De Jean Galot
INTRODUÇÃO
O fim deste estudo é revelar os sentimentos íntimos de Jesus, tais como no-los conta ou nos faz pressentir o Evangelho; ele penetra assim no coração do Homem-Deus. Certamente, Cristo vive na Igreja e na alma do Cristão; fala no fundo dos corações, e em sua linguagem revela a Sua pessoa. Poder-se-ia pois estudá-Lo de acordo com as considerações dos místicos e as revelações privadas. Entretanto, nada vale o esforço de encontrar Cristo em sua revelação pública, e mais particularmente ainda no evangelho. Nesse evangelho é que Ele se deu a todos; é ai que a luz do Espírito Santo o faz surgir na intensa grandiosidade de seu mistério.
O desejo dos evangelistas não foi de sondar de modo especial as profundezas do coração de Cristo. Narraram a vida do Messias sob um ponto de vista objetivo, do exterior. Não fizeram uma análise psicológica e, felizmente, sob a inspiração Divina, contentaram-se de ser testemunhas. A igreja, porém, ao transmitir-nos seus escritos, convida-nos a aprofundar-lhes a substância. Não nos aconselha a limitar-nos a uma leitura preguiçosa e rotineira das páginas sagradas. E o inspirador Divino dessas páginas orienta os cristãos de hoje a trazerem à tona os tesouros ali encerrados. Procuraremos, portanto, perscrutar mais adentro os segredos da alma de Cristo, rebuscar as intenções através dos gestos e das atitudes e atingir a fonte borbulhante do Seu amor, cada vez que alcançarmos o centro da atividade de Jesus. Os traços principais e os pormenores mais ínfimos de sua existência explicam-se pelo amor; sua vida nele se resume; toda a sua personalidade está em seu coração, assim como também é Ele a fornalha do amor.
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