quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Caminho sinodal alemão deve abrir ‘as velhas doutrinas a novas leituras’, diz líder leigo

 

 

“O que importa agora é a capacidade de compromisso e abrir as velhas doutrinas a novas leituras”, disse Thomas Sternberg, presidente do Comitê Central de Católicos Alemães (ZdK), sobre a votação dos rascunhos dedicados aos temas essenciais analisados no caminho sinodal alemão. Em entrevista concedida à CNA Deutsch, agência em alemão do Grupo ACI, Sternberg disse que na sessão plenária do caminho sinodal, que se realizará de 30 de setembro a 2 de outubro, serão votados os rascunhos dos principais temas: a forma como o poder é exercido na Igreja, o sacerdócio, o papel das mulheres e a moral sexual.

“Agora, precisamos trabalhar em conjunto nestes textos. Teremos que lidar com as alterações em Frankfurt e já se trabalha para debater os textos em uma primeira leitura, para que possam ser terminados em uma segunda leitura dentro de seis meses”, disse Sternberg, que supervisiona o caminho sinodal junto com os bispos da Alemanha.

Sternberg destacou que os rascunhos com os textos dos fóruns sobre poder, sacerdócio, mulheres e moral sexual foram publicados no site oficial do caminho sinodal em 30 de agosto. Disse também que os textos incluem “fortes declarações”.

“Por exemplo, o fórum intitulado ´Viver relacionamentos bem-sucedidos` descreve as muitas maneiras pelas quais as relações são frutíferas”, disse ele.

“O fórum sobre ´Mulheres em ministérios e escritórios da Igreja` descreve como a inovadora ´liderança na Igreja` deve ser ensinada hoje”, acrescentou.

“O foro sobre a vida sacerdotal exige que o sacerdote se veja a si mesmo como um funcionário da Igreja sinodal, e o foro sobre o poder e a separação de poderes claramente estabelece que não é possível alcançar às pessoas nestes dias se só lhes é proclamado (o Evangelho) ignorando sua própria interpretação”, continuou.

Na entrevista com a CNA Deutsch, Sternberg disse que a assembleia sinodal, a máxima autoridade do caminho sinodal, se reunirá no final deste mês em Frankfurt.

“Os quatro fóruns, com seus respectivos temas, terão seu papel em Frankfurt. Ainda está para ser visto em qual destes grandes temas haverá grandes debates. É difícil prever”, disse ele.

“Entretanto, quero alertar para a redução do caminho sinodal a assuntos complicados. A tarefa agora é fazer as reformas possíveis. Ali é onde cada passo conta para mudar a Igreja”, afirmou.

“Lembrem-se que o escândalo dos abusos foi o gatilho para que os bispos alemães pedissem ao ZdK para embarcar junto no caminho sinodal. Agora, temos que atuar para estabelecer estruturas que ajudem a prevenir a violência sexual na Igreja no futuro”.

Sobre o avanço do caminho sinodal até agora, Sternberg disse estar otimista. “Continuo contando com o bom espírito de Frankfurt, que já se pôde ver na primeira assembleia sinodal”, em janeiro de 2020.

“Há um sentimento bom, até eufórico, de que estamos juntos como povo de Deus, pensando independentemente das hierarquias sobre como esta Igreja pode encontrar novamente a credibilidade”, disse o presidente do ZdK.

"O caminho sinodal já conseguiu derrubar os bloqueios que existiam nas ações e nas palavras eclesiais. Há um debate onde muitas vezes houve silêncio. Este é um pré-requisito para que as reformas reais sejam possíveis”, disse Sternberg.

Sternberg também disse acreditar que os participantes do caminho sinodal estão unidos ao papa Francisco, que pediu aos católicos de todo o mundo que participassem dos preparativos para o Sínodo dos Bispos em Roma, em 2023.

O presidente do ZdK afirmou que o caminho sinodal não é supérfluo, como dizem alguns analistas, mas sim um complemento à iniciativa global do papa.

“O caminho sinodal alemão reúne clérigos e leigos na mesma mesa. Me agrada que o Sínodo mundial dos Bispos responda ao chamado do papa para uma verdadeira Igreja sinodal”, afirmou ele.

Segundo Sternberg, “o papa Francisco, como demonstra sua importante carta dirigida a nós no verão de 2019, reconheceu a urgência da reforma nesta nova era”, referindo-se à extensa carta de Francisco aos católicos da Alemanha. Ele “já deixou claro no início de seu pontificado que a Igreja universal é diversa. Como podem unir-se a diversidade e a unidade numa Igreja pós-europeia? Isso também será um tema em Roma. Como se deve realizar a ´saudável descentralização` da qual ele fala?”.

Sternberg disse finalmente que “nos vemos unidos no caminho sinodal com o papa e suas preocupações. A Igreja precisa de uma forma que corresponda aos tempos e às pessoas, também aqui na Europa. Precisamos chegar àqueles que estão nas periferias, àqueles que duvidam e àqueles que buscam, e salvaguardar o clamor do pequeno rebanho”.

 

Fonte - acidigital

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