quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O adultério é realmente tão grave assim?

Se o primeiro casamento fracassou e a pessoa constituiu uma nova união, o que pede o Direito Canônico?


 
Por Pe. Henry Vargas Holguín
 
 
Adultério é a união sexual voluntária entre uma pessoa casada e outra que não é seu cônjuge.

Por que a Igreja considera isso grave? Não se trata somente de fazer sexo fora do casamento, mas também atentar contra o vínculo matrimonial, que não é algo simplesmente humano, mas sim estabelecido pelo próprio Deus.

Diante da realidade do adultério, é preciso ter algumas coisas claras:

1. A magnitude do pecado de adultério


As pessoas costumam achar que, se não há escândalo, não há gravidade. Mesmo que ninguém fique sabendo, o pecado existe – e os primeiros prejudicados são os próprios protagonistas.

Este pecado machuca a Igreja, a sociedade e tem a ver com algo ainda mais profundo, que é romper a aliança com Deus.

2. Nenhum pecado tem justificativa


Nenhum pecado tem justificativa, e menos ainda o de adultério, com uma suposta lógica humana, dizendo: "todo mundo faz", "a culpa do fracasso no casamento não foi minha e por isso tenho o direito de refazer minha vida junto a outra pessoa" etc.

O inimigo faz o mal com aparência de bem, seguindo a lógica do mundo.

3. Sacrificar-se pelo bem maior


É preferível fazer sacrifícios e renúncias para ter uma consciência limpa, tranquila e pura, que ter o que o mundo oferece, mas com remorsos e longe da salvação.

Jesus disse: "Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade do meu Pai" (Mt 7, 21). Qual é a vontade do Pai? Respeitar o vínculo sacramental, apesar de tudo.

4. Em uma relação adúltera não há amor


Não pode haver amor em meio ao pecado; podem chamar isso de paixão, carência, necessidade de sexo, busca de proteção, mas não de amor.

Deus é amor (1 Jo 4, 8) e, por isso, o amor só pode estar realmente em relações abençoadas por Ele, nas quais respeitam sua presença

5. Comunhão


Só se pode comungar em estado de graça, ou seja, sem pecados graves ou mortais. Recebe a comunhão quem está em comum-união com Deus.

6. Pecado e sagrado não se misturam


Não se pode tentar misturar o pecado com o que é sagrado. Onde há pecado mortal, não há vida espiritual. Os mortos não comem.

Daí a importância da confissão. Mas não é fácil sair do adultério sozinho; o primeiro passo é expor isso em confissão, com um bom padre, talvez alguém que conheça bem a história dessa pessoa.

7. O propósito de emenda


Quando existe um pecado mortal, o penitente deve cumprir 5 passos para fazer uma boa confissão: exame de consciência, contrição, propósito de emenda, confissão oral e cumprimento da penitência.

No caso de uma pessoa divorciada em segunda união: é possível fazer o propósito de emenda, ou seja, que a relação com a segunda pessoa deixe de ter as características próprias de um casal de casados?

Mesmo morando sob o mesmo teto, a pessoa está disposta a relacionar-se com o outro como se fossem irmãos?

Se a resposta é positiva às duas perguntas e garante o cumprimento sério do propósito de emenda (deixar de pecar e manter-se em graça), a pessoa pode comungar, ainda que prefira fazê-lo em outra paróquia, para evitar mal-entendidos, ou comungar de maneira privada.

Jesus disse à pecadora: "Eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais".

8. A vida na Igreja


Se a resposta às duas perguntas anteriores for negativa, isso não significa que a pessoa fica à margem da vida da Igreja. Mesmo que não possa comungar, ela pode ir à missa, participar dela e fazer a comunhão espiritual.

9. O amor verdadeiro


Se a pessoa com quem convive realmente a ama, entenderá que ela quer dar prioridade a Deus e à sua salvação, e respeitará sua decisão – que beneficiará a todos.

 
 
 
Fonte -aleteia
 

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...