segunda-feira, 23 de julho de 2018

Ideologia de gênero ou quando se perde o senso comum

Por Javier Fiz Pérez

Compreender o gênero como “papéis socialmente construídos” põe em perigo a construção da identidade do ser humano



A expressão “gênero” tem sido ouvida nos últimos anos e muitos imaginam que é apenas outra maneira de se referir à divisão da humanidade em dois sexos, mas, atrás do uso desta palavra se esconde toda uma ideologia que busca precisamente fazer sair o pensamento dos seres humanos desta estrutura natural e bipolar.
Os defensores desta ideologia querem afirmar que as diferenças entre homens e mulheres, além das óbvias diferenças anatômicas, não correspondem a uma natureza fixa que faz com que alguns seres humanos sejam homens e outros sejam mulheres.
Pensam que as diferenças do modo de pensar, agir e valorizar a si mesmos são o produto da cultura de um país e de uma época determinada, que atribui a cada grupo de pessoas uma série de características que são explicadas pelas conveniências das estruturas sociais da referida sociedade.
Não é preciso muita reflexão para perceber o quão controversa é essa posição, e as consequências da negação de que há uma natureza dada a cada um dos seres humanos por causa do seu patrimônio genético. A diferença entre os sexos é diluída como algo convencionalmente atribuído pela sociedade, e cada um poderia “inventar” a si mesmo.

Perigos e alcance da ideologia do gênero

Ao teorizar que o gênero é uma construção radicalmente independente do sexo, o próprio gênero se torna um artifício livre de delimitações; consequentemente homem e masculino poderia significar tanto um corpo feminino como masculino; mulher e feminino, tanto um corpo masculino como feminino.
Essas palavras que poderiam parecer tiradas de uma história de ficção científica que prevê uma séria perda de senso comum no ser humano não são mais do que um trecho do livro “Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity” (Problemas de Gênero: o Feminismo e a Subversão da Identidade) da feminista radical Judith Butler, que vem sendo utilizado há vários anos como livro de texto em diversos programas de estudos femininos de prestigiosas universidades americanas, onde a perspectiva de gênero tem sido amplamente promovida, entendendo por gênero “papéis socialmente construídos”. 
A IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, realizada em setembro de 1995 em Pequim, foi o cenário escolhido pelos promotores da nova perspectiva para lançar uma forte campanha de persuasão e divulgação. É por isso que desde aquela conferência a “perspectiva de gênero” vem penetrando em diferentes áreas, não apenas nos países industrializados, mas também nos países em desenvolvimento.

Definição do termo gênero

Precisamente na conferência de Pequim, muitos dos delegados participantes que desconheciam esta “nova perspectiva” do termo em questão, pediram aos seus principais promotores uma definição clara que pudesse iluminar o debate.
Assim, a liderança da conferência da ONU emitiu a seguinte definição: “O gênero se refere às relações entre mulheres e homens baseadas em papéis definidos socialmente que se refiram a um ou outro sexo”.
Ainda existem outras premissas que as “feministas de gênero” estão propagando cada vez com maior força:
“Cada criança é atribuída a uma ou outra categoria com base na forma e tamanho de seus órgãos genitais. Uma vez que isso é feito, nos tornamos o que a cultura pensa que cada um é – feminino ou masculino. Embora muitos acreditem que o homem e a mulher são uma expressão natural de um plano genético, o gênero é produto da cultura e do pensamento humano, uma construção social que cria a verdadeira natureza de cada indivíduo”.
Esta ideologia, portanto, promovida pela própria ONU, está causando confusão na complexa missão e tarefa de educar crianças e seus filhos com base em parâmetros naturais que respeitam a identidade do homem e da mulher.
Por esta razão, nos tempos em que vivemos, é cada vez mais difícil oferecer aos seus próprios filhos um contexto sereno e saudável de crescimento equilibrado no respeito da sua identidade irrepetível, que também tem sua própria identidade como base.

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