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Por Diácono Marcos Gayoso*
A motivação teológico-espiritual vem de Jesus que se apresentou como o servidor de todos.
| O diaconato é uma das vocações da Igreja. Não basta querer. É preciso que Deus tenha feito esse chamado.
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Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja restaurou o
diaconato como grau Permanente do Sacramento da Ordem. Não aboliu o
celibato, mas permitiu que homens casados pudessem ser ordenados
diáconos, deixando, assim, o seu estado laical, e passando a fazer parte
do clero diocesano, compondo a estrutura hierárquica da Igreja
(bispos-presbítero-diácono).
É importante notar que a vocação diaconal surge, concretamente, no
livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 6, a partir do versículo 1. Nesta
passagem encontramos a instituição dos sete primeiro diáconos, que
tiveram como missão servir às viúvas e órfãos dos cristãos de origem
grega. Foram instituídos para manter a unidade e a paz dentro da
comunidade dos seguidores de Jesus.
A motivação teológico-espiritual do diaconato vem de Jesus que se
apresentou como o servidor no meio de todos. “Eu estou no meio de vós
como aquele que serve (Lc. 22,27)”. Em outra passagem, “porque o Filho
do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e para dar a
sua vida como resgate em favor de muitos” (Mc 10,45//Mt 20,28). E o Lava
Pés, último gesto de serviço, Jesus afirmou: “pois bem, eu que sou o
Mestre e o Senhor lavei os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo:
vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13,14-15). Esta deve ser
a perspectiva de todo aquele que se apresenta para ser diácono: o
serviço. Todo vocacionado ao diaconato deve ter diante de si a
capacidade de se colocar no lugar de quem serve.
Ao acolher aqueles que buscam colocar sua vida a serviço da
comunidade local e da Igreja como diáconos permanentes, a Arquidiocese
do Rio de Janeiro destaca alguns pontos de discernimento para esta
vocação específica.
O processo de discernimento vocacional deve levar em consideração
quatro critérios objetivos: pessoais, eclesiais, familiares,
comunitários (cf.Documento 96 da CNBB – “Diretrizes para o Diaconato
Permanente da Igreja no Brasil – Formação, Vida e Ministério”. n.
135-147).
Quanto aos critérios pessoais, deve-se observar “saúde; idade
canônica para ordenação (25 para solteiros e 35 para casados); situação
civil e profissional; capacidade de liderança; autocrítica e interesse
pela formação permanente”.
Os critérios eclesiais referem-se à atividade pastoral desenvolvida
pelo candidato dentro da Igreja. Deve apresentar “maturidade na fé; ter
uma visão da Igreja solidária com a realidade atual; capacidade para
ouvir, dialogar e acolher; vida sacramental; espírito de oração e de
contemplação; espírito de serviço, principalmente aos mais pobres;
interesse pelo estudo da Palavra de Deus e da doutrina da Igreja”.
Em relação aos critérios familiares, se o candidato for casado,
deverá a esposa dar o seu consentimento e aceitação, bem como os filhos;
ter estabilidade na vida matrimonial; mínimo de cinco anos de vida
matrimonial.
Os critérios comunitários devem contemplar: a “consciência de que
será diácono da Igreja e não de um grupo ou comunidade determinada;
engajamento pastoral de cinco ano ou mais; visão do ministério como dom e
serviço; união com os bispos-presbíteros-diáconos; visão de pastoral de
conjunto; abertura missionária; aceitação pela comunidade e pelo
presbítero.
Na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, a caminhada para o
diaconato é composta de um período Propedêutico, onde se aprofunda a
vocação diaconal. Em geral dura oito meses (podendo ser ampliada para
alguns em determinados casos). Em seguida, dá-se a entrada na Escola
Diaconal Santo Efrém, período maior da formação, de quatro a cinco anos.
E por último, o escrutínio, ou seja, visitas feitas à comunidade e à
família do candidato antes da provável ordenação.
O processo inicia-se em janeiro com apresentação do candidato à
Comissão Arquidiocesana dos Diáconos Permanentes (Cadiperj), que avalia
as indicações das comunidades junto com o corpo diretor da Escola
Diaconal.
O diaconato é uma das vocações da Igreja. Não basta querer. É preciso
que Deus tenha feito esse chamado. E que a Igreja, através daqueles que
são colocados para ajudar no discernimento, identifique elementos
mínimos para essa vocação.
Arquidiocese Rio, 04-11-2015.
*Diácono
Marcos Gayoso: Relações Públicas da Comissão Arquidiocesana dos
Diáconos Permanentes da Arquidiocese do Rio de Janeiro (CADIPERJ).
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