quinta-feira, 7 de junho de 2012

Uma grande demonstração de amor pelo papa

Cardeal Tarcisio Bertone

Cardeal Tarcisio Bertone é entrevistado pela Rai Uno.

ROMA, terça-feira, 5 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Reproduzimos a seguir a entrevista concedida em 4 de maio pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, ao TG1, o telejornal da Rai Uno, primeira rede de televisão pública italiana.

Sua Eminência acaba de voltar de Milão, onde acompanhou o Santo Padre no Encontro Mundial das Famílias. Nós todos vimos pela televisão uma multidão enorme, e, especialmente, vimos muito carinho pelo Santo Padre. Ele disse palavras que tocaram a todos, inclusive os não-católicos...


Cardeal Tarcisio Bertone: É verdade. Nós todos experimentamos essa manifestação extraordinária de amor pelo papa, de acompanhamento, de apoio a ele e ao seu magistério, ao seu trabalho. Vimos a alegria e a emoção em torno dele. Eu vi muita gente comovida nas ruas de Milão. Nas ruas mesmo, na sexta-feira e no sábado, e não só no estádio e no parque de Bresso. Foi em todos os lugares. Foi uma bela expressão de amor pelo papa, neste momento particular, e um gesto de estima por Bento XVI, que vem sendo chamado de “grande treinador” do time da Igreja para os campeonatos do terceiro milênio. Houve uma ovação que nenhum jogador, nenhum treinador e nenhum protagonista da vida social ou artística nunca teve! O papa estava muito feliz e também muito comovido.
O papa surpreendeu quando indicou a família como útil e indispensável para superar a crise econômica que está atingindo o nosso país e o resto do mundo...

Cardeal Tarcisio Bertone: Sim. A família é um recurso, um recurso essencialmente moral. Uma família unida, uma família que educa, uma família virtuosa que ensina às crianças as virtudes fundamentais desde bem cedo, que ensina o trabalho e o respeito pelos outros, que ensina solidariedade. Então a família é um grande recurso para a sociedade, como tem sido demonstrado pelos sociólogos modernos. Eu diria que o papa também lançou ferramentas concretas: instrumentos de solidariedade e de parceria entre as famílias, sustentando especialmente as famílias que estão em dificuldades; o apoio entre as paróquias, as comunidades e as cidades. Eu acho que ele também indicou caminhos viáveis ​​para enfrentar situações concretas de insegurança e para olharmos para frente.
A mídia ficou bastante atenta a este encontro de Milão, até por causa da coincidência com a investigação que está acontecendo dentro do Vaticano. A transparência do Vaticano foi posta à prova...

Cardeal Tarcisio Bertone: É verdade. Na noite de sábado, quando voltamos do parque Bresso, depois do grande encontro da tarde, e íamos para a catedral de Milão, eu estava com o cardeal Scola dentro do carro. Nós vimos as janelas iluminadas da catedral de Milão e comentamos: "Esta é a Igreja. Uma casa iliuminada, apesar de todas as falhas das pessoas dentro dela". A transparência é uma questão de compromisso, uma questão de solidariedade e de confiança no outro. Não é um ato de cinismo ou de superficialidade. Não é suficiente divulgar alguns documentos e publicar partes de outros documentos para saber toda a verdade sobre os fatos. Muitas vezes acontece isto: os esclarecimentos são um resultado do diálogo, das relações pessoais e da conversão do coração, e não simplesmente de papéis e da burocracia. Os papéis são importantes, mas as relações pessoais são muito mais. O que há de mais triste nesses eventos é a violação da privacidade do Santo Padre e dos seus colaboradores mais próximos. Mas eu diria que estes não foram dias de divisão, e sim de unidade, e acrescentaria também que são também dias de força na fé, de serenidade firme nas decisões. É hora de coesão entre todos aqueles que querem de verdade servir à Igreja.
Uma última pergunta, que todo mundo quer fazer. Como o Santo Padre viveu estes acontecimentos? Podemos pensar, como alguém escreveu, que há instrumentalizações para atacar a Igreja e o papa?

Cardeal Tarcisio Bertone: Os ataques instrumentais sempre aconteceram, em todos os tempos. Mesmo na minha experiência de Igreja. Por exemplo, nos tempos de Paulo VI, que nem estão tão longe. Mas agora parece que foram ataques mais direcionados, ferozes, organizados. Eu gostaria de enfatizar que Bento XVI, como todos sabem, é um homem gentil, de grande fé e de muita oração. Ele não se deixa intimidar por ataques de nenhum tipo, nem pelos pré-julgamentos, pelos preconceitos. Quem trabalha com ele acaba sendo sustentado por esta grande força moral do papa Bento XVI, que, como já disse em outras ocasiões, é um homem que ouve a todos, é um homem fiel à missão que recebeu de Cristo, que vai em frente e que percebe muito bem o carinho do povo. Especialmente nestes dias, ele sentiu o grande carinho das pessoas mais próximas dele, jovens e famílias com crianças, que aplaudiram freneticamente o papa. Eu acho que a viagem a Milão lhe deu mais forças. Além disso, eu quero enfatizar uma palavra que ele tem repetido muito, que ele repetiu inclusive justo antes de partir do arcebispado de Milão: é a palavra coragem. Ele a disse para os jovens, para os jovens que querem começar uma família. Ele a disse às famílias carentes e também a disse às autoridades, e a diz para toda a Igreja. Ele diz esta palavra porque está interiormente convencido dela, é a sua força, que vem da fé e da ajuda de Deus. E por isso é que ele diz a todos: coragem! E disse também para as vítimas do terremoto. Eu repito: eu gostaria que interiorizássemos esta palavra junto com o papa, sob a orientação do papa.

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