Escrito por: Érick Augusto Gomes
A secularização da atual sociedade, tem feito com que a população mundial aos poucos, perca as noções necessárias de “espiritualidade”.
Como parte desse processo destrutivo, a Igreja Católica tem sofrido
diversas perseguições, onde, suas bases mais antigas têm sido postas à
prova, promovendo assim, debates que deveriam ser analisados somente no
ambiente eclesial, isto é, através de seu magistério.
Um dos assuntos que frequentemente tem
tomado o tempo de não católicos (outras confissões cristãs ou demais
religiões) é a regra celibatária para sacerdotes e religiosos que se
encontra afixada na lei do direito canônico (Cân 277). Procurando esclarecer esta doutrina que verdadeiramente se trata de um “dom de Deus”,
queremos aqui, demonstrar o que a Igreja ensina sobre tais regras e
qual o argumento utilizado para promover a observância dessa
continência. Qual é a regra bíblica para essas ações? As sagradas
escrituras ensinam o celibato?
Descubra através desse texto, o que a fé da Igreja ensina a respeito da castidade para religiosos.
O QUE A IGREJA CATÓLICA ENSINA NO CIC E CDC SOBRE O CELIBATO?
Atualmente, a sociedade tem colocado inúmeros problemas para aqueles que escolhem esse “estilo de vida”.
A grande parte das opiniões, nunca é embasada por aquilo que a Igreja
ensina e sim, por parte de homens que desconhecendo as doutrinas
católicas, procuram justificar suas opiniões através de ideias
promíscuas que destroem a alma humana. A Igreja sempre entendeu, com
base em sua tradição e nos escritos bíblicos que o celibato, não
significa simplesmente “abstinência sexual” e sim, um ofertório
perfeito, onde cada homem, cada mulher, se entrega inteiramente ao
projeto de Deus. Certo disso, o catecismo católico afirma:
CIC 915 – “Os
conselhos evangélicos, em sua multiplicidade, são propostos a todo
discípulo de Cristo. A perfeição da caridade à qual todos os fiéis são
chamados comporta para os que assumem livremente o chamado à vida consagrada a obrigação de praticar a castidade no celibato pelo Reino, a pobreza e a obediência. É a profissão desses conselhos, num estado de vida estável reconhecido pela Igreja que caracteriza a ‘vida consagrada’ a Deus”.
A “obrigação” de se manter
casto, não se resume unicamente em não contrair o matrimônio, mas sim,
firmar um compromisso de casamento com a comunidade onde o consagrado
preza pela obediência, seguindo os conselhos evangélicos; assume a
pobreza (não necessariamente a material) que há em nossas ações. O CIC
também afirma:
CIC 1579 – “O
celibato é um sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da
Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo
radiante o Reino de Deus”.
A escolha do celibato também é afirmada no direito canônico da Igreja na seguinte forma:
CDC 277 – “Os
clérigos são obrigados a observar a continência perfeita e perpétua por
causa do Reino dos céus; por isso; são obrigados ao celibato, que é um
dom especial de Deus, pela qual os ministros sagrados podem mais
facilmente unir-se a Cristo de coração indiviso e dedicar-se mais
livremente ao serviço de Deus e dos homens”.
A obrigação mencionada no CIC e CDC se
resume a escolha pessoal de cada indivíduo. Ninguém é obrigado a ser
sacerdote ou religioso, a escolha é feita mediante a vontade própria.
Por isso, é errado dizer que a “Igreja proíbe o casamento” ao
clero. Ao contrário disso, todo aquele que escolhe o caminho do
sacerdócio/religioso, o faz por livre e espontânea vontade, afinal,
aceitar o celibato é aceitar o dom de Deus em sua vocação.
O QUE AS SAGRADAS ESCRITURAS ENSINAM SOBRE O CELIBATO?
Diferente do que muitos pensam, a bíblia
menciona em diversas passagens a possibilidade do celibato. A ideia de
vida consagrada não surgiu dentro do ambiente eclesial, ao contrário
disso, o próprio Jesus Cristo manifestou sua vontade de possuir homens
que dedicassem suas vidas inteiramente ao Reino de Deus.
A primeira referencia que encontramos, está no evangelho segundo Mateus:
“Eunucos por amor ao Reino de Deus”
Mt 19,10-12 – “Os
discípulos disseram-lhe: Se é assim a condição do homem em relação a
mulher, não vale a pena casar-se. Eles acrescentou: Nem todos são
capazes de compreender essas palavras, mas só aqueles a quem é
concedido. Com efeito, há eunucos que nasceram assim, do ventre
materno. E há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem tiver capacidade para compreender, compreenda!”
Alguns versos antes desses aqui expostos (Mt 19,1-9),
mostra-nos Jesus em conversa com os Fariseus a respeito do matrimônio.
Jesus Cristo, ensina que o casamento é insolúvel e aquele que deixa a
sua esposa para desposar outra mulher, comete adultério. Como conclusão
dessa conversa, os apóstolos questionam o Senhor sobre tal prática e
concluem que o ideal seria não se casar. Em reposta, Jesus usa de
exemplo uma posição que na época antiga, em alguns casos, eram de
homens que trabalhavam como servidores domésticos: o eunuco.
O eunuco é um homem que não possui os “testículos”
por motivos congênitos (má formação no período de gestação) ou porque
teve seu órgão removido por orquidectomia (remoção dos testículos). Em
outras palavras, são homens celibatários de forma involuntária. Jesus
Cristo, usa dessa ideia para dizer aos discípulos que alguns são eunucos
não por escolha, mas, por consequência ou obrigatoriedade, entretanto, o Messias coloca uma nova classe: os eunucos que assim se tornaram por
amor ao Reino de Deus. Esses novos eunucos, ofertaram-se por amor ao
Reino e optaram por não se casar. Os eunucos do reino não passaram por
uma espécie de castração física, mas sim, optaram pela castidade por
amor a Deus e aos irmãos. Cristo deixa isso claro ao dizer que o
celibato é possível ao decidir-se por guardar os ímpetos carnais.
As próximas referencias que identificamos
sobre o celibato, encontram-se no capítulo 7 (sete) da primeira carta
aos coríntios. Em alguns versículos, conseguiremos visualizar que o
pensamento paulino sobre a castidade, é a principal formação da Igreja
usada até os nossos dias.
“Quisera que todos fossem como eu”
1 Cor 7,7-8 – “Quisera que todos os homens fossem como sou; mas cada um recebe de Deus seu dom particular, um, deste modo, outro, daquele modo. Contudo, digo aos celibatários e às viúvas que é bom ficarem como eu”.
As sagradas escrituras não nos concedem
informações se São Paulo foi casado ou se possuiu algum relacionado
anterior a sua conversão, porém, o que sabemos por suas cartas é que o
apóstolo foi um dos primeiros a defender o estado celibatário. O
capitulo 7 (sete) da primeira carta aos coríntios, é dedicado
inteiramente ao assunto do “matrimônio e virgindade” e é aqui que encontramos os reais motivos que levaram a Igreja durante os séculos a aceitar o celibato com naturalidade.
Em sua primeira instrução, São Paulo
afirma que gostaria que todos os cristãos fossem como ele e que
guardassem a castidade por amor ao Reino de Deus, entretanto, sabe que
esse dom não é de todos e que somente alguns poderiam assim fazer, dessa
forma, o apóstolo deixa claro que aqueles que ainda não contraíram
matrimônio e até mesmo as viúvas, fiquem como ele e assumam uma posição
de castidade perante a Igreja.
“Quem não é casado cuida das coisas do Senhor”
1 Cor 7,32-34 – “Eu quisera que estivésseis isentos de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Senhor. Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e do modo de agradar a esposa, e fica dividido. Da mesma forma, a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido”.
São Paulo inicia esse verso dizendo que
gostaria que os cristãos de Corinto, não tivessem preocupações. Os
fardos que o apóstolo se refere, são daqueles que são casados. Na
conclusão do seu raciocínio, ele demonstra o que realmente pensa sobre
os que contraem o matrimônio. Nestes dois versículos, vemos que a
preocupação do apóstolo é dizer que o homem e a mulher que decidem-se
pelo celibato, estão inteiramente prontos a assumir um compromisso onde,
descobrirão a melhor forma de agradar ao Senhor. Já para os casados, o
discurso parece ser duro: “quem tem esposa, cuida das coisas do mundo”.
É interessante afirmar que em nenhum
momento, São Paulo quer desmerecer o matrimônio que para a Igreja, é um
sacramento do amor de Deus, ao contrário disso, o apóstolo quer afirmar
que aquele que se guarda em castidade, se dedicará inteiramente a Deus,
ao contrário dos casados que terão que se preocupar em como agradar o
esposo ou a esposa.
“Os que não se contaminaram e são virgens”
Ap 14,4 – “Estes são
os que não se contaminaram com mulheres: são virgens. Estes seguem o
Cordeiro, onde quer que ele vá. Estes foram resgatados dentre os homens,
como primícias para Deus e para o Cordeiro”.
Diferente do antigo testamento que possuía a concepção de que a falta de descendentes seria uma desonra (Jz 11,37),
o novo testamento revela uma perspectiva diferenciada: aqueles que se
guardam, são os que realizam a vontade do Senhor de uma forma plena,
isto porque, possui um tempo inteiramente dedicado a Deus. Aquele que se
casa, faz bem, porém, o que guarda sua virgindade, o faz melhor!
Aqueles que tomam a iniciativa de “seguir o Cordeiro, onde quer que ele vá”,
assume um compromisso perante o Reino de Deus, faz seus votos de
castidade para que assim, se entreguem verdadeiramente a obra do Senhor
no serviço comunitário.
O verso do apocalipse aqui citado, nada
fala sobre sacerdócio, entretanto, trazendo para a realidade da Igreja,
podemos sim fazer um comparativo com todos aqueles que se ofertam a vida
celibatária por amor a Deus. Estes são resgatados como primícias e
seguem ao Senhor com alegria missionária em todos os lugares do mundo.
CONCLUSÃO
O celibato não é um dogma que a Igreja promulgou, ao contrário do que muitos pensam, a “castidade”
é uma regra disciplinar interna que poderia ser alterada se assim, o
magistério, unido ao Papa quisesse. Contudo, a fé católica tem o total
respaldo em afirmar que o voto celibatário é um dom oferecido aos homens
que dotados da graça de Deus, são convidados a assumir um “casamento” com a comunidade cristã, a fim de, servir ao Senhor e aos irmãos.
As sagradas escrituras nos concedem
provas irrefutáveis, confirmando aquilo que a Igreja preserva para os
religiosos: muitos possuem a vocação do matrimônio, porém, outros são
chamados a serem “eunucos” pelo reino de Deus e dessa forma, ofertam suas vidas em pró da construção do Reino do Senhor.
Este dom que é tão criticado pela
sociedade atual, é a verdadeira prova de que a Igreja Católica tem
seguido fielmente as palavras dos apóstolos que deixaram tudo para
seguir o Senhor Jesus Cristo. O pensamento secular jamais influenciará
as doutrinas, dogmas e regras da Igreja, afinal, remamos na maré
contrária ao mundo.
Lc 18,29-30 – “Disse,
então, Pedro: ‘Eis que deixamos nossos bens e te seguimos’! Jesus lhes
disse: ‘Em verdade vos digo, não há quem tenha deixado casa, mulher,
irmãos, pais ou filhos por causa do Reino de Deus, sem que receba muito
mais neste tempo e, no mundo futuro, a vida eterna’”.
Fonte - accatolica
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