quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Grupo ativista LGBT grava vídeo musical em igreja de Manaus

Videoclipe 'Glowria', gravado dentro da igreja de são Sebastião, em Manaus. Foto: Captura de vídeo

 

Em Manaus, a companhia de artes cênicas Ateliê 23 gravou o videoclipe ‘Glowria’, em defesa do homossexualismo e com críticas ao cristianismo, dentro da igreja de são Sebastião, em Manaus (AM). O vídeo, lançado no dia 9 de outubro, foi acusado de ser um “sacrilégio” e “blasfêmia” por católicos que convocaram um ato de reparação para o próximo sábado.

“O processo para a gravação teve, naturalmente, a ciência e autorização da administração da igreja, que por sinal tem nosso eterno respeito, carinho e admiração pela maneira terna com que dialoga e acolhe” disse o Ateliê 23 em suas redes sociais. Ao final do vídeo e na descrição no Youtube, a companhia expressa “agradecimentos especiais” à igreja de são Sebastião e ao pároco, frei Paulo Xavier.

ACI Digital entrou em contato com a arquidiocese de Manaus para saber o seu posicionamento diante do caso. A assessoria de imprensa afirmou que ainda não há um pronunciamento oficial do arcebispo, dom Leonardo Steiner, e informou sobre o ato de reparação que está programado para reunir fiéis católicos no próximo sábado. ACI Digital também entrou em contato com a igreja de são Sebastião para saber quem autorizou a gravação do vídeo, mas não foi atendida.

O videoclipe ‘Glowria’ integra a série ‘A Bela é Poc’ da companhia Ateliê 23. Além desse vídeo, compõem a série o clipe “Azul” e um curta-metragem que leva o nome do projeto. Ao site A Crítica, de Manaus, o diretor Eric Lima disse que o projeto “traz questões de gênero e sexualidade em um lugar de ativismo”. “É um novo momento do grupo, neste que é o nosso lugar de fala, com uma equipe diversa, a maior parte composta por gays e lésbicas, sendo bem representados”, afirmou. Segundo o site, o clipe ‘Glowria’ apresenta “a intolerância religiosa, a relação do gay com a fé, com Deus, dentro do ambiente do Cristianismo e como a igreja influenciou na questão do preconceito na sociedade, a partir de registros históricos da homofobia”.

Após o lançamento do videoclipe, católicos denunciaram o caso na internet como uma profanação.  “Que blasfêmia sem tamanho! Além da letra e da batida tratarem do ser humano mais como animal sedento de prazer carnal, do que um ser com racionalidade e discernimento, profanam a casa de Deus sem nenhuma vergonha. Se algum destes ao menos pensasse por um segundo no que Cristo sofreu para poder estar presente dia e noite no Sacrário, talvez não tivessem a coragem demoníaca de profanar a casa de Deus”, escreveu uma internauta nos comentários ao clipe no Youtube. “Acho quando queremos ser respeitados pelas escolhas diferentes, também devemos respeitar as escolhas do próximo! Por que escolher uma Igreja? Por que não respeita a fé católica? Por que cometer uma blasfêmia?”, perguntou outra.

Outros internautas questionaram quem autorizou a gravação do videoclipe dentro da igreja. “Quem foi esse padre que deixou fazer essa profanação e blasfêmia com o sagrado?”, perguntou uma internauta nos comentários. “Que absurdo! Como a Diocese permitiu uma situação dessas? Essa é a casa de Deus e não de show!”, escreveu outro. Mais um comentaria disse: “Tende misericórdia de quem permitiu essa blasfêmia com o templo do Senhor”.

A companhia disse ainda que “não está praticando intolerância religiosa, o objetivo nunca foi a ‘lacração’ ou a ‘blasfêmia’. Declarou também que não faltaram “com respeito com nenhum dos símbolos sagrados da Igreja Católica” e que o “templo foi usado única e exclusivamente para o objetivo que o fundou: manifestação artística sobre o diálogo com Deus”.

“Somos, em nossa maioria, homens gays buscando contato com Deus, somente”, afirmou a companhia e declarou que a letra da música “denuncia as violências” que sofrem. “O nosso vídeo é um clamor, uma oração e um grito por igualdade, inclusive, de poder exercer e professar nossa fé dentro de estruturas que nos são negadas novamente”, disse. Além disso, afirmou que os membros de Ateliê 23 cresceram “em igrejas” e que a arte na companhia “objetiva questionar quem nos tira o direito à espiritualidade e a relação com Deus”.

Católicos de Manaus convocaram um ato de reparação para o próximo sábado, 16 de outubro, às 16h, no Largo de São Sebastião, em frente à igreja onde o videoclipe foi gravado. Segundo publicação no Instagram do Instituto Missionário Porta Fidei, esta “não é a ação de um grupo específico” e “todos aqueles que desejam honrar nosso Salvador e sua Santíssima Mãe são convidados a participar”. Além disso, afirmou que “não é um protesto, uma manifestação ou um evento para se fazer acusações”, e sim “um ato de piedade”. Para fazer um bom ato de reparação, o instituto orientou os fiéis a procurar a “confissão antes do sábado”, fazer “jejum na sexta-feira”, rezar e fazer “uma comunhão sacramental na mesma intenção”.

 

Fonte - acidigital

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