Jocelir Vizioli atraía gente de toda a região para Rio Claro por fazer 'curas'. Congregação Claretiana não informou o que teria motivado sua saída.
Fiéis realizaram terceira vigília pela volta do padre de Rio Claro (Foto: Vitor Liasch/Arquivo Pessoal)
A saída do padre Jocelir Leo Vizioli, de 56 anos, da Paróquia Nossa Senhora do Caravaggio, em Rio Claro
(SP), tem gerado protestos de milhares de fiéis da cidade e da região,
já que o destino dele não foi divulgado. O motivo da transferência
também não foi informado oficialmente e desde a última missa, no dia 13
de janeiro, três vigílias foram feitas pedindo a volta do missionário
que chegou a reunir 9 mil fiéis e era conhecido por fazer 'curas'. A
próxima vigília será nesta sexta-feira (7), às 19h, em frente à
paróquia.
Padre Jocelir trabalha em Rio Claro há 13 anos
(Foto: Reprodução/TV Globo)
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Procurada pelo G1, a Diocese de Piracicaba,
que responde por Rio Claro, informou que a transferência do padre
Jocelir não é de responsabilidade da Cúria Diocesana. Segundo a
assessoria de imprensa, a saída dele é de competência da Congregação dos
Claretianos, da qual o presbítero pertence. Por telefone, uma
voluntária da Casa Claretiana, em Rio Claro, informou que a
transferência do padre ainda não foi definida e que, por enquanto, as
missas estão suspensas. O padre não atendeu as ligações feitas pela
reportagem.
Desde a suspensão das missas, o projeto coordenado pelo padre e que
oferecia atendimentos médicos, odontológicos, cestas básicas, além de
esporte e lazer, está parado. Até o momento, nenhum substituto foi
nomeado para assumir a paróquia.
Missas do padre atraíam milhares de fiéis em
Rio Claro (Foto: Reprodução/Facebook)
Rio Claro (Foto: Reprodução/Facebook)
Nas redes sociais, uma página com o nome do missionário no Facebook,
seguida por mais de 18 mil pessoas, é atualizada constantemente com
palavras da Bíblia e mensagens de fé, entretanto, não há comentários ou
justificativas sobre sua saída.
Desde o anúncio de sua transferência, um grupo criado na mesma rede
social, que já conta com 3,6 mil membros, pede a volta de Jocelir e
organiza as vigílias, que servem também de protestos.
“Queremos a volta dele, ou pelo menos entender o que está acontecendo. Nem a gente nem o padre Jocelir sabe o que será feito”, disse a dona de casa Marcia Regina Moreno. Ela frequenta as missas do padre desde 2009. “Me fortalecem muito, eu era muito desacreditada antes e mudei bastante”, contou a fiel seguidora.
“Queremos a volta dele, ou pelo menos entender o que está acontecendo. Nem a gente nem o padre Jocelir sabe o que será feito”, disse a dona de casa Marcia Regina Moreno. Ela frequenta as missas do padre desde 2009. “Me fortalecem muito, eu era muito desacreditada antes e mudei bastante”, contou a fiel seguidora.
"Toda segunda-feira saíam duas ou três vans da minha cidade com pessoas
para ver a missa do padre Jocelir. Eu ia sempre, ele sempre fez bem pra
gente", comentou o aposentado Perácio Conceição, de Águas de São Pedro.
Polêmica
Além de pregar a palavra da Igreja Católica, Jocelir é conhecido por suas bênçãos individuais ao final das missas, o que atraía cerca de 800 fiéis por dia. Para a funcionária pública Elaine Oliveira, esse seria o motivo da transferência. “O bispo disse que isso que ele faz é um ato de curandeirismo, mas não é isso, dá um alívio na gente e é bom”, afirmou.
Além de pregar a palavra da Igreja Católica, Jocelir é conhecido por suas bênçãos individuais ao final das missas, o que atraía cerca de 800 fiéis por dia. Para a funcionária pública Elaine Oliveira, esse seria o motivo da transferência. “O bispo disse que isso que ele faz é um ato de curandeirismo, mas não é isso, dá um alívio na gente e é bom”, afirmou.
Segundo ela, alguns atendimentos chegavam a parecer um 'exorcismo'. “Às
vezes alguma pessoa se estrebuchava no chão, mas a pessoa saía leve,
quando era necessário ele jogava água benta ou passava a própria
estola”, afirmou.
Segundo fiéis, bênçãos individuais podem ter
causado transferência (Foto:Reprodução/TV Globo)
causado transferência (Foto:Reprodução/TV Globo)
No site do padre, ele descreve esses atendimentos como uma “proteção”.
“A aspersão com água benta no final da missa é uma maneira de recordar o
nosso batismo e invocar a proteção e a bênção do Senhor”, afirma na
página na internet.
No mesmo site, os fiéis podiam conferir as transmissões ao vivo de suas missas e ajudar na arrecadação de fundos para Associação Filhos de Nossa Senhora do Caravaggio (Afinsc).
A associação deu início ao Projeto Terra Nova, que atende duas mil
famílias, incluindo 560 crianças. “Ele fazia uma arrecadação alta nas
missas, comprava cabeça de gado, fazia leilão e chegava a triplicar o
dinheiro arrecadado para ajudar no projeto”, comentou Elaine.
Histórico
Gaúcho, o padre Jocelir vive em Rio Claro há 13 anos e aos poucos
atraiu uma multidão para suas missas. Durante seu último sermão, que foi
feito no dia 13 de janeiro e está disponível no YouTube, relembrou que sua primeira missa atraiu 14 pessoas. Há quatro anos precisou erguer um novo local para abrigar seus seguidores.
A igreja Nossa Senhora do Caravaggio foi construída em oito meses,
com ajuda dos fiéis. As missas aconteciam sempre às segundas-feiras,
quando atraíam até 9 mil pessoas, e às sextas, com um público de 5 mil
fiéis.
Antes de deixar Rio Claro, ele negou o boato de que iria para
Moçambique dar continuidade em um projeto dos claretianos, mas também
não comentou para onde iria. “O que vai acontecer da minha vida eu não
sei, mas não vou parar de pregar a palavra de Deus”, afirmou.
Claretianos
Por telefone, a voluntária Sabrina Esteves, da Casa Claretiana de Rio
Claro, confirmou que ainda não há uma definição sobre a transferência do
padre Jocelir. Segundo ela, a decisão final deve ser tomada após uma
reunião com o provincial responsável pela congregação, Marcos Loro, que
está em viagem ao exterior. O G1 tentou contato com Loro por telefone, mas não obteve retorno.
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