Imagine-se, leitor, folheando o jornal e deparando com a seguinte notícia:
“O sádico de Vila Maomé vai requintando os meios de destruir suas vítimas. Ele as vai submetendo a doses sucessivas de tortura, de modo tal que os seqüestrados não morrem logo, mas vão perdendo sangue e energias; ficam fracos, deprimidos e depauperados; têm alucinações, e acabam se transformando num molambo de gente, à procura de uma cova para cair e morrer”.
Pois bem, esse sádico existe, e seu nome está em todos os jornais. Em linguagem erudita, é chamado estupefaciente ou psicotrópico; em linguagem corrente, simplesmente drogas. A devastação que ele produz na natureza humana não é apenas física, é também espiritual e moral.
Dentre as drogas mais disseminadas no Brasil, o crack é uma forma de cocaína com bicarbonato de sódio, de ação imediata. Uma vez inalado, chega ao sistema nervoso central em dez segundos, produzindo euforia logo seguida de depressão. Vicia com facilidade enorme.
Pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgada em 13 de dezembro último (cfr. reportagens de “O Estado de S. Paulo”, 14 a 17-12-10), mostra que seu consumo já se alastrou pelo País, atingindo grandes centros urbanos e zonas rurais, sem distinção. Dos 3.950 municípios pesquisados, 3.871 (98%) enfrentam problemas relacionados ao crack.
O presidente da CNM adverte: “No Brasil, fizemos um grande esforço para a redução da mortalidade infantil, mas não há nenhuma política de prevenção à mortalidade juvenil. Estamos salvando nossas crianças, mas deixando morrer nossa juventude”. Especialistas ouvidos pela CNM estimam que, nos próximos seis anos, 300 mil pessoas devem morrer no País em virtude do consumo de crack.
Levantamento feito pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, focalizando estudantes de todas as capitais, mostrou que 55% dos alunos da rede particular já usaram drogas; na rede pública, 40%. Embora os estudantes das particulares experimentem mais, nas públicas o uso de crack, cocaína e maconha é mais freqüente.
Segundo a psiquiatra Dra. Ana Raquel Santiago de Lima, para deter o avanço do crack “é necessário um trabalho forte de valorização da vida, de fortalecimento da família e das relações e de criação de oportunidades”. Mas coloca-se aqui um problema: como valorizar a vida e fortalecer a família, quando as próprias autoridades vão adotando políticas destruidoras da família ao empurrarem o Brasil rumo à descriminalização do aborto, à legalização das uniões homossexuais, à contracepção, à demolição da propriedade privada e ainda outras aberrações?
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O problema não é só brasileiro. Estamos diante de uma revolução sem precedentes. Após séculos de um trabalho sistemático para desmantelar a sociedade, por meio da pregação do igualitarismo, da libertinagem, dos chamados direitos humanos, etc, está agora em curso um esforço para arruinar a própria natureza humana; e um dos fatores mais atuantes para esse fim é a proliferação do uso das drogas, mal combatidas ou até favorecidas por muitos governos.
Sem uma total reforma moral do homem e da sociedade, torna-se impossível frear esse processo. Mas existe atualmente a possibilidade de levar a cabo essa reforma?
Sim, existe, desde que a humanidade siga os caminhos que Nossa Senhora apontou em Fátima, depois de ter chorado em La Salette sobre o mundo e sobre a situação da Igreja: oração e penitência. Como oração, a Santíssima Virgem indicou o Rosário. Quanto à penitência, o que pode ser mais agradável a Ela do que enfrentarmos e combatermos essas ondas mefíticas do mundo moderno?!
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