Protestantes não raras vezes discordam uns dos outros.
E mesmo que todos identifiquem heresias uns nos outros, todos se consideram irmãos em Cristo para fins estatísticos.
A maior parte reconhece que o Espírito Santo não ensina doutrinas divergentes e opostas entre si.
E assim nunca foi segredo para ninguém que uma Igreja evangélica não é igual a outra.
Entretanto, os institutos de pesquisas e a imprensa colocam de um mesmo lado todas as igrejas protestantes e evangélicas.
E a maior parte dos pregadores, fazendo-se de ingênuos, tentam
sugerir que todos juntos integram uma “única” e “una” Igreja Evangélica
Brasileira.
Não é por inocência que fazem isto. É colossal a diferença em
percentuais e números absolutos favoráveis a Igreja Católica em relação a
qualquer outra igreja do Brasil.
E mesmo somadas todas as 50.000 ou 60.000 igrejas protestante e
evangélicas, e, admitindo que os percentuais e números anunciados
estejam corretos, ainda assim estas igrejas todas somadas alcançaram
menos da metade do número de católicos no Brasil.
Estou fazendo apenas um registro. Maioria católica não praticante ou
maioria evangélica sem compromisso efetivo com a unidade verdadeira
ordenada por Jesus Cristo penso que não podem operar grandes
transformações ou mudanças.
Retomando:
Quando surgem as estatísticas e pesquisas que sugerem falsamente a
existência de uma só Igreja evangélica, o zelo pela coerência e o desejo
na transmissão da sã doutrina desaparecem até mesmo dos honestos e bem
intencionados.
Pouco importa o que cada grupo ou pessoa prega ou o Cristo que se
pretende seguir. O importante é o apontamento de determinado Instituto
de pesquisa sobre os percentuais de igrejas evangélicas e número de
crentes que assim se declaram.
Todos os dias podemos verificar textos e artigos de pregadores
famosos que estão exultantes com o “sucesso” desta “una” igreja
evangélica onde tem de tudo e onde todos se atacam e muitos são
abertamente denominados como apóstatas e hereges.
Tem gente séria sendo injustamente chamada por outros de trouxas, idiotas, endemoníados e até filhos do diabo.
No entanto, mesmo estes que são ofendidos por outros de forma brutal e
injusta, SURPREENDENTEMENTE, logo que surgem as pesquisas assumem que
todos, inclusive seus acusadores,
“integram” a “única” e “una” Igreja
Evangélica Brasileira.
Para fins estatísticos todos estão “salvos” por causa das placas e dos rótulos protestante e evangélico.
E curiosamente e contraditóriamente, todos gritam ao mesmo tempo
contra o catolicismo que religião, placa de igreja ou rótulo não salvam
ninguém.
O que temos visto por aí?
Recentemente, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, um líder
evangélico muito determinado nos ataques ao Papa Francisco confirmou a
máxima de que as pesquisas parecem ser mais importantes do que a
qualidade do cristianismo:
Incomodado especialmente com o discurso do Papa Francisco sobre a
pobreza, este líder manifestou-se no twitter naqueles dias do mês de
julho de 2013 da seguinte forma:
“…Olha a nossa preocupação: segundo o IBGE, nós, os evangélicos em
2020 serão maioria no Brasil. Como estamos preocupados, deixa eu [rir]
kkkkkkk.”
Tenho impressão que o IBGE não fez tal afirmação. Não importa !
Esta celebridade evangélica colocou todo mundo no mesmo saco,
incluindo seus adversários com os quais já brigou e cujas doutrinas
condenou.
E também incluiu aqueles outros tantos que condenaram suas doutrinas,
em especial, a doutrina da prosperidade que ele vem pregando e que a
maioria, GRAÇAS A DEUS, rejeita, repudia e repele.
O que vale realmente para este líder é tão e somente o que dizem as pesquisas.
E ao que tudo indica, este líder parece ser o que há de melhor no meio evangélico.
Grande parte dos evangélicos fez dele seu representante para diversos
assuntos, especialmente quando se abre espaço para este líder nos
grandes canais de tv.
Se ele está na TV, torna-se repentinamente o representante de todos. Ou quase todos.
Nesta “una” Igreja Evangélica Brasileira sugerida por este líder tem de tudo, se não vejamos:
Unção da meia. Unção da Vassoura. Unção do leão. Unção do zoológico.
Regressão ao útero materno. Troca de anjos da guarda. Transferência de
unção. Casamento entre pessoas do mesmo sexo. Culto das princesas. Há
quem batize e tem quem não batize. Tem quem acata o divórcio. Tem quem
defenda a teologia da prosperidade e tem quem diga que isto é uma
aberração. Tem quem guarde o sábado e tem quem guarde o domingo. Tem
adoração da arca da aliança e tem fogueira santa ou desafios
financeiros. Tem confissão positiva e tem até venda de canais por
assinatura e venda de Bíblia da prosperidade. Tem pastor televisivo
pregando a heresia de Ário. Tem pastor dizendo que ajudar os pobres
desvia recursos da igreja. E tem pastor dizendo que não se deve tocar no
“ungido” do Senhor. Tem pastor “determinando” e tem pastor mandando
tomar posse da benção.
E contra todas estas doutrinas existem muitos outros grupos,
denominações e pessoas que também se declaram protestantes ou
evangélicos e que também divergem umas das outras em outros temas.
Tem ainda o grupo dos sem igreja que também se declara protestante/evangélico e que se afastou de todos os outros grupos.
Mas este líder convive muito bem com toda esta confusão e Babel teológica.
Vejamos o que ele acrescentou no twitter:
“O único país do mundo onde os 3 últimos papas estiveram foi o
Brasil. Somos nós que estamos preocupados? Deixa eu rir mais um pouco
kkkkkkkkk”.
Sem dúvida alguma para ele o “somos nós” significa que todos são “irmãos em Cristo”. Ele não fez qualquer distinção.
Assim sendo, naquele grupo que ele elegeu como “Os salvos”,
necessariamente, tem até o seu antigo mentor que é o auto proclamado
bispo que prega a favor do aborto.
Sinceramente, não vejo como podem pertencer ao mesmo grupo de “eleitos” ou “salvos”, os defensores do aborto e seus opositores.
E como é possível que sejam “Irmãos em Cristo” os pregadores da
teologia da prosperidade e todos aqueles que dizem que esta doutrina é
obra do diabo?
Não há como negar a salvação pelo rótulo que vem sendo encarnada e assumida pelos protestantes e evangélicos rotineiramente.
E quanto aos que berram sobre os percentuais alcançados nas pesquisas
e estatísticas, podemos afirmar que se não é por ignorância, é tão e
somente por má-fé que é possível alguém encher a boca e dizer “Povo de
DEUS” ao fazer referência a um determinado grupo, quando se sabe que ele
próprio já condenou doutrinas de muitos que ali estão inseridos e
sabendo que ele também teve suas doutrinas ou ensinos condenados por
tantos outros que fazem parte do mesmo grupo.
No que diz respeito a uma eventual maioria evangélica no ano de 2020 e
sobre a qual este líder fez referência, podemos dizer o seguinte:
Se houver maioria evangélica ou maioria católica em 2020, DEUS ainda estará no controle de tudo.
Se tivermos bons evangélicos que confessam Jesus Cristo como Senhor e
DEUS uno e trino e cada qual assumir de fato a sua cruz, por via de
consequência teremos bons cristãos.
E os evangélicos sendo bons cristãos em 2020 por certo respeitarão as
minorias. Respeitarão as leis. Serão amorosos com os católicos,
cordiais, gentis e atenciosos. Respeitarão todas as religiões e terão
apreço pela liberdade religiosa.
Se esta maioria evangélica fizer como Jesus Cristo, então nós católicos seremos servidos por eles.
Seremos acolhidos e nos darão de comer e beber.
Seremos abrigados e vestidos.
Ao que tudo indica, este líder evangélico esquece o que ele próprio vem pregando habitualmente.
Por vezes, são as minorias que devemos temer.
Finalmente, disse ainda no twitter este líder que agora aparece nos
canais de TV, diga-se de passagem para alegria e encantamento de muitos
no meio evangélico que antes “repudiavam” algumas destas emissoras:
“A verdade é que tem gente que não suporta a verdade, quando ela o confronta. Deixa eu [rir] ahahahahahah”
Mas será que ele suporta a verdade?
Para a decepção deste líder evangélico:
“Quem define as coisas no Reino Espiritual não é o IBGE irmão, mas o
Espírito Santo, o Deus Todo-Poderoso. Ele nunca erra! (Padre Roger Luis
também no twitter)”
Reconheço que todo homem e mulher podem e devem aderir a fé, crença
ou credo que lhes pareçam mais favoráveis ou adequados. Não concordo com
qualquer tentativa de cerceamento de liberdade religiosa. Não aceito
também ofensas a honra e dignidade das pessoas.
Autor: André Silva com a colaboração de V.De Carvalho – Livre divulgação mencionando-se os autores
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