Consagrada a Nossa Senhora no próprio dia do nascimento.
Essa angelical menina nasceu no ano de 1322 em Bolonha (Itália). Seu
pai, Egano Lambertini, pertencia à alta nobreza e desempenhou cargos
importantes como o de governador de Bréscia e o de embaixador na
República de Veneza. A par de grande habilidade, prudência e valor
militar, distinguiu-se também por sua profunda fé e amor aos pobres. Sua
mãe, Castora, da nobre família Galuzzi, rogava com ardorosa fé a Nossa
Senhora a graça de ter ao menos um filho. Após rezar inúmeras vezes o
Rosário nessa intenção, obteve por fim o favor pelo qual tanto ansiava: o
nascimento de uma bela menina!
Assim que os olhos de sua filha abriram-se para este mundo, Castora
tomou-a nos braços e ofereceu-a à Santíssima Virgem: “Ó Senhora, uma
filha mais bela Vós não podíeis ter-me dado! Eu Vo-la ofereço, tomai-a
por inteiro”. A Virgem Maria aceitou com agrado esse oferecimento. A
pequena Imelda cresceu em idade e virtude sob os cuidados de sua piedosa
mãe que lhe dispensou uma esmerada formação religiosa.
As recreações próprias à infância não a atraíam. Do que ela gostava
mesmo era conversar sobre Deus e as coisas sobrenaturais. Passava longas
horas ajoelhada diante de um pequeno altar que ela mesma adornava e
floria.
A voz de Deus não tardou a inspirar-lhe no fundo da alma o desejo de abandonar o mundo e consagrar-se totalmente ao seu serviço.
Monja exemplar, com apenas dez anos!
Naquela época era comum a admissão de crianças em conventos, seja por
vontade própria, seja por iniciativa da família. Assim, aos oito anos
de idade, Imelda Lambertini foi admitida como oblata no mosteiro
dominicano de Santa Maria Madalena di Val di Pietra, onde se preparava
para ingressar no noviciado.
Dois anos depois, numa singela cerimônia íntima, teve a felicidade de
receber o hábito de São Domingos. Bem sabia a santa menina que esse
inapreciável dom lhe pedia, em contrapartida, um redobramento de fervor.
Tomando aquele ato com profunda seriedade, Imelda tornou-se modelo para
todas as irmãs. Só pelo fato de vê-la passar com alegria, modéstia e
humildade, as religiosas sentiam-se confirmadas em sua vocação.
O que ela mais amava era Jesus Sacramentado. Sua alma inocente
exultava de gozo ao considerar que no sacrário estava presente aquele
mesmo Jesus nascido da Virgem Maria, que em Belém fora colocado numa
manjedoura, e por amor a nós fora crucificado e morto, mas triunfante
ressuscitara ao terceiro dia!
A monja-menina passava horas junto ao sacrário. Apenas surgia uma
oportunidade, lá estava ela imóvel, com os olhos fixos no tabernáculo, a
fisionomia iluminada por uma intensa claridade. As religiosas se
admiravam do fervor e piedade de sua infantil companheira e,
maravilhadas, concluíram que sobre aquela alma pairava um especial
desígnio da Providência.
E eu, quando poderei comungar?
Sempre que a comunidade reunia-se na capela para a Missa conventual,
Imelda contemplava, extasiada, todas aquelas que se aproximavam da mesa
eucarística para a Comunhão. Surgia-lhe interiormente esta interrogação:
“Como se pode continuar vivendo nesta terra após ter recebido o próprio
Deus? Meu Jesus, quando poderei também eu ter a alegria de Vos
receber?”
Naquele tempo, não era permitido às crianças comungar, mas nem por
isso era menos ardoroso seu desejo de receber a Eucaristia.
Encontrando-se com o confessor ou com a Madre Superiora, repetia sempre a
mesma pergunta:
— Quando poderei comungar?
Mostrava-se obediente e resignada ante a resposta invariável de que
era preciso “esperar ainda um ano”, mas suspirava cada vez mais pelo
raiar do dia que seria para ela, sem qualquer dúvida, o dia mais feliz
de sua vida, o da Primeira Comunhão.
Morreu de felicidade…
Na madrugada de 12 de maio de 1333, véspera da festa da Ascensão do
Senhor, os sinos tocaram alegremente, chamando as religiosas para o
cântico do Ofício Divino. Acabada a salmódia, o sacerdote iniciou a
celebração da Santa Missa. Na hora da Comunhão, de joelhos no fundo da
igreja, Imelda acompanhava com ardorosos desejos a movimentação das
monjas que recebiam a sagrada Hóstia e retornavam recolhidas a seus
lugares. De seu coração brotou a mais ardente súplica:
— Meu Jesus, dizem-me que, pelo fato de ser criança, não posso ainda
comungar… Mas Vós mesmo dissestes: “Deixai vir a Mim os pequeninos”. Eis
que Vos peço, Senhor: vinde a mim!
Jesus, em seu terno amor aos inocentes e humildes de coração, não
resistiu a esse apelo: uma Hóstia destacou-se do cibório, elevou-se no
ar e, traçando um rastro luminoso por onde passava, foi pousar sobre a
cabeça de Imelda! O ministro de Deus, vendo nesse prodigioso fato uma
clara manifestação da vontade divina, tomou a Hóstia e deu-lhe a
Comunhão.
Ela fechou os olhos, inclinou suavemente a cabeça e permaneceu
absorta num profundo recolhimento. Terminou a Missa, passou-se longo
tempo, mas a pequena religiosa não fazia o menor movimento, e ninguém se
atrevia a perturbar aquela paz beatífica, aquele êxtase em que ela se
encontrava, convertida num tabernáculo vivo de Deus. Por fim, a Madre
Superiora tomou a decisão de chamá-la, e qual não foi a surpresa de
todos ao verificar que a menina não respondia…
Imelda estava morta, seu coração não resistira a tanta felicidade!
Em 1826 o Papa Leão XII confirmou e estendeu para toda a Igreja o
culto que havia séculos se prestava a ela em Bolonha. E São Pio X a
proclamou, em 1908, padroeira das crianças que vão fazer a Primeira
Comunhão. Seu corpo virginal permanece incorrupto e pode ser venerado na
capela de São Sigismundo, em Bolonha. Sua memória litúrgica é celebrada
no dia 12 de maio.
Beati mortui qui in Domino moriuntur (Bem-aventurados os que morrem
no Senhor). Ó Beata Imelda, morrestes no Senhor! Concedei a nós,
peregrinos nesta terra, que vosso luminoso exemplo de amor faça nascer
em nossos corações uma fome eucarística inextinguível e que, saciados
com o Pão dos Anjos, possamos um dia cantar eternamente convosco a
glória de Jesus que morreu por nós na Cruz e Se fez nosso alimento
espiritual até a consumação dos séculos .
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