sábado, 1 de maio de 2021

Passo a passo de uma verdadeira conversão


 

Por Plinio Maria Solimeo

 

Quando as cerimônias da Igreja Católica são realizadas em todo seu esplendor, e está isenta de todas as pantomimas com que têm sido desfiguradas pelo progressismo, passam a atrair pessoas de boa fé, tanto atéias quanto praticantes de outras religiões. Temos numerosos casos exemplificativos nesse sentido.

Um deles é o de uma jovem criada na religião mórmon e que, desde criança, se sentia atraída por aspectos do catolicismo, apesar dos preconceitos que tinha devido ao que dele se dizia em sua seita. Entretanto, uma das coisas que mais concorreram para sua conversão, foi o presenciar uma Missa tradicional, acompanhada de todo o cerimonial e músicas a propósito. Quando assisti a Missa em latim, sabia que estava em casa, afirmou.

Maren Latham [foto] foi criada numa família mórmon praticante na década de 80. Afirma que então “pensava que os mórmons éramos gente boa e temerosa a Deus, mas desde minha infância notei algo de diferente: percebia a frieza quando dizia aos pais de meus amigos que era mórmon. Supus que isso era porque criamos ser a única e verdadeira igreja”.

Acrescenta que ademais, “tudo o que havia ouvido dizer [nos seus círculos] sobre a Igreja Católica era negativo, [que ela estava] eivada de corrupção, abusos e escândalos. Mas […] entendi que os católicos eram a única outra igreja que reclamava a autoridade direta de Jesus Cristo”.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (ou mórmon), foi fundada em 1820 nos Estados Unidos por José Smith, jovem fazendeiro de Vermont. Ele afirmou ter tido uma aparição de Jesus Cristo encomendando-lhe que restaurasse sua autoridade e fundasse uma nova igreja, tendo por base o Livro de Mórmon, profeta que o teria “revelado” ao próprio José Smith Jr. Apesar de, no campo de costumes, essa igreja ter ainda muita coisa segundo a doutrina da Igreja Católica, apresenta algumas aberrações que a separam inteiramente dela. Por exemplo, essa seita não crê na Santíssima Trindade, seus membros consideram que o matrimônio “é para toda a eternidade” e que no céu podem ter filhos “espirituais”; propugnam o batismo dos defuntos para que se salvem e, concluída a adolescência, seus jovens saudáveis devem deixar a família para exercer o proselitismo por dois anos mundo afora. Eles afirmam que Deus ainda hoje revela sua vontade aos seus profetas, membros da seita, da mesma forma que o fazia antigamente. Os mórmons não são considerados cristãos nem pelos protestantes, a não ser por si próprios. No início Smith afirmava que Deus lhe dissera que um homem poderia ter várias mulheres, aprovando assim a poligamia. Isso chocou tanto, que essa prática foi depois abolida por seus seguidores.

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Voltando à jovem Maren: a graça de Deus trabalhava lentamente desde criança em sua alma, principalmente através da música. Afirma ela que “Com 12 anos comecei a participar de coros de alto nível, submergindo-me na música sacra”. Neles “ouvia a música mais formosa jamais escrita, e eram quase exclusivamente católicas. Cantei minha primeira Ave Maria em latim. Isso me encantava, e repetia as palavras sem saber que era a oração principal do rosário. Minha maior atração pela fé católica era assim por sua música”. Alma poética, ela acrescenta: “Senti que não havia nada mais perto do Céu. Aquela beleza me comoveu mais que qualquer coisa de minha religião, tanto que em muitas ocasiões não podia cantar por causa das lágrimas que derramava. [E me levava a] Pensar que Jesus Cristo me chamava ‘seu amor verdadeiro’, e que [esse Jesus que] se havia encarnado em Maria para unir-se à natureza humana era em um Jesus completamente diferente ao que eu conhecia” entre os mórmons.

Isso fazia com que a adolescente começasse a “ter perguntas inquietantes sobre minha religião. Por que o resto dos cristãos não se emociona com o ‘Livro de Mórmon’? Por que estão contra? Por que os historiadores não o tomam a sério?”, se perguntava.

Por outro lado, Maren afirma que “para assistir nos Templos — que não é o mesmo que a prática dominical — deves ser um mórmon devoto, que pague suas cotas, e ter boa posição”. Além do que, “nunca podes questionar o que sucede no templo, mesmo o batismo dos mortos”. Os mórmons acreditam que podem batizar um defunto, mesmo falecido várias gerações anteriormente, fazendo-o em um seu representante vivo. Desse modo, mesmo nossos ancestrais podem ser batizados e se salvar…

Apesar de tudo quanto diziam seus correligionários sobre a religião católica, e se bem que por isso ela “sabia que o catolicismo estava completamente equivocado, sentia fascínio pela Igreja Católica. Considerava-a formosa e misteriosa, olhava com nostalgia as catedrais, e as comparava com tristeza com o pragmatismo das igrejas mórmons.

Ainda outras coisas da Igreja verdadeira atraíam essa alma sedenta de verdade. Fascinava-me as cenas de confissão nos filmes. As confissões pareciam tão privadas, acolhedoras e reconfortantes! Imaginei como seria desnudar sua alma em completo anonimato, e saber que é perdoado e, isso me parecia tão atrativo!” exclama. Também se sentia atraída pela reza do rosário, e sua mãe lhe explicou o que era: Todo meu coração anelava por essas contas, tinha literalmente vontade de enlaçá-las entre minhas mãos.

Com tudo isso, embora visse no catolicismo tantos aspectos positivos, faltava-lhe um impulso mais forte para aderir a ele. Ela afirma que se sentia, de um lado por ele atraído, e por outro ligada à religião de sua infância. De maneira que: “Durante minha adolescência, estive a cavalo entre dois mundos. Minha vida como corista era uma gloriosa festa espiritual, mas minha vida religiosa era cada vez mais estéril”, confessa.

De acordo com o estabelecido em sua igreja, aos 18 anos Maren “devia começar a assistir aos cultos com outros jovens solteiros, visando o matrimônio. Mas o mormonismo sem minha família era pesado, não cumpria minhas obrigações, e me pressionavam a me casar”.

Aos 25 anos essa dilaceração atingiu um auge. Maren afirma que “acudi ao templo, o lugar mais sagrado da terra, para aprofundar”. Entretanto, “foi ali, nesse dia, que minha fé recebeu um golpe fatal. Se essa era a Casa de Deus, se isso era Deus, então eu estava só no universo. Estava em estado de choque, meu mundo se havia se despedaçado”.

Passariam mais três anos antes que Maren rompesse com os mórmons. Isso se deu quando “conheci meu futuro esposo, Cristóvão. Não era mórmon, e com seu amor e apoio me senti forte para deixar a igreja mórmon. Não duvidei um só momento da existência de Deus. De fato, ao deixar os mórmons, me senti mais perto d’Ele do que nunca. Agora tinha uma missão: aprender o que é o catolicismo.

E para isso ela começou a frequentar celebrações, missas e adorações ao Santíssimo Sacramento. “Não entendia tudo, mas sentia uma profundidade e coesão incríveis. Impressionou-me a reverência das pessoas ao receber a comunhão. Não cria que fosse o corpo de Cristo, mas via claramente que elas sim, o criam, e quis ter isso também”.

Entretanto, o melhor estava por vir: “Em janeiro de 2017 sucedeu algo maravilhoso: Inteirei-me de que ainda se ofereciam missas tradicionais, em latim original, com o fundo musical que correspondia à minha fascinação pelo latim. Queria assistir isso!, afirma. E, uma vez que experimentei a missa em latim, soube que estava em casa. Era como se toda minha vida, e tudo o que havia amado em segredo, além de minha experiência musical, tivessem sentido. Creio que Deus me chamou a isso desde que era pequena”.

Veio a consequência: “Falei com o pároco daquela paróquia [que celebrava a Missa tradicional] e ele me disse que ele mesmo me ensinaria. Nunca havia esperado que um sacerdote dedicasse tanto tempo em ensinar uma pessoa, mas desde então entendi as coisas muito melhor do que católicos não conversos. Ele me dava muito material de leitura, eu o devorava e voltava com mais perguntas”. Quer dizer, sua conversão não se deveu só a um fervor momentâneo, mas depois de muita reflexão e de se ter instruído bem na fé, e resolvido todas suas dúvidas.

Em todo o material que o sacerdote lhe dava, surpreendeu-me o quão formosa e coesa era a doutrina católica. Quanto mais aprofundava, mais sentido tinha. Ela se explica melhor utilizando uma comparação: “Foi como se tivesse sido convidada a uma cidade antiga e vibrante, na qual descobri caminhos ocultos para formosos jardins, deliciosos restaurantes, e formosas estátuas”.

Uma das lutas com a doutrina foi com a Eucaristia: “Meu principal problema foi crer na Presença Real. Estava ajoelhada durante a Consagração, e pensei: Por que Deus, que disse ‘Faça-se a luz’, e fez, não poderia escolher estar conosco na Eucaristia? Podia permitir-me crer que Deus me ama tanto, que realmente se dá a si mesmo para que me alimente dele, para que me fortaleça e console simplesmente estando comigo?. A profundidade que se abriu à minha frente foi assombrosa” afirma. E conclui: “Tudo se encaixou depois disso".

“Verdadeiramente, a Igreja Católica foi a continuação e cumprimento do Antigo Testamento. E não é necessária que haja nenhuma restauração, como me ensinaram” na igreja mórmon.

O final feliz veio na Vigília Pascal de 2018: “Fui batizada e confirmada, e depois recebi o Corpo de Cristo com assombro e gratidão!”[i].


[i] religionenlibertad

 

Fonte - abim

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