quarta-feira, 5 de junho de 2019

Jejum: benefícios para o corpo, a mente e o espírito

[aleteia]
Por Jim Schroeder

As primeiras horas de um jejum de 24h geralmente são o maior desafio



Muito tem sido escrito sobre os benefícios espirituais e físicos do jejum, seja como forma de penitência ou para melhorar nosso auto-controle e saúde. De fato, algumas evidências sugerem que o jejum pode reduzir o risco de câncer e demência e melhorar a longevidade. No entanto, como muitos bons hábitos, eu havia me afastado da prática.
Embora o jejum seja mais popular para os católicos na Quaresma e em outros dias religiosos, ele não precisa ficar restrito apenas a essas ocasiões. Períodos regulares de jejum, sem comida ou, em alguns casos, com um mínimo de comida, trazem benefícios psicológicos e espirituais.
Uma das primeiras coisas que sabemos sobre o jejum é que ele promove o autocontrole. Quando nos envolvemos em atividades que reforçam a autodisciplina, isso não apenas nos beneficia nessa área em particular, mas também em outros domínios.
Assim, quando estamos jejuando, também estamos nos ensinando a nos abster de outros impulsos, como checar nosso telefone ou assistir à televisão. O propósito é criar oportunidades para se engajar em atividades que sejam mais significativas e importantes, e aprender a ser feliz quando renunciamos a um impulso ou a um vício em favor de algo mais.
O jejum de alimento implica a abstinência eventual de algo necessário para nossa sobrevivência. Na semana passada, quando fiz o jejum de 24h, senti-me profundamente grato pelos alimentos que pude ter depois. Lembrei-me de que ter alimentos é realmente um dom (algo que eu costumo dar por certo), que eu vivo em um tempo e lugar onde tenho acesso a qualquer tipo de alimento, o que é inédito na maior parte da história humana. Até mesmo a simples experiência de gratidão em si é um benefício psicológico, pois a gratidão nos faz sentir melhores.
Agora, devo ser honesto. As primeiras horas de um jejum de 24h geralmente são o maior desafio. Eu tenho que 1) lembrar a mim mesmo que eu ficarei bem, e não morrerei de fome nem passarei mal, e 2) focar na principal razão do que estou fazendo: buscar a Deus mais do que se busca a satisfação.
Mas uma vez que eu me adapto rapidamente, é interessante como um conforto se desenvolve dentro de mim. É difícil articular essa idéia como eu a sinto, na medida em que o sacrifício que estou fazendo é mais profundo do que eu consigo explicar. De certa forma, é semelhante a como me sinto quando encontro a minha maneira de transmitir uma mensagem significativa ou nadar de manhã cedo em um dia que promete ser agitado. Cria a sensação de que eu recuperei meu livre arbítrio na direção certa. E isso me faz feliz.
Diz-se que Ghandi fez 17 jejuns durante o movimento de liberdade da Índia, o mais longo dos quais durou 21 dias. Embora esses jejuns tivessem, sem dúvida, a intenção de provocar mudanças políticas e crescimento espiritual, imagino o que ele aprendeu sobre si mesmo no processo. Como nunca jejuei nem por 48 horas, não consigo imaginar o tremendo desafio que seriam três semanas seguidas. No entanto, há pouca dúvida de que cada dia trouxe uma certa consciência psicológica – talvez uma consciência de perceber quem somos quando nossas necessidades são atendidas, e quem somos quando tudo é retirado.
Estou ansioso pelo novo ciclo de jejum que está por vir. É experimentar o dom de um corpo que pode ficar sem comida e sobreviver o dia muito bem. É um lembrete de que muitos não têm o que comer e de que eu tenho uma responsabilidade com eles. E é uma benção sentir que o que enche minha alma quando não é apenas carboidrato e proteína.
Para todos vocês que nunca experimentaram, eu lhe dou as boas-vindas nesse caminho virtuoso do jejum. Como qualquer novo empreendimento, encorajo-o a começar pequeno e progredir prudentemente até onde você se sentir chamado. Espero que no final, possa ser um banquete de virtude e fé.

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