segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Conhecendo um pouco mais sobre a Bíblia

04 out 2013
 
“Eis que vem o tempo, diz o Senhor, em que eu enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir a Palavra do Senhor” (Am 8,11).
“Não se ama, aquilo que não se conhece”. É necessário, pois, estarmos a aprender, cada vez mais, sobre Deus e seus ensinamentos, contidos na Bíblia. É Ele mesmo que nos pede: “buscai diligentemente no Livro do Senhor, e lede; nada do que vos anuncio deixará de acontecer …” (Is 34,16).
Na introdução geral à Bíblia Sagrada, editada pelas Edições Paulinas, 37 ed., nos explica que “O Novo Testamento inteiro foi escrito em grego (…); quanto ao Antigo Testamento, temos três idiomas originais. A maior parte foi escrita e chegou até nós em língua hebraica. Alguns capítulos dos livros de Esdras e de Daniel, e um versículo Jeremias, estão em aramaico, que foi o idioma falado na Palestina, depois do exílio babilônico (séc. VI aC). Dois livros, o segundo de Macabeus e a Sabedoria foram escritos originalmente em grego. Dos livros de Judite, Tobias e Baruc, Eclesiástico e parte também de Daniel e Ester, perdeu-se, como no caso do Evangelho de Mateus, o texto original, hebraico ou aramaico, sendo substituído pela versão grega” (pág. 8). Pe. Flávio Cavalca de Castro nos explica que um terço do original hebraico do Livro do Eclesiástico foi descoberto em 1896 (Para ler a Bíblia, p. 32).
A primeira grande tradução da Bíblia foi feita por São Jerônimo, do grego para o latim, por solicitação do Papa Dâmaso, em 382. Essa tradução chamou-se de “Vulgata Latina”. Foi terminada por volta do ano 405, chegando a ser de uso universal. Atualmente, a Bíblia é traduzida em quase todas as línguas do mundo. É considerado o livro mais conhecido, mais lido e estudado. Por sinal, as cópias mais antigas da Bíblia se encontram na Biblioteca Vaticana, código Vaticano B-03, e no Museu Britânico, código Sinaítico S-01.
Além das traduções na sua própria língua nacional, para facilitar mais ainda a sua leitura e para consultá-la, cada livro foi dividido em capítulo. E cada capítulo em versículos. A divisão em capítulos foi feita pelo cardeal Estevão Langton, em 1228, e a divisão em versículos, para o Antigo Testamento, foi feita pelo Frei Sante Pagnini (1528) e, para o Novo Testamento, por Roberto Estevão (1550). Entende-se, entretanto, que essas divisões são apenas de valor prático, não científico. A Bíblia toda contém 73 livros, 1.333 capítulos e 35.700 versículos.
A Bíblia Católica contém todos os livros inspirados por Deus; traz sempre no rodapé de cada página notas explicativas, para facilitar ao leitor a compreensão da Palavra de Deus; e apresenta sempre nas suas primeiras páginas o “Imprimatur”, isto é, o “imprima-se” de um bispo, como garantia absoluta de que se trata de uma tradução autêntica da Palavra de Deus. Os bispos a aprovam na qualidade de sucessores dos Apóstolos (Cf. Mt 28,18-20).
Esclarece-nos Pe. Vicente Wrosz: “Cronologicamente, Jesus: 1) Escolheu, autorizou e enviou os Apóstolos, sob a presidência de Pedro, a evangelizar todos os povos, estabelecendo assim o Magistério da Igreja; 2) Este ensinamento, oral e pelas cartas, foi transmitido pelos Apóstolos, – como Tradição Apostólica, – aos bispos e presbíteros por eles escolhidos e consagrados (Cf. Mc 1,5 e 1Pd 5,1-2); 3) Somente depois de mais de 2 séculos, o Papa reunido com os Bispos em Concílio, com sua autoridade infalível, declarou uma parte destes escritos da Tradição, como Cânon de Livros Sagrados, ou Sagrada Escritura, ou Bíblia: reservando-se o direito e a obrigação de vigiar sobre sua autêntica interpretação, de acordo com a Tradição Apostólica” ( Respostas da Bíblia, 48 ed., p.31 ).
A Bíblia não é um livro comum. É para nós: Consolo (1Mc 12,9); alimento e sustento para a nossa vida (Lc 4,4); luz a nos guiar (Sl 118,105); firmeza na esperança e fonte de coragem e força (Rm 15,4); bem-aventurança (Ap 1,3); vida (Pr 7,1s); socorro (Sl 118,175); uma arma e uma armadura contra o mal (Ef 6,17); paz (Sl 118,165); conhecimento que nos ensina e nos forma na justiça (2Tm 3,16-17) etc.
Devemos, pois, ter cinco atitudes perante as Sagradas Escrituras: 1) Ouvi-la (Jo 8,47a); 2) Acreditar nela (Jo 5,38); 3) Meditá-la (Sl 1,2); 4) Comunicá-la (2Tm 4,2a); e, 5) Praticá-la (Tg 1,22.25).
Ela “foi escrita a fim de que vós creiais que Jesus é o Cristo, Filho de Deus; e para que, crendo, tenhais a vida eterna em virtude do seu Nome” (Jo 20,31), por isso não podemos jamais tê-la como conhecimento inútil e desnecessário, como nos adverte Moisés: “Maldito o que não conserva as palavras desta Lei, e as não põe em prática” (Dt 27,26). Devemos, porém, “atentar antes de tudo a isto: que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular” (2Pd 1,20) e “nas quais há coisas difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes (na fé) adulteram (como também as outras Escrituras) para sua própria perdição” (2Pd 3,16).
Sabemos que a Palavra de Deus não pode desaparecer (Cf. Lc 21,33 e 1Pd 1,25) e nem ser desprezada ou anulada (Cf. Jo 10,35c), tendo sido comunicada por homens santos e inspirados (Cf. 2Pd 1,21) e que devemos sempre dar graças a Deus, por tê-la em nossa vida (Cf. 1Ts 2,13).
Alguém poderia perguntar: Nossa única referência de fé é a Bíblia ? A resposta do Cristão é simplesmente NÃO. A Bíblia por si só não basta, pois ela é um livro mudo, apesar de ser sagrado. É o que confirma Pe. Júlio Maria: “Todo livro precisa de uma interpretação, feita por uma autoridade competente, senão é letra morta, e a letra morta só pode dar a morte ( Cf. 2Cor 3,6 ), enquanto o espírito da interpretação autêntica dá vida” (Luz nas Trevas, p. 12).
Questiona-se bastante: Toda e qualquer pessoa é capaz de interpretar a Bíblia de maneira correta e aprovada? É claro que não, porque ela não é de interpretação particular (Cf. 2Pd 1,20). A própria Escritura menciona a dificuldade de algumas de suas passagens e da interpretação do livro como um todo (Cf. 2Pd 3,16 e Hb 5,11-12). Na passagem bíblica de Lc 14,1-5 os fariseus não aceitam que Jesus cure uma pessoa no Sábado, interpretando erroneamente o Livro do Êxodo (Cf. Ex 20,8-11). Mesmo assim, muitos ainda contra argumentam dizendo que o Espírito Santo toma a si a tarefa de explicar a Bíblia a cada pessoa. Então, se este é o caso, por que não a explicou ao ministro etíope, por exemplo? (Cf. At 8,30-35). Como explicar também tantas seitas e doutrinas, as mais diferentes e absurdas possíveis, onde seus líderes afirmam que interpretam a Bíblia segundo o Espírito Santo?
Devemos ler a Bíblia lógica ou ilogicamente ? São Paulo responde: “Rogo-vos, pois, irmãos, que ofereçais os vossos corpos como uma hóstia viva, santa, agradável a Deus, o culto racional que lhe deveis” (Rm 12,1). A religião e a devoção, enquanto nos aproximam de Deus, também devem ser baseados na lógica e na sabedoria. O próprio Cristo repreende os dois discípulos de Emáus por sua falta de entendimento (Cf. Lc 24,25-27).
É importante esclarecer que os livros do Novo Testamento foram completados mais ou menos no ano 90 da Era Cristã. Jesus Cristo não escreveu nada. Portanto, os primeiros cristãos viveram a fé em torno de 60 anos sem os livros do Novo Testamento. Levaram mais 300 anos (por volta de 367) para terem todo o Novo Testamento (com seus 27 livros) reconhecidos por todos. Já o Antigo Testamento, começou a ser escrito no tempo de Moisés, que viveu em torno do ano 1250 aC.
A Bíblia inclui tudo? A resposta é não ! Eis uma prova que vem da própria Bíblia: existem livros que foram escritos pelos apóstolos e que não foram incluídos na Bíblia, como a primeira epístola de São Paulo aos Coríntios, anterior à nossa (Cf. 1Cor 5,9ss) e a carta de São Paulo aos Laodicenses, mencionada em Cl 4,16. Mesmo os Livros Sagrados que temos em mãos não incluem tudo sobre Jesus e seus prodígios (Cf. Jo 20,30). E da mesma maneira, os escritores inspirados não nos deram conta de tudo aquilo que Jesus falou ou disse (Cf. Jo 16,12 e Jo 21,25). Além disso, devemos recorrer a Tradição Oral, como afirma São Paulo: “O que ouviste de mim na presença muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis capazes de ensinar a outros“ (2Tm 2,1-2) e “permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservai as tradições que aprendestes, ou por nossas palavras, ou por nossa carta” (2Ts 2,14). Confira ainda: 2Tm 1,13 e 2Ts 3,6.
Enfim, vale a pena citar alguns pensamentos sobre a Bíblia para reflexão: “A Bíblia não existe para ser criticada, mas para que nos critique” (Sören Kierkegaard); “É impossível governar perfeitamente o mundo, sem Deus e sem a Bíblia” (George Washington); “Quem não conhece as Escrituras, não conhece Cristo” (São Jerônimo); “Lendo a Escritura nós ouvimos a Deus; pela oração nós lhe falamos” (Santo Ambrósio).

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