16 de outubro de 2013
Por Johnny Bernardo
É fato: a maçonaria passa por um processo de intensa crise
no Brasil. Fundado em setembro de 1822, o Grande Oriente do Brasil
(GOB), se diz “a única potência brasileira a deter o reconhecimento
primordial, secular e definitivo da Loja-Mãe da Inglaterra e inscrito
entre as quatro maiores potências maçônicas do mundo”. A informação,
concedida pelo secretário geral de gabinete, Antonio Gaviolli, revela
parte da crise pela qual atravessa a maçonaria. O GOB, que teve
participação nos principais processos que marcaram o Brasil monárquico e
republicano, atualmente se vê impotente diante dos acontecimentos
nacionais, como os protestos populares, das ruas e a crise política.
Cismas.
De única instituição representativa, a
partir de 1927 o GOB passou a dividir o cenário nacional com o primeiro
cisma conhecido, a Grande Loja Brasileira e, a partir de 1973, com a
Confederação Maçônica do Brasil. Atualmente há várias lojas e
confederações.
Números.
A evasão de membros, de lojas do GOB, e a
grande diversidade de lojas maçônicas por todo o País levou à estagnação
numérica. Segundo a List of Lodges (2011), há 211.000 maçons
no Brasil, dos quais 75.987 fazem parte do GOB e 106.112 possuem ligação
com as grandes lojas confederadas à Confederação da Maçonaria Simbólica
do Brasil – os demais 28.942 membros fazem parte das 17 Grandes Lojas
Orientes Independentes.
Polêmicas.
A recente história da maçonaria é marcada
por algumas polêmicas, como o registro de 21 livros “secretos” da Ordem
na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, pelo então grão-mestre
Marcos José da Silva – fato que levou a revista ISTOÉ a publicar a matéria Impeachment na maçonaria (2010). Outra polêmica é a aceitação de mulheres em obediências mistas.
Estratégias.
Para melhorar os índices de crescimento
algumas lojas veem investindo em meios de comunicação, como programas
televisivos – veiculados em canais abertos –, desenvolvimento de
sistemas internos de comunicação, com rádio e TV, e sites onde é
possível acessar vídeos de entrevistas, reuniões públicas e até mesmo
verificar endereços de lojas. Outra inovação é a veiculação de manuais
de abertura de lojas, como a da Ordem Maçônica Mista Internacional “Le
Droit Humain”, que estabelece onze pontos a
serem observados. As novas estratégias surpreendem porque a maçonaria
sempre foi conhecida como uma organização secreta ou discreta.
Filiação.
Ainda como parte da estratégia de
crescimento, hoje é possível se tornar membro da maçonaria com um
simples preenchimento de cadastro online. Confirmado o cadastro, algumas
horas ou dias depois um representante entra em contato com o postulante
para agendar uma entrevista em uma das lojas-sede mais próximas, onde é
dado prosseguimento ao ingresso na Ordem Maçônica. Também há uma taxa a
ser paga, cujo valor varia de loja para loja. O GOB é um dos poucos
representantes que seguem o modelo primitivo – que é a filiação por
indicação.
A crise pela a qual a maçonaria atravessa possui outros fatores, como
as diversas críticas e polêmicas externas da qual é alvo, a suspeita de
alguns setores, e o aspecto aparentemente ultrapassado da organização –
elementos estes considerados como barreiras a serem derrubadas, via
modernização da Ordem, necessária ao crescimento, dizem seus
representantes.
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