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Francisco fez apelo dos crentes a se expressarem respeitando os outros.
Declaração foi dada durante reunião plenária do Conselho Pontifício.
O Papa Francisco lamentou nesta quinta-feira (28) um certo "pensamento
único" laico que rejeita a diversidade religiosa, e fez um apelo ao
direito dos crentes a se expressarem em espaços públicos "respeitando as
convicções dos outros".
Em um discurso aos participantes de uma reunião plenária do Conselho
Pontifício para o diálogo entre religiões, o Papa expressou dois "não":
não a "uma fraternidade cínica" no diálogo inter-religioso, onde cada
líder religioso, para assegurar um entendimento factível, "finge
renunciar aquilo que lhe é mais caro".
Não a um entendimento de fachada com as sociedades laicas, acrescentou,
em nome do respeito do dogma de um "pensamento único teoricamente
neutro".
O
Papa Francisco usa cachecol durante audiência desta quarta-feira (27)
na Praça São Pedro, no Vaticano (Foto: Vicenzo Pinto/AFP)
"Assistimos na História tragédias dos pensamentos únicos", lembrou, fugindo de seu discurso preparado.
O Papa criticou "o medo de vemos crescer nas sociedades mais secularizadas: o medo da dimensão religiosa como tal".
"A religião é vista como inútil e até mesmo perigosa. Às vezes
argumenta-se que os cristãos devem abandonar as suas convicções
religiosas e morais no exercício de sua profissão. A ideia generalizada é
que apenas escondendo sua filiação religiosa podemos assegurar a
coexistência, nos reunindo em uma espécie de espaço neutro, sem qualquer
referência à transcendência", considerou.
Desta forma, Francisco parece, indiretamente, defender o direito à
objeção de consciência, principalmente entre médicos, prefeitos ou
professores, quando confrontados a realidades que a Igreja desaprova
(aborto, eutanásia, casamento gay).
"Como seria possível a criação de relacionamentos reais, a construção
de uma sociedade que seja uma verdadeira comunidade, impondo que cada um
deixe de lado o que considera ser uma parte íntima do seu ser?",
questionou.
"O futuro está na diversidade, não na homogeneização de um pensamento
único, teoricamente neutro", insistiu Francisco, chamando os católicos a
"ter a coragem" e se apresentar "da forma como são", sempre "em
respeito à crença dos outros".
O Papa utilizou o mesmo argumento para o difícil diálogo com as outras
religiões como o Islã, retomando as concepções de Bento XVI sobre um
diálogo baseado na verdade: "dialogar não significa abrir mão da
identidade (...) e muito menos ceder a um compromisso sobre a fé e a
moral cristã".
"O diálogo inter-religioso e a evangelização não são mutuamente
exclusivas, mas alimentam-se mutuamente", argumentou, enquanto outros
líderes religiosos sentem a evangelização como uma agressão.
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