07 nov 2013
1 – A Bíblia afirma que todos pecaram
Alguns apresentam como principal objeção à Imaculada Conceição, as seguintes palavras de São Paulo: “com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus” (Rm 3,23).
Essa é uma lei geral, mas sabemos que existem exceções a leis gerais. Por exemplo, também está escrito: “Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo” (Hb 9,27).
No entanto o morto que Elizeu ressuscitou, Lázaro, a filha do
Centurião, e tantos outros exemplos de pessoas que foram ressuscitadas,
morreram duas vezes.
Devemos nos lembrar que São Paulo escreveu em grego. Onde lemos “todos” ele utilizou a palavra “pas”
que também possui sentido mais geral. Esta palavra designa cada
indivíduo de um gênero ou grupo se precedida do mesmo, caso contrário
ela tem sentido coletivo de forma geral.
Por exemplo, em Mt 1,17 lemos: “Portanto, [todas] as gerações,
desde Abraão até Davi, são quatorze. Desde Davi até o cativeiro de
Babilônia, quatorze gerações. E, depois do cativeiro até Cristo,
quatorze gerações” (Mt 1,17).
No português, a palavra “todas” (que coloquei entre colchetes) não
aparece, mas ela está presente no original grego, onde o versículo
começa da seguinte forma: “oun pas genea“. A expressão “pas genea”
significa “todas as gerações”. Assim o escritor sagrado quer deixar bem
claro que de Abraão até Davi, TODAS as gerações sem exceção foram
quatorze.
“Sua fama espalhou-se por toda a Síria: traziam-lhe [todos] os
doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos. E ele
curava a todos” (Mt 4,24).
Assim como no exemplo anterior, a palavra “todos” que não aparece no
português, está presente no original grego. A expressão “todos os
doentes” foi escrita em grego como “pas kakos echo“. Aqui também o escritor sagrado quer deixa bem claro que Jesus curou TODOS os doentes que lhe trouxeram, sem exceção.
Já que demonstramos o uso de “pas” na totalidade, vamos demonstrar o uso de forma geral.
Por exemplo, ainda em Mateus lemos: “Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 10,22). Em grego o versículo começa da seguinte forma: “kai esomai miseo hupo pas dia mou onouma“. A expressão “hupo pas dia mou onouma” significa “por todos por causa do meu nome”.
Aqui o evangelista está se referindo a “todos” de forma geral, não a
todos sem exceção, pois, nem todos os homens odiaram os cristãos por
causa de Cristo.
O que queremos demonstrar é que “pas” como foi empregado por
São Paulo, não tem o sentido de TODAS as pessoas sem exceção, mas
significa as pessoas de forma geral. Além do mais, se quisermos dar a
“pas” um emprego que o Apóstolo não deu e que pela exegese bíblica ela
não tem, cairíamos em heresia, pois deveríamos afirmar que Cristo também
pecou, já que também era homem. Se “todos” são todos os homens, por
conseqüência deveremos negaremos que Cristo é verdadeiro homem. Se
Cristo foi exceção, por quê não poderá ter havido outras exceções?
Estaria Deus limitado a operar tal milagre?
Lamento muito, mas Rm 3,23 não pode ser usado para negar a Imaculada Conceição da Virgem Maria.
2 – Maria não pode ser imaculada, pois afirma que Deus é seu Salvador
Outra tentativa para negar a Imaculada Conceição da Virgem, são as palavras dela mesma conforme o testemunho de São Lucas: “E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (Lc 1,46-47).
Sinceramente, eu não vejo como a Graça de Deus operada na Virgem
possa negar que este mesmo Deus seja seu o Salvador. Seria o mesmo que
dizer que Deus não é o salvador de Elias, por tê-lo arrebatado em vida.
Um bombeiro que tira alguém soterrado em um buraco ou que impede que
alguém caia e seja soterrado em um buraco, por acaso não foi o salvador
de ambas as vidas?
Muitos cristãos crêem que Moisés não morreu de fato, devido ao
mistério que a Escritura coloca sobre sua morte. Se Deus realmente
ressuscitou Moisés, por acaso deixou Ele de ser seu Salvador?
São Paulo no ensina que “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Cor 15,14) e ainda “E se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados” (1 Cor 15,17).
Isso mostra que Jesus se tornou nosso Salvador após Sua morte e
ressurreição. Então, como Deus poderia ter sido o Salvador da Virgem no
momento da anunciação? A resposta é simples: da mesma forma como foi o
Salvador de Elias e Moisés, isto é, através de uma operação
extra-ordinária da Sua Graça. Desta forma, as palavras da Virgem Maria
não negam o milagre nela operado, ao contrário, só o confirmam, pois ela
declara que Deus é o seu Salvador, mesmo antes do mesmo ter nascido,
morrido e ressuscitado.
3 – Jesus não necessitaria que Sua Mãe fosse imaculada, pois poderia operar na Sua própria conceição o milagre que os católicos crêem que foi operado na Virgem.
Primeiramente, com exceção dos Adventistas, todos os cristãos
concordam que Jesus era imaculado. E isto está mesmo presente no
ensinamento Paulino, onde lemos:
“Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o
ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida
por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo e que nos últimos tempos foi manifestado por amor de vós” (1 Pd 18-20) (grifos meus).
Uma coisa é ter pecado em Adão e outra coisa é pecar pessoalmente.
Pecar em Adão é nascer com a mancha do pecado original. Pecar
pessoalmente é cometer algum pecado.
São Paulo quando afirma que Jesus era imaculado, testifica que Ele em
sua natureza humana não possuía a mácula do pecado original, por isso
chama o Senhor de “o Cordeiro imaculado”. E para confirmar que Jesus não possuía o “defeito de fabricação” que a natureza humana herdou de Adão, complementando “e sem defeito algum”. Então São Paulo nos ensina que Jesus é “o Cordeiro imaculado e sem defeito algum” do pecado de Adão.
É verdade que o mesmo milagre que nós católicos cremos que Jesus
operou em Sua Mãe, ele poderia ter operado na sua própria conceição. Mas
como já expomos, e queremos lembrar, o pecado é a ofensa a Ele, por
isso ele JAMAIS poderia ser concebido num ventre sujeito ao pecado.
Também devemos lembrar que o “precioso sangue de Cristo” é o mesmo sangue de Maria. Os cromossomos do Senhor são 100% marianos.
Por isto, Salomão inspirado pelo Espírito Santo profetizou sobre a encarnação do Verbo: “A Sabedoria não entrará na alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado” (Sb 1,4). E por esta mesma razão o autor de Hebreus, chama o ventre de Maria de “um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não construído por mãos humanas (isto é, não deste mundo)” (cf. Hb 9,11)
Tudo por Jesus! Nada sem Maria! Que alegria!
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