será um sucesso. Mas a catequese não é a única coisa necessária. Agora é a hora de rever como são as nossas liturgias, quão boas são as pregações e como incentivamos os leigos a evangelizar. A música, a pregação e a evangelização dos leigos para os leigos realmente ajudarão a impulsionar o retorno à Eucaristia. Mas isso exige tal vontade das autoridades estabelecidas, sejam bispos ou padres. É preciso um trabalho real. E não tenho certeza se a Igreja está pronta com essa energia.

Alguns de nossos padres criaram maneiras criativas de manter a fé nas mentes de seus paroquianos. Essa criatividade precisa ser aproveitada de maneira organizada e diocesana, para que todos os católicos saibam que a Igreja não está apenas retomando às atividades, mas é recarregada, renovada e dotada do Espírito para sair ativamente e trazer de volta não apenas nossos católicos comuns que frequentam a missa, mas aqueles que há muito se ausentavam da Eucaristia. A mão estendida do papa para aqueles em casamentos inválidos, bem como a da Igreja para as minorias que sofrem racismo ou discriminação, seria uma parte crucial desse esforço. Embora todos nós, padres, com certeza possamos usar da ajuda da pregação, este é um momento perfeito para as dioceses ajudarem a refazer as habilidades de pregação dos sacerdotes, principalmente quando as paróquias ainda têm meios de serem totalmente abertas. E, claro, música. Desde que os hinários desapareceram, talvez uma nova apreciação pela boa música litúrgica possa ser buscada. (Receio perder esta. “Reúna-nos”, “Todos são bem-vindos”, “Você é meu” são imunes ao Covid-19, eu acho).

Carpe diem

Nenhuma dessas coisas é realmente tão difícil de realizar. Nenhum deles exige um diploma em ciência de foguetes. As reformas dominicana e franciscana do século XIII e o alcance jesuíta ao mundo secular no século XVI revitalizaram essa grande comunidade da Igreja e mais uma vez mudamos o mundo. Então, o desafio é nosso. Lembre-se, eles não voltarão se não fizermos nada. Eles simplesmente não vão.  Carpe diem – aproveite o dia, bispos, padres, diáconos e leigos bem formados. Temos uma janela de oportunidade. Não vamos desperdiçar isso.

Tradução: FratresInUnum.com




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