27 novembro 2013
VATICANO,(ACI)-
Na primeira exortação apostólica do seu pontificado intitulada
“Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco ressaltou que “a homilia não pode
ser um espetáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos
mediáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração”.
Pela importância do tema, o Santo Padre dedica uma seção deste
documento a explicar como deve ser a homilia: “é um gênero peculiar, já
que se trata de uma pregação no quadro duma celebração litúrgica; por
conseguinte, deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência
ou uma lição”.
No numeral 138, o Papa afirma que “o pregador pode até ser capaz de
manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas assim a sua
palavra torna-se mais importante que a celebração da fé. Se a homilia se
prolonga demasiado, lesa duas características da celebração litúrgica: a
harmonia entre as suas partes e o seu ritmo.”.
“Quando a pregação se realiza no contexto da Liturgia, incorpora-se
como parte da oferenda que se entrega ao Pai e como mediação da graça
que Cristo derrama na celebração. Este mesmo contexto exige que a
pregação oriente a assembleia, e também o pregador, para uma comunhão
com Cristo na Eucaristia, que transforme a vida. Isto requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe mais que o ministro”.
O Papa Francisco assegura também que “a homilia é o ponto de
comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um
Pastor com o seu povo. De fato, sabemos que os fiéis lhe dão muita
importância; e, muitas vezes, tanto eles como os próprios ministros
ordenados sofrem: uns a ouvir e os outros a pregar. É triste que assim
seja. A homilia pode ser, realmente, uma experiência intensa e feliz do
Espírito, um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de
renovação e crescimento”.
Depois de colocar como exemplo a pregação de São Paulo, o Papa
assinala que “a proclamação litúrgica da Palavra de Deus, principalmente
no contexto da assembleia eucarística, não é tanto um momento de
meditação e de catequese, como sobretudo o diálogo de Deus com o seu
povo, no qual se proclamam as maravilhas da salvação e se propõem
continuamente as exigências da Aliança”.
“Reveste-se de um valor especial a homilia, derivado do seu contexto
eucarístico, que supera toda a catequese por ser o momento mais alto do
diálogo entre Deus e o seu povo, antes da comunhão sacramental. A
homilia é um retomar este diálogo que já está estabelecido entre o
Senhor e o seu povo”.
Aquele que prega, prossegue, “deve conhecer o coração da sua
comunidade para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus e
também onde é que este diálogo de amor foi sufocado ou não pôde dar
fruto”.
O Papa alerta logo que “a pregação puramente moralista ou
doutrinadora e também a que se transforma numa lição de exegese reduzem
esta comunicação entre os corações que se verifica na homilia e que deve
ter um caráter quase sacramental: ‘A fé surge da pregação, e a pregação
surge pela palavra de Cristo’”.
“Na homilia, a verdade anda de mãos dadas com a beleza e o bem. Não
se trata de verdades abstratas ou de silogismos frios, porque se
comunica também a beleza das imagens que
o Senhor utilizava para incentivar a prática do bem. A memória do povo
fiel, como a de Maria, deve ficar transbordante das maravilhas de Deus. O
seu coração, esperançado na prática alegre e possível do amor que lhe
foi anunciado, sente que toda a palavra na Escritura, antes de ser
exigência, é dom”.
Para o Santo Padre, “falar com o coração implica mantê-lo não só
ardente, mas também iluminado pela integridade da Revelação e pelo
caminho que essa Palavra percorreu no coração da Igreja e do nosso povo fiel ao longo da sua história”.
A identidade cristã, precisa, “que é aquele abraço batismal que o Pai
nos deu em pequeninos, faz-nos anelar, como filhos pródigos – e
prediletos em Maria –, pelo outro abraço, o do Pai misericordioso que
nos espera na glória. Fazer com que o nosso povo se sinta, de certo
modo, no meio destes dois abraços é a tarefa difícil, mas bela, de quem
prega o Evangelho”.
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