26 janeiro 2014
Fonte: Encontro com o Bispo
Muita gente ainda hoje continua a pensar que o dinheiro, a riqueza os
torna felizes. Em vez de adorar o verdadeiro Deus, adoram a casa, o
automóvel, as comodidades. O cristão aprendeu de Jesus a usar as coisas
terrenas, que são boas porque dadas por Deus, mas sem se deixar prender
por elas, sem pôr nelas a sua segurança. Por isso Jesus diz: «bem aventurados o pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus».
Outra ilusão de felicidade para o homem do nosso tempo é a ambição
das glórias humanas, a cobiça do poder e domínio sobre os outros. Jesus
lembra também: «bem aventurados os mansos (os humildes) porque possuirão a terra». E convidou-nos a aprender com Ele: «Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis o descanso para as vossas almas» (Mt. 11,29)
É aos humildes que Deus Se revela: «Eu Te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11,25). O orgulho fecha os corações a Deus, porque torna a pessoa cheia de si mesma.
Deus resiste aos soberbos e dá a Sua graça aos humildes. A explicação
do ateísmo e do agnosticismo, que nega a possibilidade de conhecer a
verdade e as coisas para além das ciências experimentais, está no
orgulho do homem que se fia apenas no que pode tocar. Acaba por ser como
a toupeira, que não vê e só conhece o que palpa na sua toca escura.
A fé é como os olhos para a alma. Leva a fiar-nos em Deus e naquilo
que Ele ensina, abre-nos horizontes novos e maravilhosos, dá-nos a
possibilidade de contemplar a beleza à nossa volta e dá sentido a toda a
vida humana.
A fé abre o nosso coração para a esperança, que nos leva a
abandonar-nos em Deus, que nos tornou Seus filhos e cuida de nós a todo o
momento. Que até os cabelos da nossa cabeça tem contados (Mt 10,30), que está atento aos mais pequenos problemas da nossa vida.
Se vivemos como filhos de Deus andaremos sempre felizes, mesmo no meio das dores e sofrimentos. Porque sabemos «que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus» (Rom 8, 28).
Mesmo as perseguições por causa de Jesus serão para nós caminho de
felicidade já na terra e, depois, um dia no céu. Disso nos falam os
mártires de todos os tempos. Os primeiros cristãos, condenados à morte
pelos imperadores romanos, iam para a arena cantando… Isso impressionava
as multidões pagãs embrutecidas pelos espectáculos sanguinários. Foi
assim que muitos descobriram as belezas do cristianismo.
A esperança leva a gozar antecipadamente a felicidade que nos foi
prometida. Como a criança que está já muito contente quando a mãe lhe
promete o brinquedo que sonhava. S. Paulo lembra: «os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que se manifestará em nós» (Rom8, 18). Se vivemos com os olhos na eternidade as agruras deste mundo não poderão roubar-nos a alegria.
Se olhamos para Jesus crucificado entendemos o valor do sofrimento
por amor de Deus e aprendemos a não ter medo dos sacrifícios que Deus
nos pede e daqueles que voluntariamente fazemos por Seu amor.
«Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus».
Para ver a Deus, para conhece-lo aqui na terra e contempla-lo um dia no
Céu, temos de purificar o coração, limpá-lo do pecado, sobretudo da
impureza.
Muitos não acreditam porque têm o coração e os olhos cobertos de lama.
O passarinho com as asas enlameadas não pode voar para as alturas. Se temos os olhos sujos de lama não podemos ver.
A pureza da alma e do corpo prepara-nos para entender as verdades da
fé, para captar mais facilmente as coisas espirituais. S. Paulo diz que «o homem animal (animalizado) não capta aquelas coisas que são do Espírito de Deus, porque para ele são loucura e não as pode entender» (1 Cor.14).
Acaba por ser como o filho pródigo reduzido a guardar porcos. Todo sujo
e cheio de fome desejava matar a fome com as bolotas que os porcos
comiam.
Vamos pedir a Jesus que saibamos entender as Bem aventuranças,
deixar-nos guiar por elas. Que saibamos ter fome e sede de justiça, de
santidade. Que saibamos ser misericordiosos para com todos. Que saibamos
semear a paz à nossa volta.
Que saibamos viver a sério como filhos de Deus, abandonando-nos
totalmente nEle, pondo nEle a nossa segurança. Foi assim que viveu Nossa
Senhora. Foi assim que viveu S. José. Eles são para nós modelos
práticos para vivermos as bem aventuranças.
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