12 de fevereiro de 2014
Luiz
Felipe Pondé.
A sociedade secular moderna está condenada. E por quê? Por uma razão muito simples: as mulheres seculares (sem prática religiosa cotidiana) não querem ter filhos. Quando têm, têm um ou dois no máximo.
A emancipação feminina tornou as mulheres inférteis por escolha. Estranho? Nem tanto, vejamos.
Quem herdará a Terra? Os religiosos fundamentalistas cristãos, judeus e muçulmanos. Suas mulheres têm muitos filhos, e as nossas não. Para as nossas mulheres, filhos só depois dos 35, depois da pós, com maternagem terceirizada caríssima. O individualismo moderno nos deixou a todos estéreis e histéricos.
A sociedade secular moderna está condenada. E por quê? Por uma razão muito simples: as mulheres seculares (sem prática religiosa cotidiana) não querem ter filhos. Quando têm, têm um ou dois no máximo.
A emancipação feminina tornou as mulheres inférteis por escolha. Estranho? Nem tanto, vejamos.
Quem herdará a Terra? Os religiosos fundamentalistas cristãos, judeus e muçulmanos. Suas mulheres têm muitos filhos, e as nossas não. Para as nossas mulheres, filhos só depois dos 35, depois da pós, com maternagem terceirizada caríssima. O individualismo moderno nos deixou a todos estéreis e histéricos.
Não, não estou criticando a vida
secular nem defendendo a vida religiosa radical. Parafraseando o dito popular,
"não é política, imbecil, é demografia".
Nós, seculares, que em grande parte
temos simpatia pela teoria evolucionista, esquecemos que seleção natural é
demografia. Podemos ter muitas ideias de como o mundo deve ser, mas os
fundamentalistas têm mais bebês. E quem decide no final das contas é a
população de bebês. Mulheres férteis implicam civilização poderosa.
Essa é a hipótese do livro escrito
pelo canadense Eric Kaufmann, professor de política da Universidade de Londres.
Claro que os "progressistas" o criticam e acusam a ideia de ser
propaganda fundamentalista --como é comum em nosso mundo em que a inteligência
cedeu lugar às políticas da difamação.
As suspeitas de que riquezas e
conforto (causas culturais e econômicas, e não biológicas) diminuem a
fertilidade feminina estão presentes desde a Grécia e Roma (Cícero já falava
disso). Adam Smith, no século 18, chamava a atenção para o fato de que o
"luxo e a moda" tornam o sexo frágil desinteressado na maternidade.
Já por volta do ano 300 da Era
Cristã, os cristãos somavam 6 milhões, enquanto no ano 40 eles eram uns poucos
hereges coitados. Logo conquistaram o Império Romano. E não só por conta das
mulheres romanas serem vaidosas, ricas e interessadas em sexo, mas não em
filhos (exatamente como as nossas). Os homens pagãos eram mais violentos e
menos atentos a mulheres e filhos enquanto os cristãos eram do tipo família.
O fator fertilidade não é o único,
claro, mas é um fator que em nossos debates inteligentinhos não tem sido levado
em conta com a devida reverência.
Enquanto as mulheres seculares hoje
têm cerca de 0,5 filho por mulher pronta para maternidade (a partir dos 15
anos), as religiosas (no caso aqui específico de grupos como evangélicos
fundamentalistas, amish, menonitas, huteritas e judeus haredi ou ortodoxos)
variam de 2,1 a 2,4.
No caso do Estado de Israel, por
exemplo, a cada três crianças matriculadas no jardim da infância, uma é haredi.
Depois do Holocausto, os haredi eram uma população quase insignificante. Em
países do leste do mundo, como Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Austrália e
Nova Zelândia, o quadro é muito próximo do Ocidente moderno.
A medicina, o saneamento, a
tecnologia e Estados mais organizados diminuíram a mortalidade tanto das
parturientes quanto das crianças. O efeito imediato foi o crescimento
populacional na geração dos "baby boomers". Mas, já no final dos anos
60, as mulheres americanas, canadenses e europeias ocidentais começavam e
declinar em fertilidade.
Por quê? A causa são os
"valores" seculares. Nós investimos na vida aqui e agora e na
realização de desejos imediatos. E, para piorar, as universidades ficam publicando
pesquisas dizendo que casais sem filhos são mais felizes. Além de não termos
filhos, ainda fazemos passeatas para matá-los no ventre das mães com ares de
"direitos humanos".
Família cansa, filho dá trabalho,
custa caro, dura muito. Os seculares escolhem não ter filhos, os religiosos
escolhem tê-los.
Mas não é só a fertilidade que
coloca os religiosos em vantagem. Os grupos mais fechados detêm uma alta
retenção da sua prole: colégios comunitários, shoppings, redes sociais,
colônias de férias, casamentos endógenos, calendários festivos, baladinhas de
Jesus (ou similares). Sempre juntos.
Enfim, a pílula vai destruir a
civilização que a criou. Risadas?
Fonte:
Folha
de S. Paulo
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