Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Clemente I 4º papa | |
---|---|
Nome de nascimento | Clemens Romans |
Nascimento | Roma, 35 |
Eleição | 92 |
Fim do pontificado | 101 |
Antecessor | Anacleto |
Sucessor | Evaristo |
São Clemente I,também conhecido como Clemente Romano (em latim, Clemens Romanus), foi o quarto papa da Igreja Católica, entre 92 e 101. Nascido em Roma, de família hebraica, foi o sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e autor da Epístola de Clemente aos Coríntios (segundo Clemente de Alexandria e Orígenes), o primeiro documento de literatura cristã, endereçada à Igreja de Corinto. Ele foi o primeiro Papa Apostólico da Igreja[1].
Discípulo de São Pedro, após eleito restabeleceu o uso da Crisma, seguindo o rito de São Pedro e iniciou o uso da palavra Amém nas cerimónias religiosas. É conhecido pela carta que escreveu para atender a um pedido da comunidade de Corinto, na qual rezava uma convincente censura à decadência daquela igreja, devida sobretudo às lutas e invejas internas entre os fiéis (consta que os presbíteros mais jovens teriam usurpado as prerrogativas dos mais velhos), estabelecia normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica (bispos, presbíteros, diáconos) e ao primado da Igreja de Roma, que se ressalta ainda mais pelo fato de São João Evangelista ainda estar vivo e não ter intervindo em tal crise.
Obras
Epístola de Clemente aos Coríntios
A única obra genuína de Clemente ainda existente é uma carta dele para igreja de Corinto, geralmente chamada de "Clemente I". A história de I Clemente demonstra claramente - e continuamente - a autenticidade da autoria por Clemente. Ela pode ser considerada o mais antigo documento cristão não incluído no Novo Testamento.
Clemente escreveu para a problemática congregação em Corinto, onde alguns "presbíteros" ou "bispos" tinham sido depostos (na época, os clérigos acima do posto de diácono eram tratados de forma indistinta)[2]. Nela, Clemente clama pela restauração dos que foram depostos e pelo arrependimento dos faltosos, em linha com a manutenção da ordem e obediência à autoridade da Igreja estabelecida pelos doze apóstolos com criação dos "diáconos e bispos"[2]. Ele menciona "oferecer os presentes" (uma referência à Eucaristia) como uma das funções do alto episcopado de então[2].
Primazia da Sé de Roma
Em I Clemente, o bispo de Roma pede para que recebam os bispos que tinham sido expulsos injustamente dizendo: “Se algum homem desobedecer às palavras que Deus pronunciou através de nós [plural majestático], saibam que esse tal terá cometido uma grave transgressão, e se terá posto em grave perigo”. E São Clemente incita então os coríntios a “obedecer às coisas escritas por nós através do Espírito Santo” (59:1[3]). A Igreja Católica defende que estas acções de Clemente I revela que, já desde cedo, a Sé de Roma (e o seu bispo, que é o Papa) tinha primazia sobre os cristãos[carece de fontes].
Obras que já foram um dia atribuídas a Clemente
O autor destas obras é desconhecido. Porém a tradição acadêmica o chama de "Pseudo-Clemente" para diferenciá-lo das obras consideradas autênticas de Clemente.
Segunda Epístola de Clemente
A segunda epístola de Clemente é uma homilia, ou sermão, provavelmente escrito em Corinto ou em Roma, mas não por Clemente[2]. As congregações da Igreja antiga muitas vezes compartilhavam estas homilias entre si e é possível que a Igreja para a qual Clemente enviou sua primeira epístola tenha incluído uma homilia festiva para economizar no envio e, assim, ela acabaria se tornando II Clemente.
Atualmente, os estudiosos acreditam que ela foi escrito no século II d.C. baseados nos temas do texto e na coincidência de palavras entre o texto de II Clemente e o apócrifo Evangelho Grego dos Egípcios[1][4].
Epístolas sobre a Virgindade
Duas "Epístolas sobre a Virgindade" foram tradicionalmente atribuídas à Clemente, mas hoje existe quase que um consenso de que ele não foi o autor delas.[5].
Falsos Decretos
Uma coleção de legislação eclesiástica conhecida como "Falsos Decretos", que um dia foram atribuídas a Isidoro de Sevilha, é basicamente constituída de falsificações. Ali estão cartas de papas pré-nicenos, começando com Clemente, e nada é verdadeiro, assim como os documentos atribuídos aos próprios concílios[6] e mais de quarenta outras falsificações dos papas pós-nicenos estão ali também, do Papa Silvestre I (314 - 335) até o Papa Gregório II (715 - 731). Os Falsos Decretos eram parte de uma série de falsificações sobre a legislação passada por um partido no império carolíngio, cujo principal objetivo era libertar a igreja e os bispos das interferências do estado e dos arcebispos metropolitanos[6].
Clemente está incluído entre os primeiros papas cristãos como autor de alguns destes Falsos Decretos. Eles e as cartas que ali estão retratam mesmo os papas mais antigos alegando absoluta e universal autoridade[7].
Literatura Clementina
Clemente também foi retratado como o herói de um romance (ou novela) na Igreja antiga que sobreviveu em pelo menos duas versões diferentes, conhecidas como "Literatura Clementina", onde ele é identificado com o primo do imperador Domiciano, Titus Flavius Clemens. A Literatura Clemente retrata Clemente como o meio que apóstolos encontraram de disseminar seus ensinamentos para a igreja[2].
Morte
Neste pontificado ocorreu uma segunda perseguição aos cristãos, na época de Domiciano. Mais tarde, Clemente foi preso no reinado de Trajano. Condenado a trabalhos forçados nas minas de cobre de Galípoli, converteu muitos presos e por isso foi atirado ao mar com uma pedra amarrada ao pescoço, tornando-se num mártir dos princípios da Cristandade. Foi sucedido por Santo Evaristo.
A Igreja Bizantina Grega celebra Clemente como santo e mártir no dia 24 de novembro (assim como Pedro). Na Igreja Bizantina Russa, os dois são lembrados no dia 25 de novembro. Na Igreja Romana, 23 de novembro. Em sua honra, foi erguida a Basílica de São Clemente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário