sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O que é Fé, Esperança e Caridade?

[catolicaconect]
Por Vinicius Martinez


O que é Fé, Esperança e Caridade?

Palavras como Fé, Esperança e Caridade são muito conhecidas por nós católicos, mas muitos não sabem o que de fato elas significam. Afinal, o que é a Fé? Bom primeiramente sabemos que tanto a fé, quanto a esperança e a caridade, são virtudes teologais, ou seja, são dons de Deus que são (infusas) dadas à nós por ele — o Senhor.
Primeiramente vamos entender o que é a Fé. A Fé é um Dom de Deus, ela está em nossa Alma, o mecanismo da Fé é necessário para que sejamos salvos, pois quem crê será salvo, quem não crer não será salvo.
A melhor definição para Fé é nos explicada novamente pelo Doutor Angélico que nos mostra que: “A Fé é uma adesão intelectual a revelação, movida com assentimento ou seja pela vontade nossa, que por sua vez e movida pela graça dada por Deus a nós.” –, ou seja, a Fé não é um sentimento cego, um ato irracional, ela é intelectual.
O nosso intelecto — potência humana da alma que também foi nos dada por Deus para que reconheçamo-lo, adere pela autoridade de Deus, a uma revelação, neste caso a revelação do Verbo Eterno = Cristo.
Mas para que ocorra essa adesão, é necessário que ocorra um assentimento, isso é que tenhamos uma vontade, como a nossa vontade não é capaz de assentir suficientemente para que tenhamos a adesão intelectual.
Então é aí que entra a graça de Deus, pois com a autoridade de Deus conseguimos obter essa adesão e assim aceitando o Verbo e não a uma “ideia”, essa adesão intelectual não é a uma mera doutrina, mas a uma Pessoa de Deus, algo concreto.
Ademais. — Não seriamos capazes de aderir a um dogma, por exemplo, da Santíssima Trindade ou virgindade perpétua da virgem santíssima, meramente pela nossa potência intelectual ou vontade, é necessário que Deus faça por meio da graça que tenhamos a adesão a este dogma.
Eis aí que entra mais uma vez o Doutor Angélico –, a verdade ocorre quando um ente, ou seja, aquilo que é ou o objeto; entra em conformidade com o intelecto, ou seja como diz o Mestre: “a verdade é a adequação entre ente e intelecto”.
Aqui coloco o Intelecto como nós e o ente o Dogma, por meio da Autoridade de Deus que nos agracia na nossa potência intelectual, faz com que este entre em conformidade com o Dogma que é o ente, então tomamos o dogma por verdadeiro, e então ele se torna parte de nossa Fé.
Ademais — A fé é um dom de Deus, logo o Homem é feito para Crer. A Fé tem como objeto a Verdade Primeira. A verdade é a adequação entre ente e intelecto, a Fé é a adesão intelectual a revelação divina.
Ademais. — Sabendo que a Fé, é um dom infuso por Deus, pode-se criar uma analogia, imagine que a Fé é como um combustível de potência infinita, pois não se esgota — por mais que seja queimado, contudo o mesmo pode ser apagado, e para que esse combustível entre em combustão, é necessário um comburente, para que o combustível seja inflamado.
O comburente, seria como um alimento do fogo: Doutrina, eis da importância de pedirmos a graça de Deus que seria como a ignição neste processo –, e ao estudarmos a Doutrina sempre, estaríamos mantendo a chama acessa sempre, pois o mundo, a carne, o diabo, tem capacidade de remover o oxigênio: comburente — neste caso a doutrina de Deus, e com a falta de oxigênio, o fogo tende a se extinguir.

Que é a Esperança?

Vejamos se agora aderimos a Verdade primeira que é Deus, significa então que: Deus existe, Deus é soberano, Deus nos Ama, Deus quer nos Bem, Deus quer que sejamos salvos, Deus quer que nós o obedecemos, etc.
Ora se temos Fé que o cristianismo é a verdadeira religião, que Cristo veio ao Homem para nos resgatar, que por meio dele sejamos salvos e tenhamos a visão beatifica.
Ou seja, a contemplação da Verdade que é o fim último do Homem –, então obviamente isso significa que acreditamos nisso e se acreditamos — significa que esperamos que todas as promessas feitas pelo Cristo, sejam cumpridas. Mas como não chegou o grande momento da realização das grandes promessas de Cristo, cabe a nós esperarmos, conhece-se como Esperança.
Mas vale também ressaltar que há dois tipos de Esperanças: a humana natural e a sobrenatural, no caso estamos falando da Sobrenatural que é uma virtude teologal, no entanto é importante diferencia-las.
Mais uma vez recorro ao Doutor Angélico para explicar a diferença entre elas, a Esperança Natural é: Que seja de um bem, pois naturalmente não esperamos o mal; que esse bem seja futuro, pois não se espera o presente; que seja relativamente árduo, pois não se espera o que está à mão; que seja possível, pois naturalmente não se espera o impossível.
Agora vejamos a Esperança Sobrenatural: que o bem esperado seja: Deus; que não seja alcançável por meio de nenhuma criatura, senão por Deus mesmo, mediante a sua graça.
Ademais. — Como esperar algo infinito como Deus? Como esperar algo que é impossível pelos conceitos meramente humanos como a: felicidade eterna, vida Eterna, ausência de sofrimento, justiça e etc.? Obviamente que só é possível ter Esperança em algo tão grande e supremo somente pela graça de Deus, isso se chama: Esperança.

Que é Caridade?

Agora entramos na mais fina virtude teologal que é resultado das duas anteriores, ora se temos Fé, significa que acreditamos na revelação de Deus, se temos Esperança, significa que temos a inspiração para perseverar, e também significa que temos em nós os valores que foi nos dado a partir da revelação de Deus, para pratica-los.
Eis aí que entra a Caridade — que é a forma visível da Fé, é a Caridade quem confirma a Fé e Esperança, daqui que temos como afirmação: “A fé sem obras é morta.” –, Pois significaria que não aderimos à revelação de Deus, isso implicaria em outras palavras a uma negação dos mandamentos: Ama o Próximo como a ti mesmo, de Ajudar os Pobres, de Ensinar os necessitados e evangelizar e etc.
A Caridade é Amor, assim como é uma forma de amizade com Deus; Deus nos Ama –, logo devemos amar a Deus e se Deus nos ama significa que também devemos amar o próximo, logo temos a ordem: Amar a Deus, a si e ao próximo.
Ademais. — Um corpo sem alma é morto, assim é a fé sem obras. Agora a peça fundamental é distinguir a Caridade que é algo Sobrenatural, do ato natural de ajudar o próximo, exemplo: Uma pessoa que doa milhões de milhões de reais para pessoas pobres é necessariamente uma pessoa caridosa?
Negativo, ela cumpre o seu papel enquanto Homem, ela está cumprindo — Filantropia, a Filantropia neste contexto encontramos até mesmo nas criaturas que não possuem a potência intelectiva, é o caso dos animais que só possuem a potência sensitiva, vemos claramente nos animais que eles possuem um vínculo de ajudar uns aos outros.
Não é difícil vermos cenas bonitas de animais sentindo tristeza por ver outro doente, ou morto, quando um predador tenta matar um membro de um bando e os outros se juntam para se defender do ataque, isso faz parte da potência sensitiva.
Já a Caridade opera na potência intelectiva isso é nos seres racionais que são os seres humanos, veja a Caridade não existe se a pessoa não possui Fé ou Esperança, pois para que seria necessário o agir em vista de um bem, se nós não temos uma Esperança que sejamos — recompensados por isso?
Ademais. — Veja que a Caridade é um dom tão grande que é dado por Deus, que deixa uma clara diferenciação da mera Filantropia e Caridade. Veja uma pessoa filantrópica, muita das vezes dá pensando em receber algo em troca mais tarde: consideração, serviços, dinheiro, reconhecimento, fama e etc.
Já uma pessoa caridosa, jamais em hipótese alguma faz algo pensando em receber algo em troca depois, ela simplesmente faz por amor puro e simples, e só é possível realizar tal ato mediante a graça de Deus, pois o ser humano tende a ser egoísta e não seria capaz de fazer uma caridade por si só.
Vejamos que uma pessoa que é traída por seu cônjuge sentirá uma imensa revolta, ódio e tristeza, humanamente dizendo essa pessoa não seria capaz de perdoar alguém se não fosse pelo dom da Caridade.
Pois perdoar é das coisas mais difíceis para o ser humano, pois isso seria um ato de negação a si mesmo, de contrariedade e que tende a causar dor, logo por sermos egoístas, a tendência de uma pessoa com caridade baixa é guardar rancores e remorso da pessoa que a ofendeu.
Finalizo — As virtudes teologais são mecanismos que já estão internos em nossas almas –, e estas são ativadas por meio da graça de Deus, mas todas são ativadas também pelo nosso assentimento, ou seja, por nossa vontade de querer obtê-las, é por isso que é de suma importância que peçamos ao senhor que aumente a nossa fé, esperança e caridade, sempre em nossas orações, e como diria um sábio santo uma vez: “caminhamos de fé em fé”.
Não basta apenas ter Fé, mas ter Esperança e Caridade — para a salvação. Sendo salvos, poderemos a alcançar a nossa finalidade última que é a contemplação da Verdade a qual chamamos de Jesus Cristo Nosso Senhor — para todo o sempre.
“A Fé, sem razão, é nula.” Santo Agostinho
“Três coisas são necessárias à salvação do homem, a saber: a ciência do que se há de crer, a ciência do que se há de desejar, e a ciência do que se há de operar .” Santo Tomás de Aquino
“A fé me ensina o caminho; sem ela, andaria na escuridão. Por isso eu disse: Pai eterno, que me ilumines com a luz da fé.” Santa Catarina de Sena
“Rejeitar um único artigo ensinado pela Igreja é suficiente para destruir a fé, do mesmo jeito que um pecado mortal é suficiente para destruir a caridade.” Santo Tomás de Aquino
“A Caridade é a rainha das virtudes.” São Pio de Pieltrelcina
“Aquele que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar.” Santo Agostinho
“A doutrina católica nos ensina que o primeiro dever da caridade não está na tolerância das convicções errôneas, por sinceras que sejam, nem na indiferença teórica ou prática ao erro ou vício em que vemos mergulhados nossos irmãos… se Jesus foi bom para os transviados e pecadores, não respeitou suas convicções errôneas por sinceras que parecessem; amou-os a todos para os instruir, converter e salvar.” São Pio X
Nota adicional: No início do texto digo: “essa adesão intelectual não é a uma mera doutrina, mas a uma Pessoa de Deus, algo concreto”. — Aqui falo para não confundir as coisas; pois quando afirmo que aderimos a uma pessoa divina e não a uma mera doutrina, me refiro ao diferencial de que há quem se adere a doutrinas que não provém de Deus.
Digo isso, pois devemos ter cuidado com a afirmação que a heresia Modernista afirma que Cristo não estabeleceu um Corpus Doutrinal, ou seja, afirmam que o Cristianismo não é uma Doutrina, em verdade digo que é uma heresia afirmar isso. O Cristianismo é sim uma Doutrina.
Este pensamento de que o Cristianismo não seja Doutrina está muito presente em muitas cabeças católicas que são persuadidas ao erro, em decorrência da falta de instrução na Doutrina do qual eles negligenciam.

Deus lhe abençoe! Salve Maria Santíssima!

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