terça-feira, 30 de junho de 2020

Um dia não será necessário orgulho




Por Padre José Maria Rodríguez Olaizola, sj



Este ano não haverá carros alegóricos, desfiles, multidões... Há quem sentirá falta dele e, por outro lado, respirará aliviado. Também no mundo LGBT, existem aqueles que lamentam a falta dessa explosão de exposição e visibilidade e que, no extremo oposto, ficarão felizes com o fato de que outras maneiras devem ser encontradas para separar a reivindicação da dignidade das pessoas homossexuais. desfila com todo o seu mix de exposição, visibilidade, montagem comercial, frivolidade e desafio.

Um dia, o Orgulho Gay ou qualquer outro orgulho não será necessário. O dia em que todos reconhecem a dignidade das pessoas, de cada pessoa, sem a orientação sexual ser algo que a prejudique ou a questione em algumas mentalidades. O dia em que sair do armário de alguém não é novidade, porque é pura normalidade. O dia em que o desprezo, a rejeição ou a perseguição que, em 1969 distante, levou um grupo de gays a enfrentar a polícia que estava invadindo o clube "Stonewall" porque o mero fato de ser gay em público era um escândalo se eles são história. E no dia em que, também como Igreja, avançamos em direção a uma maior e melhor integração, aceitação e aceitação da realidade das pessoas homossexuais, de suas necessidades e de seu direito ao amor, e superamos as doses de mal-entendidos que ainda existem em algumas pessoas da Igreja em relação à realidade das pessoas LGBTQ.

Mas esse dia ainda não chegou. Ainda existem muitos gays vivendo em tormento por se sentirem julgados. Muitos e muitos adolescentes procuram seu lugar, mas ouvem escárnio e comentários depreciativos, às vezes em ambientes familiares e entre seus entes queridos - que não conseguem imaginar que 'isso' poderia acontecer em um deles. Ainda existem muitas mentalidades para as quais "ter um filho gay" é uma tragédia, uma vergonha, algo a esconder e, por essa razão, o filho, a filha, não tem outra maneira senão encontrar seu orgulho sem se deixar anular. E ainda, na Igreja, há muito silêncio diante de algumas declarações e formulações que não respondem à realidade pastoral de nossas comunidades, paróquias, grupos e espaços de acompanhamento. Muitas pessoas que reduzem a orientação sexual à ideologia de gênero,e transformam essa identificação em um álibi, para não ouvir os testemunhos de tantos cristãos homossexuais que apenas pedem para se sentir um pouco mais em casa quando se trata de comunidade. Muita fofoca e pouca bênção.

Cada pessoa deve ter orgulho de ser como Deus as criou. Porque, no final, a homossexualidade ou a heterossexualidade não é uma decisão extravagante do povo. É parte (e apenas parte) do que a pessoa é.


Fonte - pastoralsj


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