Outra palestra do Pe. James Martin, SJ, foi interrompida pela pressão da direita, o que levou Martin a refletir sobre como a Igreja pode se opor a tal hostilidade e bullying.
Martin, que escreveu o livro Building a Bridge (Construindo uma ponte, em tradução livre), que trata de questões LGBT na igreja, anunciou no Facebook que uma de suas palestras tinha sido cancelada e reagendada em um local diferente. A palestra sobre espiritualidade quaresmal foi marcada para o dia 15 de fevereiro, na Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, Whitehouse Station, New Jersey, na Diocese de Metuchen. Mas um grupo de direita deu início a um abaixo-assinado on-line contra sua participação. Martin explicou:
"Pouco tempo depois, recebi um e-mail de uma mulher do Conselho de leigos da reitoria, que me disse, com tristeza, que a paróquia viu-se forçada a transferir a palestra para outro lugar por receio de protestos. Outra paróquia se ofereceu para sediar a palestra, mas não havia espaço suficiente na igreja. Outra paróquia foi abordada, mas também temia protestos. A chancelaria sugeriu à igreja de Nossa Senhora de Lourdes que a palestra acontecesse da mesma forma, mas com outro palestrante. No fim, a reitoria decidiu transferir a palestra para outro lugar, totalmente fora do território da Igreja, num centro de conferências da região. E então eles me contataram e contaram sobre a decisão."
A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 01-02-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Martin mencionou que a paróquia que tinha programado a palestra inicialmente e a diocese eram "vítimas desta campanha de difamação pessoal e cyberbullying".
O Pe. Len Rusay, pároco de Nossa Senhora de Lourdes, escreveu aos paroquianos explicando a decisão de cancelar, cujas palavras Martin incluiu na postagem original do Facebook em comentário. O padre citou várias tragédias recentes, como o assassinato de seu antecessor, e perguntou: "Precisamos passar por isso novamente?" Rusay disse que cancelou por sua consciência, e não por pressões da direita.
O incidente fez com que Martin refletisse sobre a pergunta: "O que faz a Igreja diante do discurso de ódio e do cyberbullying?"
Ele listou cinco pontos.
O primeiro é não ceder às pessoas que cometem bullying. Em segundo lugar, Martin lembrou os pastores que se faz muito mais mal cancelando eventos do que pela possível presença de pequenos grupos protestando em um evento. Em terceiro, disse que os superiores religiosos e ordinários locais é que deveriam decidir se um palestrante está "em boa posição", pois os grupos de direita não tem autoridade para isso.
E acrescentou:
"Em quarto lugar, temos de admitir que muitos desses abaixo-assinados on-line são movidos pelo ódio puro e, frequentemente, pela homofobia tóxica. Basta passar cinco segundos nesses sítios para ver o que os motiva: ódio. E se a Igreja começar a permitir que os grupos que usam a doutrina para encobrir o ódio tomem o lugar da verdadeira autoridade da Igreja, acabaremos com uma Igreja conduzida pelo ódio.
"Por fim, precisamos entender até que ponto isso é conduzido pelo medo abjeto. Na maioria das vezes, quando uma palestra é cancelada, não é porque a instituição organizadora tem algum problema com o palestrante ou com o tema (porque se fosse o caso, não teriam convidado a pessoa em questão para início de conversa), mas por receio de protestos. O medo tem uma forma insidiosa de superar a razão. Como diz São Paulo, o amor perfeito expulsa o medo. Mas o medo perfeito expulsa o amor. Não podemos deixar o medo vencer."
Martin concluiu apelando aos líderes da Igreja para que se posicionem contra a hostilidade e o bullying que perturba a vida da Igreja:
"Finalmente chegou a hora de os bispos, padres e líderes leigos se posicionarem contra o discurso de ódio de grupos on-line sem qualquer posição na Igreja, que buscam substituir sua falsa autoridade pela autoridade legítima da Igreja e que buscam liderar o Igreja através do medo e do ódio... Caso contrário, o que estamos fazendo enquanto Igreja?"
A pressão da direita tem causado várias organizações católicas a cancelar as palestras de Martin desde a publicação do livro Building a Bridge. Martin anunciou em setembro que o Theological College, um seminário na Universidade Católica da América, Washington, DC, tinha cancelado uma proposta de palestra sobre a vida e o ministério de Jesus. Ele também anunciou cancelamentos pela Ordem Equestre do Santo Sepulcro e a CAFOD (Agência Católica para o Desenvolvimento no Exterior), a agência de ajuda humanitária internacional dos bispos ingleses.
Mas além dos cancelamentos, tem-se dado nova atenção à influência negativa que os grupos de direita exercem sobre a Igreja dos EUA. Vários bispos deram declarações públicas em apoio de Martin, assim como, mais recentemente, o bispo Joseph Bambera, de Scranton, na Pensilvânia, juntamente com os superiores religiosos de Martin e outras comunidades católicas. O bispo Robert McElroy disse que tais ataques devem ser um "despertar" para os católicos dos EUA e que fazer julgamentos é como um "câncer de difamação infiltrando a vida institucional da Igreja", que precisa ser erradicado.
Da próxima vez que os grupos de direita tentarem atacar o Pe. Martin ou outros palestrantes pro-LGBT, vamos orar para que os líderes da Igreja se posicionem contra opressores e pressionem para que os eventos aconteçam independentemente de abaixo-assinados e protestos.
Martin, que escreveu o livro Building a Bridge (Construindo uma ponte, em tradução livre), que trata de questões LGBT na igreja, anunciou no Facebook que uma de suas palestras tinha sido cancelada e reagendada em um local diferente. A palestra sobre espiritualidade quaresmal foi marcada para o dia 15 de fevereiro, na Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, Whitehouse Station, New Jersey, na Diocese de Metuchen. Mas um grupo de direita deu início a um abaixo-assinado on-line contra sua participação. Martin explicou:
"Pouco tempo depois, recebi um e-mail de uma mulher do Conselho de leigos da reitoria, que me disse, com tristeza, que a paróquia viu-se forçada a transferir a palestra para outro lugar por receio de protestos. Outra paróquia se ofereceu para sediar a palestra, mas não havia espaço suficiente na igreja. Outra paróquia foi abordada, mas também temia protestos. A chancelaria sugeriu à igreja de Nossa Senhora de Lourdes que a palestra acontecesse da mesma forma, mas com outro palestrante. No fim, a reitoria decidiu transferir a palestra para outro lugar, totalmente fora do território da Igreja, num centro de conferências da região. E então eles me contataram e contaram sobre a decisão."
A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 01-02-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Martin mencionou que a paróquia que tinha programado a palestra inicialmente e a diocese eram "vítimas desta campanha de difamação pessoal e cyberbullying".
O Pe. Len Rusay, pároco de Nossa Senhora de Lourdes, escreveu aos paroquianos explicando a decisão de cancelar, cujas palavras Martin incluiu na postagem original do Facebook em comentário. O padre citou várias tragédias recentes, como o assassinato de seu antecessor, e perguntou: "Precisamos passar por isso novamente?" Rusay disse que cancelou por sua consciência, e não por pressões da direita.
O incidente fez com que Martin refletisse sobre a pergunta: "O que faz a Igreja diante do discurso de ódio e do cyberbullying?"
Ele listou cinco pontos.
O primeiro é não ceder às pessoas que cometem bullying. Em segundo lugar, Martin lembrou os pastores que se faz muito mais mal cancelando eventos do que pela possível presença de pequenos grupos protestando em um evento. Em terceiro, disse que os superiores religiosos e ordinários locais é que deveriam decidir se um palestrante está "em boa posição", pois os grupos de direita não tem autoridade para isso.
E acrescentou:
"Em quarto lugar, temos de admitir que muitos desses abaixo-assinados on-line são movidos pelo ódio puro e, frequentemente, pela homofobia tóxica. Basta passar cinco segundos nesses sítios para ver o que os motiva: ódio. E se a Igreja começar a permitir que os grupos que usam a doutrina para encobrir o ódio tomem o lugar da verdadeira autoridade da Igreja, acabaremos com uma Igreja conduzida pelo ódio.
"Por fim, precisamos entender até que ponto isso é conduzido pelo medo abjeto. Na maioria das vezes, quando uma palestra é cancelada, não é porque a instituição organizadora tem algum problema com o palestrante ou com o tema (porque se fosse o caso, não teriam convidado a pessoa em questão para início de conversa), mas por receio de protestos. O medo tem uma forma insidiosa de superar a razão. Como diz São Paulo, o amor perfeito expulsa o medo. Mas o medo perfeito expulsa o amor. Não podemos deixar o medo vencer."
Martin concluiu apelando aos líderes da Igreja para que se posicionem contra a hostilidade e o bullying que perturba a vida da Igreja:
"Finalmente chegou a hora de os bispos, padres e líderes leigos se posicionarem contra o discurso de ódio de grupos on-line sem qualquer posição na Igreja, que buscam substituir sua falsa autoridade pela autoridade legítima da Igreja e que buscam liderar o Igreja através do medo e do ódio... Caso contrário, o que estamos fazendo enquanto Igreja?"
A pressão da direita tem causado várias organizações católicas a cancelar as palestras de Martin desde a publicação do livro Building a Bridge. Martin anunciou em setembro que o Theological College, um seminário na Universidade Católica da América, Washington, DC, tinha cancelado uma proposta de palestra sobre a vida e o ministério de Jesus. Ele também anunciou cancelamentos pela Ordem Equestre do Santo Sepulcro e a CAFOD (Agência Católica para o Desenvolvimento no Exterior), a agência de ajuda humanitária internacional dos bispos ingleses.
Mas além dos cancelamentos, tem-se dado nova atenção à influência negativa que os grupos de direita exercem sobre a Igreja dos EUA. Vários bispos deram declarações públicas em apoio de Martin, assim como, mais recentemente, o bispo Joseph Bambera, de Scranton, na Pensilvânia, juntamente com os superiores religiosos de Martin e outras comunidades católicas. O bispo Robert McElroy disse que tais ataques devem ser um "despertar" para os católicos dos EUA e que fazer julgamentos é como um "câncer de difamação infiltrando a vida institucional da Igreja", que precisa ser erradicado.
Da próxima vez que os grupos de direita tentarem atacar o Pe. Martin ou outros palestrantes pro-LGBT, vamos orar para que os líderes da Igreja se posicionem contra opressores e pressionem para que os eventos aconteçam independentemente de abaixo-assinados e protestos.
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