[IHU]
10/9/2011
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus,
18,21-35, que corresponde ao 24º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano
Litúrgico.
O teólogo
espanhol José Antonio Pagola, comenta o texto.
Viver
perdoando
Jesus Cristo e seus discípulos |
Pedro
aproxima-se agora de Jesus com uma proposta mais prática e concreta que lhes
permita, ao menos, resolver os problemas que surgem entre eles: receios,
invejas, confrontações, conflitos e disputas. Como têm de atuar aquela família
de seguidores que seguem os Seus passos. Em concreto: “Se o meu irmão me
ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar?”.
Antes que
Jesus lhe responda, o impetuoso Pedro adianta-se a fazer-Lhe a sua própria
sugestão: “Até sete vezes?”. A sua proposta é de uma generosidade muito
superior ao clima justiceiro que se respira na sociedade judia. Vai mais além,
inclusive, do que se pratica entre os rabinos e os grupos essênios que falam
como máximo de perdoar até quatro vezes.
No entanto,
Pedro continua a mover-se no plano da casuística judia onde se prescreve
o perdão como arranjo amistoso e regulamentado para garantir o funcionamento
ordenado da convivência entre quem pertence ao mesmo grupo.
A resposta
de Jesus exige colocar-se noutro registo. No perdão não há limites:
“Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. Não tem sentido
fazer contas ao número de perdões. O que se põe a contar quantas vezes perdoa
ao irmão entra por um caminho absurdo que arruína o espírito que há de reinar
entre os seus seguidores.
Entre os
judeus era conhecido um “Canto de vingança” de Lameque, um lendário herói do
deserto, que dizia assim: “Caim será vingado sete vezes, mas Lameque será
vingado setenta vezes sete”. Perante esta cultura de vingança sem limites, Jesus
canta o perdão sem limites entre os Seus seguidores.
Em muito
poucos anos o mal-estar foi crescendo no interior da Igreja provocando
conflitos e confrontações cada vez mais destruidores e dolorosos. A falta de
respeito mútuo, os insultos e as calúnias são cada vez mais frequentes. Sem
que nada os desautorize, setores que se dizem cristãos servem-se da internet
para semear agressividade e ódio destruindo sem piedade o nome e a trajetória
de outros crentes.
Necessitamos
urgentemente de testemunhas de Jesus, que anunciem com palavra firme o Seu
Evangelho e que contagiem com coração humilde a Sua paz. Crentes que vivam
perdoando e curando esta obsessão doentia que penetrou na Sua Igreja.
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