Por Pe. Theodoro de Almeida
Tudo
este mundo é um vale de lágrimas e de misérias: nascemos chorando, e
chorando morremos; e enquanto não acabamos a vida, sempre temos motivos
que nos obrigam a chorar.Por
uma parte, se servimos o mundo e as nossas próprias paixões,
ordinariamente acontece que, desenganados com repetidos desgostos, entre
mil lágrimas e queixas confessamos, que este mundo é um tirano
insuportável: então conhecemos por experiência que as nossas paixões são
como víboras venenosas, as quais, quanto mais alimentamos no próprio
seio, tanto mais ferozes se fazem para nos morderem e para nos
introduzirem no coração um insuportável fel de amargura.
Por
outra parte, se servimos a Deus, achamos toda a terra como um campo de
batalha, e andamos cercados por toda a parte de inimigos, que nos
mortificam e perseguem: se queremos fugir-lhes, basta o susto, a fadiga,
a aflição para nos fazerem derramar muitas e bem amargosas lágrimas; e
se lhes não fugimos, as nossas lastimosas feridas nos dão motivo para
derramar lágrimas de sangue. Por onde, os que vivem aflitos são quase
tantos como os que povoam a terra. Sendo logo preciso dar algum remédio a
um mal, que é comum, não achei outro mais suave, mais eficaz e mais
pronto do que a meditação dos tormentos e aflições de Jesus Cristo;
porque as Chagas do Senhor Jesus verdadeiramente são um tesouro de
paciência. Portanto, a alma que se vê falta desta virtude, e desejosa de
a conseguir, não tem que andar mendigando por outras partes: entre por
meio da consideração neste grande e inexaurível Tesouro, e dele tirará
riquezas imensas.Entre
com vagar meditando uma ou duas vezes no dia os tormentos e paciência
do Senhor; e entre também de passagem, mas com grande frequência, pelo
decurso do dia, ao menos com a lembrança do seu sofrimento, e conhecerá
maravilhosa mudança no seu coração. O Real Profeta dizia: No dia da
minha tribulação busquei a Deus: pus-me de noite com as mãos levantadas
defronte do Senhor, e não me enganei: a minha alma recusava toda a
consolação, mas lembrei-me de Deus, e fiquei consolado. (Ps. 76, 3) E
se este efeito faz o pôr-se uma alma orando simplesmente defronte de
Deus, que será defronte de Deus crucificado, aflito, cheio de sangue e
de opróbrios? De Deus, que morreu por nos consolar, e que, por poder
enxugar na Bem-aventurança (como prometeu) as nossas lágrimas, quis
derramar as suas. Portanto, valham se todos os aflitos deste remédio, e
para isso se lhes propõem especiais meditações, e, no fim de cada uma,
sua conveniente jaculatória, para no decurso do dia avivar a lembrança
da Paixão do Senhor e o fruto que se tirou na oração. Divide-se
toda a Paixão em sete Passos principais, que na Quaresma podem servir
para as sete semanas, e fora dela para os sete dias de toda semana. Cada
Passo tem sete meditações, que, juntas, chegam para toda a Quaresma;
mas no outro tempo poderá a alma escolher de cada Passo só uma para o
dia da semana correspondentes à ordem dos Passos do Senhor, começando
pelo Horto, no domingo.
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Fonte - alexandriacatolica
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