sábado, 30 de setembro de 2017

Luteranos não ligam para Lutero. Ficção de “ecumenismo” só esvazia o catolicismo

[lumenrationis]
Luis Dufaur

“Cessemos de protestantizar a Igreja antes que se esvazie como a dos luteranos!”.

Esses termos caseiros podem bem resumir a homilia de Dom Rudolf Voderholzer, Bispo de Regensburg, por ocasião da romaria ao santuário de Santa Ana Schäffer, mística alemã, em Mindelstetten.
O bispo falou das estatísticas apresentadas pelo Arcebispo de Munique e presidente da Conferência Episcopal, Cardeal Reinhart Marx, sobre a participação dos fiéis na Igreja Católica alemã.
Segundo Dom Rudolf, os números são tão desastrosos quanto os da igreja luterana. Sublinhou também que todos os “remédios” aplicados fracassaram. Tais remédios procuraram relativizar a moral e a fé da Igreja “liberando-a” de dogmas supostamente opressivos, disse o bispo, segundo o blog “In Caelo”
Para o Bispo de Regensburg, os números mostram que a fé está se evaporando na Igreja Católica alemã. Esses números são tão depressivos que deveriam produzir um sobressalto e um reerguimento. Mas, de fato, isso não está acontecendo.
O índice dos que abandonam a Igreja modernizada no período pós-conciliar é “desconcertantemente alto”, disse o bispo. Desde 2015, a queda foi de aproximadamente 11%, tendo ocorrido integralmente sob o pontificado do Papa Francisco.
Em Hamburgo e Berlim o número dos católicos cresceu em virtude de conversões de estrangeiros, muitos dos quais abandonaram o Islã e pediram o batismo.
Por isso os batismos cresceram ligeiramente, em nível nacional. Mas os casamentos caíram, mesmo com a banalização das declarações de nulidade prescritas pelo Vaticano para favorecer novos casamentos.
Dom Rudolf relembrou as propostas que há tempo vêm sendo feitas para “solucionar” essa crise. Todas elas insistem em remover os “dogmas conservadores”: abolir o celibato eclesiástico; instalar a igualdade radical entre homens e mulheres, incluindo o sacerdócio feminino; conceder o casamento igualitário para homossexuais e lésbicas; Comunhão para qualquer um, etc., etc.
Tudo isso já foi feito pelos luteranos – prosseguiu o bispo –, e vejam as estatísticas: um número maior de seguidores abandona a igreja luterana que a católica!
Isso não está sendo dito ao público talvez para não revelar a inconsistência e o absurdo das propostas do modernismo que grassam na Igreja.

Papa Francisco foi a Lund, Suécia, para abrir os festejos
pelos 500 anos da revolta de Lutero. O gesto caiu no vazio

Ninguém – acrescentou – a pode levar a sério o exemplo da igreja luterana. Não podemos cometer os mesmos erros!
E sublinhou que o problema não é a falta de padres, mas de fé.
O Bispo de Regensburg apresentou o exemplo da mística Santa Ana Schäffer, que os romeiros foram venerar. E apontou a necessidade de se levar impressos no coração a imagem e o destino da Igreja.
Em lugar de ficar mudando continuamente as estruturas da Igreja, especialmente em matéria de Sacramentos, de ficar diluindo o Evangelho e apresentado uma imagem light de Jesus, temos que saturar a sociedade com o espírito da Cruz – acrescentou –, e em toda a sua radicalidade moral e sobrenatural.
As palavras do bispo tinham uma candente aplicação na Alemanha.
Seguindo o exemplo do Papa Francisco e estimuladas por congregações vaticanas responsáveis pelo ecumenismo, organizações católicas eclesiásticas e civis se lançaram numa incompreensível campanha de reabilitação da memória do heresiarca Martinho Lutero no 500º aniversário de sua revolta.
Para ridículo dessa campanha, os próprios luteranos alemães manifestam um desinteresse recorde pelo fautor de seus erros.
A aliança de infindas igrejolas que se remetem ao heresiarca planejou dez meses de eventos. Mas os seguidores luteranos não estão comparecendo! Os organizadores investiram milhões em publicidade: 50 milhões de euros em Wittenberg; 100 milhões na Saxônia-Anhalt; o governo federal mais 40 milhões. No total, segundo o “Frankfurt Allgemeine Zeitung”, citado pelo site In Terris, foi gasto meio bilhão de euros.
E as contas exibem um carregado vermelho. Aguardava-se uma multidão para a mostra sobre a Reforma organizada no Museu Martin Gropius Bau, de Berlim, mas estiveram presentes só 30 mil turistas, um recorde desastroso para o museu da capital.
Em Wittenberg, cidade símbolo de Lutero, aguardava-se meio milhão de “fiéis”, mas até junho havia comparecido menos de 40 mil, um colossal erro de cálculo. A grande concentração religiosa do Kirchentag em Berlim previa 140 mil “fiéis”, mas houve uma terça parte a menos.
O Jubileu do heresiarca devia servir para lançar o turismo na Saxônia e na Turíngia. Em Leipzig, por exemplo, se aguardavam 50 mil visitantes, mas só compareceram sete mil.
O teólogo protestante Friedrich Wilhelm Graf registrou “o fracasso do Jubileu como prova da crise do protestantismo na Alemanha”.
Lutero repeliu, como se fosse culto ao diabo, a veneração das imagens de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e dos santos.
Então, para que seus seguidores haveriam de venerar àquele que se comparava com um vaso sanitário cheio, sobre o qual Jesus teria posto um tampo para abafar o mau cheiro?

Veja: Pe. Leonel Franca: “Toda a verdade sobre o protestantismo evangélico”


Papa Francisco recebe luteranos no Vaticano
com estátua de Lutero feroz inimigo das imagens religiosas!
Outro fiasco monumental. A quem serve o relativismo "ecumênico"?

E o mais incrível é que o mau cheiro persiste na forma de ódio à Igreja Católica, Pedro Tarquis, um dos membros evangélicos do comitê que preparou a comemoração dos 500 anos da Revolta protestante na Espanha, declarou em entrevista ao site progressista e “ecumênico” Religión Digital que “se Lutero for reabilitado, o Papa deixaria de existir enquanto tal”, noticiou “Infocatólica”.
Ele elogiou tudo o que o Papa Francisco está fazendo para efetivar essa reabilitação e mudar a estrutura da Igreja Católica.
Mas o líder protestante deplorou que “90% dos evangélicos protestantes no mundo inteiro são absolutamente contrários” ao amálgama religioso que o Papa Francisco visa fazer mancomunado com alguns chefes protestantes.
Do que serve então todo esse sorridente “ecumenismo” com um protestantismo que se finge sorridente, mas que no fundo acalenta o velho ódio?
Não serve nem para os protestantes, que recusam essa convergência, uma mistura confusa de fórmulas relativistas e de cultos ambíguos.
A quem serve então?
O certo é que o desfazimento das religiões ora em andamento cria o caldo de cultivo fétido dentro do qual um Anticristo ou uma prefigura dele poderá emergir, surgido das profundezas de onde estaria sendo preparado.

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