quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O ÓDIO MAÇÔNICO CONTRA DEUS E A IGREJA CATÓLICA

catolicosribeirao
 
 
religion-overthrowing-heresy-and-hatred (1) 
Abordemos agora a primeira questão que fizemos, e vejamos se a Maçonaria se ocupa da religião, inversamente ao que os maçons de nossos dias gostariam de nos persuadir. Ainda aqui nos limitaremos em invocar a autoridade dos membros mais ilustres da Ordem.
Chemin-Dupontès, em um escrito que as sumidades maçônicas coroaram, se expressa nestes termos:
“Ah se pudesse me entregar aos desenvolvimentos necessários para comparar o culto maçônico aos outros sistemas religiosos! Eu demonstraria, por nossos princípios, por nossas cerimônias, pelo próprio aparato de nossos templos, que conservamos o que há de mais puro, de mais racional, nos cultos antigos e modernos[1]“.

Lemos no Boletim do Grande Oriente (julho de 1848, p.172):

“Assim como há um direito natural, que é a fonte de todas as leis positivas, também há uma religião universal, que contém todas as religiões particulares do globo. É esta religião universal que professamos”.

Rebold é ainda mais explícito:

“Por que, então, a Maçonaria, instituída desde sua origem como uma sociedade civil e religiosa, sempre teve templos consagrados por ela, assim como se faz em todas as religiões? Por que ela tem seu culto próprio, seus símbolos particulares? Em suas cerimônias, ela também não presta homenagem ao Ser supremo, que ela não chama, é verdade, nem de Jeová, nem de Deus, nem de Alá, pois, assim como ela admite em seu seio homens de todos os países, e, assim, de crenças diferentes, ela deve representar a Divindade sob uma forma geral, compreensível para todos, mas que olhe o universo como a mais bela, a mais perfeita arquitetura?
Enfim, em 14 de janeiro de 1818, o Grande Oriente da França propunha aos adeptos a solução de uma questão assim concebida:

“Como restituir à Maçonaria o caráter religioso que lhe é próprio?[2]“

Pelo o que acabamos de ler, é fácil ver que as sociedades maçônicas, qualquer que seja seu nome, não se desinteressam pelas questões religiosas. Podemos acrescentar, com provas em mãos, que elas são violentamente hostis à Igreja católica.
“Maçonaria e Catolicismo, lemos no Le Présent et l’Avenir da Maçonaria (Leipsig, 1854, p.116), se excluem mutuamente. Supor uma Maçonaria cristã seria supor um círculo quadrado, um quadrado oval[3]“.

L’Humanitaire, órgão creditado do Grande Oriente de Palermo, não é menos categórico:

“A Maçonaria, diz ele, aspira restaurar a questão religiosa em seus verdadeiros termos. A religião desfigurada, profanada pelos padres, deve se elevar à altura da moral universal. A Maçonaria vê a religião, não nas diferentes seitas religiosas que dividem os povos, mas nos princípios eternos de justiça e de amor que ligam os homens entre si. Ela se separa do sacerdote para se aproximar da verdade; ela a reverencia não nas práticas pueris, mas no santuário da consciência. Dessas premissas jorram logicamente o grande princípio da liberdade das consciências”.

Lemos na Revue maçonnique de janeiro de 1818, na página 31:

“Quando se ataca o lado religioso da Ordem, combate-se uma quimera. À exceção de algumas Lojas particulares, a grande maioria da Ordem, não somente não admite o cristianismo, mas ainda o combate em demasia”.

Voix de l’Orient, que já citamos, se expressa nesses termos:

“Por que, em todo o ritual maçônico, não descobrimos o menor traço do Cristianismo religioso? Por que o nome do Cristo não é proferido uma única vez nem nos juramentos, nem na oração recitada antes da abertura da Loja de mesa? Por que em toda a Maçonaria não encontramos um único símbolo cristão? Por que exclusivamente o compasso e o esquadro? Por que não vemos figurar aí a cruz e os outros instrumentos de suplícios sofridos pelos mártires? Por que, no lugar das palavras: “Sabedoria, Força, Beleza”, não adotamos a divisa: “Fé, Esperança, Caridade”? É porque uma Maçonaria cristã é tão impossível quanto um círculo quadrado”.

[...] Iremos extrair algumas passagens de um discurso pronunciado na loja de Liége, há poucos anos. Lendo-nas, poderemos nos convencer do ódio que os maçons devotaram ao catolicismo:

“O espírito humano, cego pela teologia, diz o orador, não deu nenhum passo adiante.
A superstição influiu sobre tudo e serviu para corromper tudo. 
A filosofia, guiada por ela, não passou de uma ciência imaginária. 
Em todas as dificuldades fizeram intervir a divindade, e, desde então, as coisas só se complicaram mais e mais; nada pôde esclarecê-las.
Daí os cismas teológicos, filosóficos; daí as religiões inventadas por impostores mais ou menos hábeis. Se a religião cristã se provasse vinda de Deus ou da natureza (visto que essas palavras significam o mesmo agente), seria preciso admiti-la com submissão, e, aliás, ela se encontraria perfeitamente em relação com nossa organização e com a natureza, visto que ela proviria dela.
Permitam-me, meus irmãos, tratar com vocês um instante sobre este assunto.
O nascimento e o progresso desta religião demonstram sua humanidade; o exame dos dogmas e da moral que ela ensina revela suficientemente seu autor; pois o que ela tem de bom foi pilhado entre os autores pagãos, e, no que ela tem de singular em seu fundador, ela não vale nada.
Antes de provar a existência da religião, seria preciso provar a existência de Deus, desse Deus que falou aos homens e que lhes disse exatamente as mesmas coisas que ela nos propõe como artigos de fé…; se a revelação foi feita por escrito, eles deveriam mostrar os originais, reproduzi-los em letras indeléveis, inteligíveis para todos, e revestidos com o selo da divindade de quem eles os conservaram.
E, quanto a seus ministros, a má conduta do sacerdócio em geral e a perversidade de um grande número de particulares que o compõe, degradam a majestade do primeiro Ser que eles supõem, e aniquilam o respeito que o preconceito lhes devota. Não nos persuadimos muito de que uma fonte tão pura possa produzir tantas imundices, e a consequência que espíritos atentos tiram da contradição que há entre o caráter dos padres e sua conduta geral e particular, é o maior princípio do descrédito cujo eles se cobriram”.

E mais adiante:

“Ainda que a religião cristã fosse liberta desse sacerdócio brutal, dessas imposturas e de sua inquisição escandalosa, ele não seria mais verdadeira por isso, não seria austera. As pessoas instruídas ainda só lhe deveriam o respeito exterior, e deixariam ao vulgar esses baixos motivos para ser virtuoso, essas penas e recompensas e esta eternidade quimérica de felicidade ou de desgraça”.
Assim, segundo o orador que citamos, a teologia cegou o espírito humano, a existência de Deus está distante de ser provada, tudo o que o cristianismo contém de bom nos vem dos autores pagãos, o clero católico é um amontoado de celerados, e as cerimônias do culto devem ser consideradas como fingimentos. Quanto aos dogmas da espiritualidade da alma, das penas e das recompensas ensinadas pela Igreja, os homens esclarecidos devem se recusar a admiti-los, pois eles são dignos apenas das inteligências vulgares.
O discurso do orador termina pela exortação abaixo:
“A felicidade de todos nos impõe a obrigação sagrada de combater a chaga da espécie humana, a superstição (ou seja, o catolicismo), e de lhe substituir o código sublime da moral e da natureza”.
Esta luta da Maçonaria contra a Igreja deve ser tão ardente quanto efetiva. Segundo o ritual do grau do cavaleiro de Kadosch, o recipiendário é obrigado a furar uma cobra com três cabeças, das quais uma está coberta com a tiara.
O F.. Ragon, explicando os sentidos dessa cerimônia, se expressa nesses termos:
“O punhal, que amedronta a multidão ignorante dos maçons, não é esta arma que colocamos nas mãos jesuíticas; mas é tão somente o punhal mitríaco, a gadanha de Saturno; assim, este atributo dos eleitos recorda novamente aos perfeitos iniciados o império dominante do bem e do mal, simbolizados pelo cabo, que é branco, e pela lâmina, que é negra. Esta arma, na moral, recorda aos grandes eleitos que eles devem continuamente trabalhar para combater e destruir os preconceitos, a ignorância e a superstição”.
Lamentamos ter que acrescentar que a Maçonaria contemporânea, longe de rejeitar as doutrinas que acabamos de expor, impele mais adiante o ódio a todo princípio religioso. É o que iremos demonstrar, por meio de citações cujas ninguém sonhará em contestar o valor.
Todo mundo sabe que o rei Leopoldo era maçom. Em sua morte, o Grande Oriente da Bélgica lhe prestou as honras fúnebres. Entre as inscrições cuja Loja estava ornada, lia-se esta aqui: “A alma emanada de Deus é imortal“. Os irmãos de Louvain não se agradaram com esta profissão de fé. Eles acusaram o Grande Oriente de desprezar a liberdade de consciência, afirmando de um modo oficial o dogma da existência de Deus e da imortalidade da alma. Tentaram, mas em vão, acalmar a irritação dos espíritos. O Grande Comitê teve de intervir. Ele resolveu a questão do modo mais simples; ele recordou que:
“Desde o ano passado, o Grande Oriente tinha, em uma circular dirigida a todas as lojas de sua obediência, professado o princípio da liberdade de consciência… e que, por seguinte, não lhe pertencia estabelecer, em fato de religião ou de filosofia, um corpo de doutrina ao qual os irmãos fossem obrigados a se conformar… Se o princípio da imortalidade da alma, continua o Grande Comitê, aparece nos ritos, ou nos formulários; se a ideia de Deus aí se produz sob a denominação do Grande Arquiteto do universo, há aqui apenas tradições da Ordem; porém, o Grande Oriente nunca impôs nem proclamou um dogma sobre nenhum desses pontos. Atualmente, prossegue ele, seria pueril se fixar, sob pretexto de uma fórmula que não acarreta nenhum pensamento e nem arrasta nenhuma consciência, em questões que não podem conduzir a nenhuma solução[4]“.
Está bem entendido que aos olhos da Maçonaria belga a existência de Deus e a imortalidade da alma devem doravante ser relegadas entre as curiosidades do museu das antiguidades, e se a Loja do Grande Oriente ainda se permite falar nisso, é somente à título de memória.
A mesma questão foi levantada na França em 1865. Trata-se de saber se suprimiriam ou se conservariam a fórmula célebre: À glória do Grande Arquiteto do universo. O F.. Brémond, um dos mais altos dignitários da Ordem, se expressou assim diante da Constituinte, no tribunal do qual se tinha diferido o litígio:
“Se buscarmos nossas origens nos mistérios da antiguidade, deveremos reconhecer que a tradição sagrada oposta ao politeísmo vulgar se fundamenta sobre duas crenças superiores: a existência de um Deus único, a imortalidade da alma. Essas duas crenças, a Maçonaria não as impõe, mas ela as conserva e as proclama, como ela mantém a honra de proclamar e de conservar sua divisa, que diz todos os homens livres, iguais e irmãos”.
A assembleia de 1867 se associou, sem hesitar, a esta teoria, que não difere sensivelmente daquela do Grande Oriente da Bélgica.
No mesmo ano, o grão-mestre da Loja de Nápoles fez a seguinte declaração sob os aplausos dos maçons reunidos:
“Invocamos, é verdade, o G..A..D..U.., mas isso não passa de uma expressão genérica, que dá a cada um a condição de remontar à causa primeira: também dirigimos o juramento a este ser que cada um aprecia segundo sua respectiva crença[5]“.
Em outros termos, crendo ou não em Deus, para nós isso é perfeitamente a mesma coisa; conservamos, por respeito às tradições da Ordem, a fórmula relativa ao Grande Arquiteto do Universo, deixando aos irmãos o cuidado de não citar, se isso lhes agradar, o ser quimérico ao qual a superstição deu o nome de Deus.
Henri Martin tendo tido a desastrosa inspiração de escrever que a Maçonaria era deísta, dois maçons de uma autoridade incontestável, os FF.. Caubet e Massol, se apressaram em lhe provar que não ele passava de um ignorante:
“A Maçonaria, dizem eles em forma de conclusão, é uma instituição fundamentada sobre o direito, livre de todo julgo da Igreja e do sacerdócio, de todos os caprichos dos reveladores e de todas as hipóteses dos místicos (Henri Martin um místico!!!). Sua força consiste completamente em sua espontaneidade, em sua liberdade, e esta liberdade faz da Maçonaria uma associação soberanamente progressiva, aberta a todos os movimentos gerais nobres da opinião, e criada, consequentemente, para iniciativas poderosas”.

O franco maçom Rey, da loja O Futuro, fez uma profissão de fé de onde o equívoco é excluído:

“Esperando, diz ele, que o bem não pode existir fora do verdadeiro e que não existe verdade fora daquilo que nos vem pela ciência; importa separar a moral progressiva e científica dos dogmas antiquados, condenados pela razão e reprovados pelo sentimento; pois a consciência rejeita as doutrinas religiosas que regem o homem pelo medo; pois essas doutrinas separaram os homens, falseando a moral e corrompendo a noção do direito…; pois a comunidade de ação, dando o exemplo, sustento e força, pode sozinha tornar fácil a luta de uma vida racional contra o costume e os preconceitos, os subscrevendo, rompendo com as doutrinas que eles rejeitam em princípio, se obrigando a não receber sacramentos de nenhuma religião”.
“Proudhon, um dos maiores espíritos deste século, não foi maçom? Os jovens do Congresso de Liége não foram recebidos como maçons? Sim, certamente; estendemos a mão para eles e lhes dissemos: “Trabalhem conosco”. Ora, Proudhon era ateu, e os estudantes do Congresso de Liége não hesitaram em afirmar que a moral evangélica é falsa e conduz à depravação dos espíritos; que é preciso estilhaçar as mansardas do céu; que a revolução é o triunfo do homem sobre Deus; que o culto do futuro é o ateísmo, etc, etc..”
“A ideia de Criador, diz o V.. Frapolli, é um produto da ignorância, daí a Onipotência de um Deus pessoal hipotético, Pai eterno ou Deus barbudo; daí a abjeção atribuída às criaturas, a dominação e a servidão, a luta e a desordem no mundo[6]“.
Por vezes, alguns se comprazem em representar os maçons como formando uma sociedade mais ridícula do que perigosa, e cujos disfarces grotescos tem poderosamente contribuído para aumentar a reputação junto dos espíritos simples.
A Maçonaria é, ao contrário, uma coalizão de sectários fanáticos e militantes.
“Uma grande missão foi confiada aos maçons, dizia Méri Fortani aos membros da Loja de Lucques, a de desenraizar os preconceitos antigos, de combater o obscurantismo, de revelar ao povo crédulo e enganado as condutas pérfidas dos jesuítas e dos paulinos, de arrancá-lo das mãos desses retrógrados para conduzi-lo no caminho do progresso, e moralizá-lo pela instrução, para proclamar a fé maçônica, sustentar sua bandeira alto e firme. Em vão os filhos das trevas procuram abatê-la: a luta entre esses e os apóstolos da luz não durará por muito tempo”.
As citações que acabamos de ler são suficientes para demonstrar aos mais incrédulos que o fim da Maçonaria, considerado sob a questão religiosa, é de arruinar toda crença no espírito do povo, e de nos reconduzir rumo a um estado muito mais medonho que a barbárie. 
La Franc-Maçonnerie, révélations d’un Rose-Croix a propos des événements actuels. 
__________
[1] Encíclica maçônica, V. II, p. 22. [2] Rebold: Hist. des trois Gr. Loges, p. 210. [3] La Voix de l’Orient, Manuel pour les Francs-Maçons. [4] La Franc-Maçonnerie soumise au grand jour de la publicité. [5] Bulletin du Gr. Orient de la Maçonnerie en Italie, t. II, p. 31. [6] Bulletin du Gr. Orient de la Maçonnerie italienne (dez, jan de 1864, 1865).

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