sexta-feira, 17 de abril de 2015

Os lefebrianos argentinos voltam à Igreja católica



Na Argentina, os membros da comunidade ultraconservadora fundada pelo bispo francês Marcel Lefebvre – excomungado pelo Papa João Paulo II em 1988 junto com outros quatro bispos – retornaram formalmente à Igreja católica.
A reportagem é publicada por Valores Religiosos, 12-04-2015. A tradução é de André Langer.
É o que diz uma resolução da secretaria do Culto da Nação – publicada no Boletim Oficial ao término desta semana – na qual se reconhece a Fraternidade dos Apóstolos de Jesus e Maria ou Fraternidade São Pio X (os lefebvrianos) como pessoa jurídica e – a chave – a incorpora ao Registro do Instituto de Vida Consagrada, composto pelas congregações e ordens católicas. Para essa incorporação, foi necessário a mediação de uma autoridade eclesiástica que, neste caso, foi o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Mario Poli.
A incorporação dos lefebvrianos à Igreja católica na Argentina se dá no momento em que o Vaticano mantém tratativas difíceis com essa comunidade em nível mundial para sua volta a Roma. As conversas foram iniciadas em 2000 por vontade de João Paulo II. Em 2009, Bento XVI dispôs levantar a excomunhão dos quatro bispos – Lefebvre morreu em 1991 –, o que era uma das demandas da comunidade ultraconservadora.
A decisão de Joseph Ratzinger – não isenta de polêmica – trouxe grande dor de cabeça ao Papa alemão porque quase imediatamente depois vieram à tona declarações de um dos bispos beneficiados, residente na Argentina, Richard Williamson, que negava o Holocausto. Na época, o governo de Cristina Kirchner decidiu expulsá-lo do país.
Como Williamson insistiu, ao menos parcialmente, em suas opiniões e liderou o grupo mais conservador dos lefebvrianos, foi expulso da Fraternidade São Pio X em 2012. Bento XVI, por sua vez, suspendeu-o “ad divinis” e em uma carta a todos os bispos admitiu ter-se equivocado ao não se informar sobre os antecedentes negacionistas de Williamson.
A volta dos lefebvrianos à Igreja na Argentina – que contou com a aprovação do Papa Francisco – é vista em círculos próximos ao pontífice como uma conquista, porque implica que ao menos um setor dos seguidores de Lefebvre aceita o Concílio Vaticano II. Mas, seguramente, essa decisão não será bem recebida por setores progressistas. Contudo, esse era o desejo dos antecessores imediatos de Francisco.
No Brasil, tempos atrás uma parte dos lefebvrianos voltou à comunhão com Roma ao passar a ser uma Prefeitura Apostólica, que depende diretamente do Papa.

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