segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Reforma da Cúria: papa congela o título de monsenhor

ihu - "Monsenhor, ma non troppo". Você se lembra do quarto episódio da célebre saga de Don Camillo e Peppone, que narrava a história do vulcânico pároco de Brescello, interpretado por Fernandel, e do prefeito comunista, interpretado por Gino Cervi? Ambos já velhos, estavam prestes a obter uma ansiada promoção, o primeiro ao título de monsenhor, enquanto o segundo estava prestes a se tornar senador. O filme que, na época, alcançou um grande sucesso, hoje, dadas as novas disposições do Papa Francisco, soa um pouco anacrônico.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 12-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Don Camillo, na Igreja de Bergoglio, nunca alcançaria a honraria tão desejada, porque o título de monsenhor foi congelado. Há meses, a Secretaria de Estado, por ordens superiores, não autoriza mais esses títulos. A decisão estabelecida ainda no primeiro período do pontificado durou até hoje e, provavelmente, permanecerá bloqueada sabe-se por quanto tempo. 
Alguns dizem que se trata de uma medida temporária, e não uma revogação tout court, provavelmente à espera do entendimento de como reformar a Cúria e os seus escritórios, segundo critérios de sobriedade e simplicidade, varrendo privilégios e títulos que parecem ser altissonantes a Bergoglio e um pouco fora do tempo.
A Igreja do futuro, repetiu Francisco várias vezes, deve ser povoada por padres não clericalizados, párocos não carreiristas, pastores atentos às periferias existenciais e aos que se afastaram. Uma das expressões mais coloridas usadas por Francisco para dizer que os párocos devem voltar ao essencial, ao testemunho, é que eles devem evitar "colocar bobes nas ovelhas". Nessa perspectiva eclesial, é difícil não rever também os títulos honoríficos dos monsenhores que antigamente eram atribuídos na França ao Delfim e aos herdeiros do trono e que, depois, passaram para a corte pontifícia durante a estadia em Avignon, no início do século XIV. Em suma, monsenhor ma non troppo.
Esse título, antes de 1968, também era concedido a todos os prelados pertencentes à Capela e à Família pontifícias, e, depois da reorganização geral da Casa Pontifícia desejada por Paulo VI com o motu proprio Pontificalis domus, têm direito de se chamar assim os protonotários apostólicos, os prelados de honra de Sua Santidade e os capelães de Sua Santidade.
Teoricamente, qualquer eclesiástico pode obter o título, basta apenas que o bispo diocesano promova a prática em Roma, explicando os méritos do pároco.
Revisão
A prática chega a um escritório da Secretaria de Estado encarregada do setor. Se as cartas forem aprovadas, elas passam para a assinatura do papa. Outro caminho, mais curto, para se tornar monsenhor, é ser nomeado diretamente pelo pontífice, sem passar pelo bispo.
Todos os anos, o Vaticano "produz" diversas centenas de monsenhores. Atualmente, o congelamento estendido a todas as dioceses não vale, porém, aos membros do corpo diplomático, os únicos que foram agraciados pelas novas disposições, que continuam se tornando monsenhores entre as queixas gerais por causa da disparidade, embora se trate de números contidos. O título é bastante ambicionado, dado que permite usar a veste filetada durante as cerimônias. É chique. 
Um dos primeiros bispos que se adequou ao novo curso foi o patriarca de Veneza, Moraglia, que avisou os seus padres que reservaria o título de "monsenhor" somente aos sacerdotes que receberam uma honraria diretamente do papa. Todos os outros terão que se contentar com o "padre". Moraglia explicou que se trata de "uma rigorosa revisão" que se encaixa no espírito de Francisco.

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