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"Não teria eu vivido em outro corpo, ou em outra parte qualquer, antes de entrar no ventre de minha mãe?”('Confissões', I, cap. VI).
A Verdade: Em traduções diretas do latim, encontra-se: “E antes deste tempo, que era eu, minha doçura, meu Deus? Existi, porventura, em qualquer parte, ou era acaso alguém. Não tenho quem me responda, nem meu pai, nem minha mãe, nem a experiência dos outros, nem minha memória. (...)[não há nenhuma alusão à entrada no ventre]”?
(Confissões, da coleção “Os Pensadores”, vol. 6, Abril Cultural, 1973).
Vemos aí que houve má fé no texto do livro de Jayme Andrade, que repete versões inglesas onde se lê: “Was I, indeed, anywhere, or anybody? “[Estava eu, na verdade, em qualquer lugar, ou alguém?], o que mostra uma má tradução errada do termo “anybody”.
Estas
  duas versões têm sutis e cruciais diferenças: a primeira, do livro de 
 Jayme é claramente reencarnacionista, ao passo que a segunda, não o é, 
 mostrando tratar-se pura e simplesmente de um reles questionamento  
quanto a preexistência.
Santo
 Agostinho no trecho imediatamente  antes, esclarece a dúvida quando 
questiona: “dizei se a minha infância  sucedeu a outra idade já morta ou
 se tal idade foi a que levei no seio  da minha mãe?”. Esta dúvida 
sempre acompanhou santo Agostinho, que nunca  se definiu como a favor ou
 contra a existência da alma antes do  nascimento, preferindo assumir 
sua ignorância quanto à origem da alma:
“Pois
  você [Vincêncio Vítor] não apenas caluniou com sua censura os que são 
 afligidos com a mesma ignorância sob a qual eu próprio estou penando,  
quero dizer, no que diz respeito à origem da alma humana (apesar de eu  
não ser absolutamente ignorante mesmo quanto a esse ponto, pois sei que 
 Deus soprou a face do primeiro homem, e tal “homem então se tornou alma
  vivente” [Gn 2,7]”. ( Da Alma e Sua Origem, Livro IV, cap. III)
Ao
  contrário do herege Orígenes, que teve seus ensinamentos condenados  
pela Igreja, santo Agostinho jamais fomentou a reencarnação. A  
discordância entre ele e Orígenes fica patente numa carta a Optatus:
“Pois
  é impossível que sustentes a opinião de Orígenes, Prisciliano e outros
  hereges que, por causa dos atos cometido numa vida anterior, as almas 
 são confinadas em corpos mortais e terrenos. Esta opinião é, na 
verdade,  categoricamente contradita pelo o que o apóstolo de Jacó e 
Esaú que,  antes de terem nascido, não cometeram nem o bem, nem o mal 
[Rom 9,11]." (Nota: Esta carta aparece como sendo a 144ª da coletânea de Jerônimo, que teria, na verdade, uma versão simplificada dela.)
J.R. Chaves no seu “Reencarnação na Bíblia e na Ciência”,
  cap. VI até traz uma versão correta do texto de “Confissões”, de santo
  Agostinho, que sugere pré-existência, mas jamais reencarnação da alma.
  J.R. Chaves, militante do espiritismo, não perdeu tempo em também  
sapecar outra lorota, dizia:
“Santo
  Agostinho morreu em 430, ou seja, 123 anos antes de V Concílio  
Ecumênico de Constantinopla II (553), o qual, supostamente, teria  
condenado a reencarnação.”
Resposta:
 Pura calúnia! Santo Agostinho, mais de 123 anos antes de 553, já  
condenava o origenismo e suas almas que trocam de corpos, afinal fora  
contemporâneo à primeira crise origenista. Como vimos acima, ele  
questionava a pré-existência da alma, mas sempre adotou a vida única em 
 estado mortal. Chaves deveria saber disso, pois um autor usado por ele –
  William Walker Atkinson, em “A Reencarnação e a Lei do Carma”, p. 47; uma página após falar de Justino – já falava da oposição de santo Agostinho ao origenismo.
E assim eles vão caluniando em favor da heresia do espiritismo, porque o Diabo é o pai da mentira.
O
  fato de os primeiros teólogos terem agido com tanta veemência na  
rejeição da reencarnação, pode ser tomado como sinal de que algum grupo 
 ou seita um dia a aceitou, afinal a pagã cultura grega em que os  
primeiros cristãos estavam imersos admitia essa heresia que os  
ensinamentos de Jesus condenou.
“Está determinado que os homens morram uma só vez e logo em seguida o juízo.” (Hebreus 9,27). Você acredita em Deus ou nos espíritas?
Eis a verdadeira diretriz da Igreja para aqueles que estão no pecado grave que é o espiritismo:
"Os
  espíritas devem ser tratados, tanto no foro interno como no foro  
externo, como verdadeiros hereges e fautores de heresias, e não podem  
ser admitidos à recepção dos sacramentos, sem que antes reparem os  
escândalos dados, abjurem o espiritismo e façam a profissão de fé".
 (1ª Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (1953) in: Frei  
Boaventura Kloppenburg OFM "Espiritismo: Orientação para Católicos", 6a.
  edição, Ed. Loyola, cap.VII, p. 157)
Por Fernando Nascimento
 
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