terça-feira, 6 de junho de 2017

O mistério de Lina, que deu à luz aos 5 anos de idade

[aleteia]


Hoje com 83 anos, ela nunca revelou quem é o pai de seu filho

 


Sim, esta é uma história real, documentada e comprovada. Em 1938, a pequena Lina Medina tinha 5 anos de idade quando seus pais a levaram ao médico por suspeita de tumor no estômago, após tentarem sem sucesso descobrir junto aos curandeiros de sua aldeia o motivo do “inchaço” que a menina sofria. O que tanto os pais quanto os médicos descobriram, porém, foi que Lina estava grávida de 7 meses.
O caso inacreditável aconteceu no Peru e foi detalhadamente documentado pelo Dr. Edmundo Escomel para La Presse Medicale. Além da gravidez, ele reportou que a menarca de Lina teria ocorrido aos 8 meses de idade e que os seus seios começaram a se desenvolver aos 4 anos. À idade de 5, Lina já demonstrava alargamento pélvico e maturação óssea avançada.

Foram as suas condições hormonais raríssimas que permitiram que, aos 5 anos, 7 meses e 21 dias, Lina Medina se tornasse a mãe mais jovem já documentada pela medicina em toda a história da humanidade. Apesar de todos os riscos, ela deu à luz por cesariana em 14 de maio de 1939 – nada menos que o dia das mães no Peru.
Seu filho, que nasceu com 2,7 quilos, recebeu o nome de Gerardo em homenagem ao médico responsável pelo parto, o Dr. Gerardo Lozada.

Embora fisicamente amadurecida, Lina, que afinal era uma criança, preferia brincar com bonecas a cuidar do bebê. Gerardo era alimentado por uma enfermeira e foi criado por um tio, acreditando que Lina fosse sua irmã. Ele só ficou sabendo da própria história aos 10 anos de idade, a partir de episódios de bullying na escola. Gerardo cresceu saudável, mas, aos 40 anos, perdeu a batalha contra uma doença na medula óssea. Nunca foi confirmada qualquer relação entre essa doença e as circunstâncias do seu nascimento. Gerardo morreu em 1979.

Quanto a Lina, cresceu na mesma miséria em que tinha nascido, sem qualquer assistência do governo peruano. Ela vive até hoje e mora num bairro pobre de Lima, a capital do seu país. Casou-se em 1972 e chegou a ter outro filho aos 38 anos de idade. Hoje com 83 anos, Lina jamais revelou o nome do pai do seu primeiro filho.
Este, aliás, é o grande mistério que a envolve. A gravidez pode ser explicada pelo desequilíbrio hormonal, mas a identidade do homem que a engravidou aos 5 anos de idade sempre foi um enigma. O pai da própria Lina, Tiburcio Medina, chegou a ser preso sob a acusação de estuprá-la, mas, sem provas, foi libertado. As suspeitas recaíram então sobre um irmão de Lina que sofria de deficiência mental. Autoridades da época levantaram também a hipótese de que a menina tivesse sido forçada a participar de rituais indígenas em que seriam comuns orgias e violações.

Humilhações e absurdos

Como se não bastasse o estupro sofrido e toda uma trajetória de miséria, Lina enfrentou humilhações indignantes ao longo da vida.
Logo após dar à luz aos 5 anos de idade, ela se tornou notícia internacional e começou a atrair atenções inusitadas de diversas partes do mundo. Em um dos casos mais chamativos, chegaram a oferecer mil dólares por semana e o pagamento das despesas necessárias para que Lina e o filho fossem colocados em exposição na Feira Mundial de Nova Iorque.
Também houve propostas mais decentes, oferecendo ajuda financeira à menina e seu bebê, mas o Estado peruano as proibiu alegando que Lina e Gerardo corriam “perigo moral”. O governo criou uma comissão para protegê-los, mas, seis meses depois, os abandonou à própria sorte.
Lina passou onze meses no hospital depois do parto e só pôde voltar para o convívio da família com autorização da Suprema Corte.
Em 1972, quando se casou com Raúl Jurado e teve o seu segundo filho, Lina e o marido sofreram mais um baque: a casa em que moravam foi desapropriada e demolida pelo governo a fim de abrir espaço para a construção de uma rodovia. Eles não foram indenizados.
Várias pessoas lhes ofereceram ajuda e apoio ao longo dos anos. O próprio Dr. Gerardo Lozada lhe deu emprego como secretária em sua clínica, e outro médico intercedeu judicialmente para que Lina recebesse uma pensão do Estado peruano, em um processo longo, burocrático e doloroso.
Mesmo assim, Lina mora hoje, aos 83 anos de idade, no bairro limenho de Chicago Chico, uma região pobre e marcada por índices elevados de criminalidade.
Sua história ímpar, como a de tantas pessoas de trajetória sofrida, atraiu mais curiosidade do que solidariedade.

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