terça-feira, 1 de setembro de 2020

Cumprem-se os sinais dos castigos que Nossa Senhora queria evitar

 

Por Luis Dufaur

 

Romarias penitenciais e conversões quando a sociedade se tinha afastado de Deus

O que aconteceu quando se espalhou a notícia da aparição de Nossa Senhora em La Salette?

Nos costumes, a população da região não era muito diferente do povo em geral da França. O século anterior foi muito libertino e a família e o vínculo conjugal estavam no chão.

O período da Revolução Francesa trouxe um auge de ateísmo igualitário. Depois, as guerras napoleônicas com seus imensos morticínios desarticularam a sociedade.

O palavrão de caserna napoleônica se espalhou e deu naturalmente em blasfêmia generalizada contra Deus, a Virgem, a Igreja, os santos e os anjos.

A perseguição religiosa da Revolução Francesa e a brutalidade dos costumes de caserna desfizeram a moral do clero.

O povo entendeu que viriam castigos piores
O povo entendeu que viriam castigos piores 

 

Para pior, a Concordata imposta por Napoleão ao Papa Pio VII fazia o governo escolher os bispos, como hoje acontece na China comunista, após acordo aceito pelo Papa Francisco I.

O abandono da religião era tal que até a vidente Mélanie era filha natural! Seus pais não tinham casado!

Mas quando se ouviu a palavra misericordiosa mais imperiosa de Nossa Senhora, o povo compreendeu a má situação em que estava. E de início, ao menos, reagiu bem.

A voz de Nossa Senhora fez compreender por que faltavam alimentos e a mortandade das criancinhas era inusual. Esses fatores pesaram para mover as almas à penitência.

Mas sobretudo todos tinham o pressentimento de que aquilo era um sinal de castigos muito mais graves que haveriam de vir.

Cresceram peregrinações penitenciais e multiplicaram-se as conversões. O próprio pároco de Corps descreve este movimento inspirado pela graça divina:

“A montanha parece se abaixar, e as asperezas desaparecerem. Crianças, velhos, mulheres idosas, mulheres grávidas, todos se precipitam em direção ao local, chegam suarentos e ofegantes, bebem da fonte e descem felizes e contentes. (...)

Nossos homens, inclusive aqueles de consciência dura, vencendo o respeito humano, esquecem o que são para se tornarem cristãos”.

La Salette: o sol sobre o local da aparição
La Salette: o sol sobre o local da aparição

 

O Pe. Melin vendo esse espetáculo de penitência e de conversão, após muito refletir concluiu que esses castigos acabaram fazendo um grande bem. Se viessem punições ainda mais doloridas e gerais, trazendo um bom efeito proporcional, era o caso de desejá-las, julgava ele.

“Eu desejo agora – escreveu – com todo o meu coração que ele [o castigo anunciado por Nossa Senhora] se realize.

Mais vale uma forte comoção que abale e purifique a chama da fé, do que vê-la desaparecer sob a poeira e a cinza com que está sendo coberta.

A sociedade se perde, o mundo não dá mais. Nas paróquias os braços do clero caem de cansaço. É também o caso dos pregadores ambulantes.

Sem ser profeta se poderia anunciar que estamos nas vésperas de grandes acontecimentos”.
As igrejas ficaram lotadas, os casais regularizaram situações irregulares, o repouso dominical passou a ser rigorosamente observado, não se ouviam mais blasfêmias, cessaram de vez os espetáculos e festas imorais ou levianas.

O pai de Maximin se converteu e recebeu a comunhão.

Teve lugar uma inimaginável e rápida mudança corretiva dos maus costumes, bafejada de modo suave e vigoroso pela graça.

Era a penitência, o início da conversão pedida por Nossa Senhora que começava.


Prova da aparição: o trigo se desfazia e a população passava fome. Vitral do Santuário de La Salette
Prova da aparição: o trigo se desfazia e a população passava fome.
Vitral do Santuário de La Salette

 

Postos os referidos maus costumes, não estranha que já se estivessem cumprindo as primeiras dolorosas realidades mencionadas por Nossa Senhora em termos que podiam ser entendidos num ambiente cammponês.

As batatas e os vinhedos apodreceram, o trigo se desfazia atingido por estranha doença. A quebra das colheitas trouxe a fome.

“Dá pena ver os habitantes da região – escrevia a mulher do prefeito de Aspres-les-Corps – quase todos carecem de pão e batatas.

Todos os dias eles percorrem os campos para colher cardos e outras ervas selvagens para fazer uma sopa, que na maior parte dos casos é comida sem manteiga, e no máximo com um pouco de leite. Nossas casas são rodeadas de gente que acha que deveríamos ter de tudo.

E cada dia nos é necessário distribuir dinheiro, manteiga, pão e trufas a mais de 10, 15 e até 20 mendigos”.

A falta de alimentos açoitava toda a França

Cumpriu-se também outra terrível advertência de Nossa Senhora: as crianças menores de 7 anos morriam em quantidade muito acima da média.

Só em Corps faleceram 39 em 1847, quando o normal nos anos anteriores girava em torno de 4. Nos cantões vizinhos a mortalidade infantil quase duplicou.

 
O Pe. Pierre Melin, pároco de Corps, sempre cauto em seus juízos, observava:
“Dando um golpe de vista sobre a sociedade em nossos dias, não é necessário conceber um grande porvir, ou se colocar muito alto para ver que ela é bem ruim nos seus atos e bem doente nos seus princípios.

Nossas cidades em geral oferecem espetáculos bem tristes à religião e a seus ministros. (...)

O espírito de Deus retirou-se da sociedade.
Ela tornou-se carnal, não procura mais do que pão e não acredita nem mesmo que é Deus quem o dá.

Não será que o bom e misericordioso Deus a ameaça precisamente com a fome, para lhe desembaciar os olhos e fazê-la tomar consciência de seu erro?”

Abrir os olhos para a causa do mal, arrepender-se, reformar a vida no sentido oposto ao desses males, é a essência da penitência. E esta penitência é o que Nossa Senhora desejava, permitindo acontecer essas calamidades.

 

Fonte - aparicaodelasalette

 

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