sábado, 21 de maio de 2011

Maria Clara do Menino Jesus será beatificada

Cofundadora das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição
LISBOA, sexta-feira, 20 de maio de 2011 (ZENIT.org) – "Este é realmente o meu povo", dizia a Irmã Maria Clara do Menino Jesus (1843-1899) ao se referir aos mais pobres.

Neste sábado, ela será beatificada, em uma cerimônia presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, José da Cruz Policarpo, e concelebrada pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, em nome do Papa Bento XVI.
Seu pai espiritual, o Pe. Raimundo dos Anjos Beirão, ao ver o sofrimento dos jovens e moradores de rua no centro de “Nossa Senhora da Rosa”, em Lisboa, onde ele era o capelão, decidiu fundar a Congregação das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição e com elas se identificou Libânia do Carmo, quem mais tarde tomou o nome de Irmã Maria Clara.
Assim nasceu este trabalho conhecido pela sigla de CONFHIC e cujo carisma é a hospitalidade, o acolhimento e a hospedagem dos pobres e necessitados. Sua espiritualidade é a vivência das Bem-aventuranças, no exercício das obras de misericórdia. Foi aprovado pelo Papa Beato Pio XI em 1876.
Quando a Irmã Maria Clara morreu, a congregação já estava presente em Portugal, Índia, Angola e Guiné-Bissau, com 101 casas e 995 irmãs.
As mais de mil irmãs, distribuídas em 13 países, trabalham com missões, hospitais, escolas, creches, orfanatos, lares de idosos, educação especial, portadores de deficiência, centros paroquiais, marginalização, catequese e pastoral em todos os níveis.
ZENIT entrevistou a Irmã Musela Nunes, membro da Congregação das Hospitaleiras da Imaculada Conceição, sobre a vida e virtudes da Irmã Maria Clara.
ZENIT:Como a irmã Maria Clara discerniu sua vocação à vida consagrada?
Irmã Musela Nunes: Libânia - o nome de Batismo da Irmã Maria Clara - nasceu em uma família cristã, na qual os valores do Evangelho eram ensinados e estimados. Aprendeu com seus pais o amor a Deus, ao próximo, como amar e viver a caridade com os mais necessitados. Muito cedo, ela perdeu a mãe e, antes de perder o pai, ela e sua irmã foram enviadas para uma instituição real para crianças órfãs da nobreza.
Nessa ocasião, aprofundou em sua relação com Cristo, com a ajuda das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. O exemplo das irmãs a levou a questionar-se sobre a sua própria vocação. Sua irmã mais nova abraçou a vida contemplativa e logo depois ela também decidiu seguir Jesus e servir os mais necessitados, assim como seus pais e professores fizeram. O Pe. Raimundo dos Anjos Beirão, seu diretor espiritual, era muito sensível aos pobres e necessitados e sua ajuda foi fundamental para que ela seguisse esse sonho.
ZENIT:Como ela escolheu a vida contemplativa e ativa?
Irmã Musela Nunes: Ela veio de uma família nobre. Quando as Irmãs da Caridade foram expulsas de Portugal, ela foi morar com os marqueses de Valada, bons amigos de sua família. Mas seu coração jovem não estava agarrado a uma vida de luxo ou de entretenimento. Seu coração parecia dizer o que Agostinho disse: "Meu coração estava inquieto enquanto não repousava em ti". Ela tomou a decisão de aderir a uma pobre e pequena congregação, na qual começou sua vida religiosa.
ZENIT: Qual foi sua maior virtude?
Irmã Musela Nunes: A quem a fazia sofrer, ela sempre perdoava. Era capaz de fazer todas essas coisas pela grande fé em Deus e em sua misericórdia divina. Sua confiança na providência divina a fez prosseguir com firmeza.
ZENIT:Como era o seu caráter?
Irmã Musela Nunes: Ela era ativa, impulsiva - algo com que soube lidar com sua fé e caridade. Estava completamente enraizada em Cristo e, por isso, foi capaz de superar suas fraquezas. Ela viu que tudo vinha das mãos de Deus.
ZENIT:Qual é o testemunho de Maria Clara hoje?
Irmã Musela Nunes: Ela levou uma vida de dedicação, de estar centrada no outro, muito empenhada em fazer o bem a todos que dela necessitavam, explícita ou implicitamente.
Viveu numa época de crise e de desafios, como nós. Seus esforços encontraram a resposta adequada às situações que a faziam sofrer.
Era um grande desejo seu ir ao resgate daqueles que sofriam ou tinham qualquer tipo de necessidade.
O seu exemplo nos inspira a viver mais intensamente a misericórdia e o cuidado com aqueles que sofrem, através do exercício da hospitalidade.
(Carmen Elena Villa)

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