Pe. David Francisquini
Vimos em artigo precedente
que regular o comportamento humano pela sensibilidade equivale recusar a
inteligência que iluminada pela fé pode conhecer verdades superiores
como as reveladas pelo próprio Deus. Eis a razão pela qual Caim foi
censurado, pois foi lhe dito que possuía as rédeas nas mãos para dominar
os seus instintos animais.
Lastreado em ensinamentos do Papa Pio IX, tratamos ainda do bom
entendimento entre a inteligência e a fé, além de das relações entre
ciência e religião, concluindo que a ciência não pode dominar nem
prescrever o que se deve crer e aceitar em matéria religiosa.
Acenamos ainda para a teoria modernista ao afirmar que a contínua
transformação de tudo obriga a Igreja a se adaptar à realidade dos fatos
do tempo, não podendo condenar seus erros e vícios, procedimento este
que vem causando enorme prejuízo à grei de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Hoje, encontramo-nos rodeados do permissivismo mais desbragado em
nome da teoria “é proibido proibir” que baliza todos os campos do
pensamento e da ação do homem. Com efeito, não se condena mais nada,
pois não há distinção entre verdade e erro, bem e mal, belo e feio quer
nos ambientes quer nos costumes.
Os erros condenados outrora por muitos Papas extravasaram dos limites
temporais e de há muito atingiram a sociedade espiritual, com sua nova
concepção sobre sacramentos, culto, exegese, pastoral, pois tudo deve
ser feito segundo os impulsos internos das pessoas.
São Pio X ensina que os inimigos da revelação divina ao exaltar o
progresso humano, visam introduzir na religião católica um
aperfeiçoamento puramente humano, pois julgam que a revelação não é
perfeita e, por isso, está sujeita ao progresso contínuo da razão.
O Concílio Vaticano I afirmou que a doutrina da fé revelada por Deus
não é sujeita à razão humana para ser aperfeiçoada, mas é um depósito
confiado à Igreja que a guarda com fidelidade e a propõe com
infalibilidade.
Em recente advertência, aliás muito oportuna, o cardeal Raymond Leo
Burke, Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, numa
entrevista ao periódico mensal “Catholic Servant” dos Estados Unidos nos
orienta: “Não combatemos adequadamente os erros modernos, porque não
nos foi ensinada a fé católica, sobretudo na profundidade necessária
para enfrentarmos os graves males do nosso tempo. Uma falência da
catequese, seja a catequese (…) realizada nos últimos 50 anos”.
Ainda sobre a moleza dos católicos em combater o erro, o cardeal
afirma que a exaltação da virtude da tolerância falsamente concebida
conduz a tolerar ações imorais, a ponto de parecer que apoiamos a moral
equivocada. A tolerância é uma virtude, mas a principal que é a
caridade. E caridade é falar a verdade, especialmente a verdade sobre a
vida humana.
E acrescenta que devemos condenar estas ações, “pois estão em
desacordo com a própria natureza, como Deus a criou.” É preciso dizer,
nota o cardeal, um basta “ao falso sentido de diálogo que se
infiltrou também na Igreja. Não é mais possível reconhecer publicamente
aqueles que apoiam violações abertas à lei moral, nem render a eles
quaisquer tipos de honras. Isto é um escândalo, uma contradição, um erro”.
Pe. David Francisquini é sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira-RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário