quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Coronavirus: Vaticano rejeita inclusão de "direitos reprodutivos" na resolução da ONU

 

Um representante do Vaticano lamentou a inclusão do termo "direitos reprodutivos" em uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o coronavírus, algo que ele considerou "profundamente perturbador e divisivo".

O Arcebispo Gabriele Giordano Caccia, Observador Permanente da Santa Sé na ONU em Nova York, fez esta declaração em seu discurso em 11 de setembro após a resolução da ONU intitulada Resposta abrangente e coordenada à pandemia da doença coronavírus (COVID -19)"

A resolução conclama os Estados a "tomarem todas as medidas necessárias para garantir o direito das mulheres e meninas a gozar do mais alto nível de saúde possível, incluindo saúde sexual e reprodutiva e direitos reprodutivos".

O Prelado disse que “a Santa Sé considera muito lamentável que a resolução adotada inclua a referência profundamente perturbadora e divisiva à 'saúde sexual e reprodutiva e direitos reprodutivos'".

“Em conformidade com as reservas expressas em conferências internacionais realizadas em Pequim e Cairo, a Santa Sé reitera que considera a frase 'saúde reprodutiva' e termos relacionados como aplicada a um conceito holístico de saúde, que abrange a pessoa inteira. e personalidade, mente e corpo”, continuou ele.

De modo particular, sublinhou o Núncio, “a Santa Sé rejeita a interpretação que considera o aborto ou o acesso ao aborto, o aborto seletivo, o aborto de fetos com diagnóstico de problemas de saúde, a maternidade de aluguel e a esterilização, como dimensões da 'saúde reprodutiva' ou como parte da cobertura universal de saúde”.

A crítica do arcebispo também foi feita pela representação dos Estados Unidos, país que votou contra a resolução, que acabou por ser aprovada por 169 votos a favor, dois contra (Israel e EUA) e duas abstenções (Hungria e Ucrânia).

“Não aceitamos referências a 'saúde sexual e reprodutiva' ou 'direitos reprodutivos' ou outra linguagem que sugira ou se refira explicitamente ao acesso ao aborto, conforme necessariamente incluído nos termos mais gerais 'serviços de saúde' ou 'serviços do saúde', em particular em contextos referentes às mulheres”, destacou a representação norte-americana.

“Os Estados Unidos acreditam na proteção legal para os nascituros”, enfatizou.

O país norte-americano também votou contra a resolução por destacar o "papel de liderança" da Organização Mundial da Saúde (OMS) contra o coronavírus.

Dom Caccia também criticou que a resolução foi adotada "sem consenso" e renovou o pedido do Vaticano de que a vacina contra o coronavírus "esteja livre de preocupações éticas" e esteja disponível para todos.

O Prelado lamentou “a exclusão das organizações religiosas da lista dos que desempenham um papel importante na resposta à pandemia” e comentou que as referências aos idosos no texto são inadequadas.

O Núncio também incentivou o uso de "linguagem mais contundente" em relação à reforma do sistema financeiro internacional, destacando a necessidade de "reduzir, senão cancelar, a dívida que oprime as nações mais pobres".

Traduzido e adaptado por Walter Sánchez Silva. Postado originalmente no CNA

 

Fonte - aciprensa

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