segunda-feira, 30 de julho de 2018

O canto do SANCTUS na Santa Missa é Bíblico?

[afeexplicada]


Eis o texto, totalmente bíblico – espécie de poesia lírica – usado na liturgia da Missa, constituindo, portanto, um canto ritual, em que se canta A liturgia:
Santo, Santo, Santo! (Ex 3,1-6 – Moisés diante da glória do Senhor, pisando o solo sagrado, santo) Senhor, Deus do Universo! (Is 6,3 – visão de Isaías no Templo; Ap 4,8 – a liturgia celeste) O céu e a terra proclamam a vossa glória. (Is 6,3 – o canto dos serafins, unindo céu e terra) Hosana nas alturas! (Mt 21,9; Mc 11,10 – entrada de Jesus em Jerusalém) Bendito O que vem em nome do Senhor! (Sl 118,26; Mt 21,9; Mc 11,9; Lc 19,28) Bênção pronunciada sobre o peregrino; título messiânico, no Novo Testamento) Hosana nas alturas! (Mt 21,9; Mc 11,10 . Hosana = “Dá a salvação!” Aclamação de alegria)
Por isso, não condiz com o clima festivo do momento ritual cantar sem entusiasmo, com vozes fracas, uma melodia que não convença nem traduza a riqueza bíblica do texto, que é aclamação jubilosa, alegria incontida, o cântico do céu, por isso deve revestir-se de uma música forte, vibrante, plena… O texto de Isaías diz que o canto do Santo, na voz dos arcanjos e serafins, fazia estremecer até os gonzos do Templo. (A Missa da Comunidade Cristã”, de Lucien Deiss, Editorial Perpétuo Socorro, Porto – Portugal, 1998, p. 84). Aliás, diz o mesmo autor que, “se a comunidade não cantasse senão um cântico, este deveria ser o Sanctus. Também não condiz com o momento grandioso do Santo que seja cantado por apenas uma voz ou pequeno grupo de cantores, e sim, deve ter a participação cantada de toda a assembleia.
O livro do Apocalipse nos apresenta o Sanctus como aclamação da liturgia celeste: “Dia e noite os anjos não cessam de repetir: Santo, Santo, Santo! Senhor Deus do universo. Aquele que era, que é e que há de vir”. (Ap 4,8). Assim, o clima deste hino-aclamação deve ser festivo, grandioso e pleno de júbilo, como que antecipando o canto do céu.
Muito importante saber que, por ser um texto bíblico, doxológico e de conteúdo denso, não deve ser alterado ou substituído por outras versões, ou paráfrases, às vezes tão livres e distantes, que já não correspondem à aclamação bíblica original. Quanto mais fiéis os compositores forem ao texto original, tanto mais litúrgico e adequado para ser cantado na celebração. “É necessário que as próprias crianças aprendam a cantar ou a dizer o ‘Santo'”. (Mauro Serrano Díaz – “Manual de Liturgia II” – sobre a celebração do Mistério Pascal – Paulus 2005, à pág. 285).
Há uma versão muito cantada nas nossas igrejas: “Santo, santo é, Santo, santo é Deus do universo, o Senhor Javé…”, que deve ser evitada, por dois motivos: além de acentuar duas vezes o verbo “É”, que não faz parte do texto do Santo, dando-lhe outro significado; contém a palavra “Javé”, expressão “da infinita grandeza e majestade de Deus”, que no Antigo Testamento se manteve impronunciável e por isso foi substituída na leitura das Sagradas Escrituras com o uso da palavra alternativa “Adonai”, que significa “Senhor”. O pedido a que não se use o termo “Javé” nas liturgias, orações e cantos, é da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Que ao cantar o Santo, os nossos corações exultem de alegria, unidos numa só voz, formando um festivo coro, proclamando a glória de Deus, que merece todo o nosso louvor!

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...